Autoridades moçambicanas investigam rapto de empresário sul-africano
A Polícia moçambicana disse hoje à Lusa que decorrem operações para a localização do empresário sul-africano raptado na quarta-feira em Palma, norte de Moçambique, adiantando que o trabalho cobre "toda a província".
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Mundo Cabo Delgado
"Confirmamos a ocorrência. No momento, já decorrem as operações para localizarmos e cobrem toda a província", disse Cláudio Langa, porta-voz do Comando Geral da Polícia República de Moçambique (PRM).
Andre Hanekon, com cerca de 60 anos e que trabalha na área do transporte marítimo, em Palma, desde 2012, foi raptado por volta das 14h30 (menos uma hora em Lisboa) de quarta-feira por um grupo de quatro pessoas encapuzadas que vestiam uniformes militares, contou à Lusa Fernando Amarula, diretor do edifício hoteleiro onde o rapto ocorreu.
"Este é uma zona que tem muitos problemas e nós estamos lá. Até ao momento é o que se pode avançar", afirmou o porta-voz da Polícia moçambicana.
O grupo, segundo a descrição do diretor do hotel, situado a quase dois quilómetros do centro da vila de Palma, fazia-se transportar num veículo castanho, sem matrícula, que depois de levar Andre Hanekon seguiu em direção ao centro da vila.
"Eles invadiram o hotel. Estavam a segui-lo" num carro, contou Fernando Amarula.
"Perguntei o que se estava a passar e eles nada disseram. Dispararam contra ele [Hanekon] no braço e na zona do abdómen e depois levaram-no", explicou Fernando Amarula.
Em declarações à Lusa, a mulher da vítima, Francis Hanekon, disse estar ainda em estado de choque, garantindo que Andre Hanekon "sempre foi boa pessoa e amiga de todos".
"O meu marido saiu, dizendo que ia ao banco levantar dinheiro e pagar impostos", mas "isto não é um roubo, porque o dinheiro continua lá", ninguém o levou, afirmou.
Segundo Francis Hanekon, o rapto aconteceu depois de nos últimos dias circularem rumores de que o empresário poderia ser o mandante de ataques armados que têm acontecido na região, alegações que diz não fazerem sentido.
A mulher receia que possa haver inimizades relacionadas com o "sucesso nos negócios" do empresário, que está numa zona "privilegiada" de Palma.
Povoações remotas da província de Cabo Delgado, situada entre 1.500 a 2.000 quilómetros a norte de Maputo, têm sido saqueadas com violência por desconhecidos desde outubro de 2017, provocando um número indeterminado de mortes e deslocados.
Os grupos que têm atacado as aldeias nunca fizeram nenhuma reivindicação nem deram a conhecer as suas intenções, mas investigadores sugerem que a violência está ligada a redes de tráfico de heroína, marfim, rubis e madeira.
Os ataques acontecem numa altura em que avançam os investimentos de companhias petrolíferas em gás natural na região, mas sem que até agora tenham entrado no perímetro reservado aos empreendimentos.
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