Emoção e alívio dos proprietários de casas marcam trabalhos de limpeza
Três dias apenas depois dos incêndios que devastaram a povoação de Mati, a 30 quilómetros de Atenas, alguns proprietários já começaram os trabalhos de limpeza e de demolição das suas casas, algumas das quais completamente destruídas.
© Reuters
Mundo Grécia
Apesar de estar entre duas casas que ficaram intactas, a habitação de família de Evaggelia P. foi destruída pelas chamas, restando apenas as paredes exteriores de tijolo e cimento.
Esta manhã logo cedo, um homem removia e carregava o entulho e o que restava de janelas para um contentor no exterior, enquanto que a ateniense, que não quis dar o sobrenome, observava do exterior, nervosamente.
"Estou muito emocionada, chorei como um bebé quando soube. Passávamos aqui os nossos verões, Natais, Páscoa ou fins de semana. Tenho muitas memórias deste sítio", confiou à agência Lusa.
O pai, idoso e doente cardíaco, não tem conhecimento do grau de destruição da casa com seis quartos e Evaggelia quer adiantar o processo, aguardando o contacto das autoridades.
"Espero que haja dinheiro para nos ajudar na reconstrução", referiu, mostrando-se incrédula pelo facto de as casas mais próximas não terem sido afetadas.
Aliviado, o vizinho do lado, Panaiodis Apalodimas, de 59 anos, tem uma explicação: a sua moradia de dois andares tem o telhado sobre uma placa de cimento e portadas das janelas em metal que não inflamaram, ao contrário das construções com vigas e janelas de madeira.
Residente em Mati em permanência, assistiu pessoalmente à velocidade com que o fogo avançou sobre as casas pelas 18:30 horas de segunda-feira.
"Só tive tempo de dizer aos meus filhos para fugir para o mar. Vi aquele grupo das 26 pessoas que morreram, mas eu encontrei um caminho e continuámos a nadar até escapar do fumo. Só fomos salvos por barcos às 23 horas", relatou.
Hoje, apesar de uma irritação na garganta e nos olhos, começou a remover algum lixo e sujidade acumulados no exterior da casa, que está habitável, embora a eletricidade só deva estar restabelecida dentro de 15 dias e o serviço de água reposto na próxima semana.
O ministério grego das Infraestruturas informou hoje que, de um total de 2.489 edifícios analisados por 340 peritos do ministério, 1.218 (48,93%) foram declarados inabitáveis e os restantes 1.271 (51,07%) foram considerados habitáveis.
Evánguelos Burnús, presidente da Autoridade Municipal de Rafina-Pikermi, os edifícios analisados constituem apenas 65% de todas as habitações da área, na maioria usadas para lazer por habitantes de Atenas.
Cia, uma engenheira mobilizada para fazer este levantamento, disse a jornalistas em Mati que o processo é feito classificando as casas usando um sistema cromático, em que são assinalados a amarelo os imóveis com mais estragos e a verde aqueles sem danos.
"Nós registamos em formulários especiais os estragos que existem para que possam encurtar o processo de licenciamento necessárias para as obras de reconstrução", adiantou.
Andreas Georgiou, de 55 anos, também residente em Mati, acredita que a sua propriedade, que valoriza em cerca de 100 mil euros, tenha sofrido danos de 20 mil a 30 mil euros, tendo perdido bens como equipamento elétrico e mobiliário.
"Muitas destas casas são ilegais, não vai ser fácil receber apoios", confessou.
O governo grego, que já tinha desbloqueado uma verba de 20 milhões de euros destinada à ajuda imediata e a cobrir as necessidades das zonas mais afetadas, anunciou na quarta-feira um pacote de medidas.
Os proprietários de edifícios afetados vão beneficiar de isenção do imposto sobre imóveis.
Famílias que tenham sido afetadas pelos incêndios vão receber um subsídio de 5 mil euros, valor que sobe para 6 mil no caso de famílias com mais de três crianças, enquanto empresas vão receber até 8 mil euros.
Os fogos de segunda-feira em Mati, um bairro associado à vila de Rafina, e nas proximidades causaram pelo menos 82 mortos e quase duas centenas de feridos, dos quais 70 continuam hospitalizados, alguns em estado crítico.
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