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Bangladesh deve reinstalar rohingyas devido a risco de catástrofe

A organização Human Rights Watch (HRW) defendeu hoje que o governo do Bangladesh deve reinstalar os refugiados rohingya em locais mais seguros, dado que mais de 200.000 enfrentam o risco de catástrofe devido às monções.

Bangladesh deve reinstalar rohingyas devido a risco de catástrofe
Notícias ao Minuto

06:30 - 06/08/18 por Lusa

Mundo HRW

As Nações Unidas estimam que cerca de 215.000 pessoas que se encontram no que é o maior campo de refugiados do mundo, o de Kutupalong-Balukhali, enfrentam o risco de inundações e deslizamento de terras e que para 44.000 delas esse risco é muito alto.

Num relatório intitulado "'O Bangladesh não é o meu país': a situação dos refugiados rohingya da Birmânia", divulgado hoje, a HRW defende a reinstalação dos refugiados rohingya "em campos mais pequenos, menos densamente povoados, em terreno plano, acessível e próximo" do mega campo onde estão atualmente.

Sendo a densidade recomendada nos campos de refugiados de quatro metros quadrados por pessoa, o de Kutupalong-Balukhali conta com uma média de um metro quadrado por pessoa, o que aumenta em muito os riscos de "doenças transmissíveis, incêndios, tensões na comunidade e violência doméstica e sexual", segundo um comunicado da organização de defesa dos direitos humanos.

O relatório é divulgado quando está prestes a cumprir-se um ano do início da crise que obrigou milhares de muçulmanos rohingya a fugirem da Birmânia para o vizinho Bangladesh. A campanha de repressão do exército birmanês contra os rohingyas, iniciada a 25 de agosto de 2017, já foi classificada pela ONU como uma limpeza étnica.

Mais de 700.000 rohingyas fugiram para o Bangladesh desde o início da crise, muitos dos quais se encontram no campo de Kutupalong-Balukhali no distrito de Cox's Bazar, que abriga também outros 200.000 refugiados da mesma etnia que escaparam a anteriores episódios de perseguição na Birmânia.

O Estado birmanês não reconhece a minoria e impõe múltiplas restrições aos rohingyas, nomeadamente a liberdade de movimentos.

"O Bangladesh recebeu legitimamente elogios internacionais por ter recebido 700.000 refugiados rohingya", disse Bill Frelick, diretor dos direitos dos refugiados na HRW e autor do relatório, citado no comunicado da organização.

No entanto, os refugiados continuam a enfrentar condições difíceis, assinala Frelick, que em maio passou 10 dias no mega campo, visita na qual o relatório se baseia.

"O Bangladesh devia registar os rohingyas como refugiados, garantir educação e cuidados de saúde adequados e deixá-los procurar meios de subsistência fora do campo", adiantou.

Face à pressão internacional, a Birmânia e o Bangladesh estabeleceram em novembro um acordo para o regresso dos rohingyas, mas o processo de repatriamento ainda não começou mais de sete meses depois da data prevista para o início dos regressos.

Em resposta a uma carta da HRW, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Bangladesh disse que o governo iniciará em breve a reinstalação de 100.000 rohingyas na ilha de Bhasan Char, que a organização de defesa dos direitos humanos considera não parecer adequada para o efeito.

Além de lembrar que "especialistas preveem que Bhasan Char pode ficar completamente submersa no caso de um forte ciclone durante a maré alta", a HRW assinala que na ilha deverá ser limitado o acesso à educação e aos cuidados de saúde e poucas as oportunidades de autossuficiência para os refugiados.

"Instalar lá (em Bhasan Char) refugiados iria isolá-los desnecessariamente e impedi-los de partir tornaria essencialmente a ilha num centro de detenção", refere o comunicado.

A HRW sublinha existirem outras opções para a reinstalação dos rohingyas, adiantando que "especialistas indicaram seis locais (...) viáveis" no mesmo distrito do campo onde atualmente se encontram e que poderiam "acomodar 263.000 pessoas".

"A reinstalação de um número significativo de refugiados em campos menos densamente povoados, com menos riscos ambientais e um nível adequado de serviços é essencial para a saúde e o bem-estar de todos os refugiados", insiste a HRW.

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