Irini Stergious, que vive em Voutzas, procura desde segunda-feira o cão Aris que a acompanha há três anos, relatou à agência Lusa.

"O fogo estava a 50 metros e a polícia não me deixou cá vir buscá-lo. Um bombeiro abriu a porta ele fugiu", explicou, mostrando no telemóvel a fotografia de um animal com queimaduras graves que identificou nas redes sociais e que pensa ser o seu.

"Se não for o Aris, começo a perder a esperança porque ele pode morrer ao fim de três dias se não tomar a medicação que precisa", refere.

Valaselli Aspa, residente em Mati, levou o seu cão quando escapou das chamadas na segunda-feira, contou à Lusa, mas mais à frente uma mulher pára o carro e pergunta preocupada se alguém viu dois cães, que terão fugiram no meio da confusão para junto da água.

No local onde foi encontrado um grupo de 26 pessoas, várias das quais abraçadas, os cadáveres humanos foram retirados na terça-feira, mas vários corpos calcinados de cães e gatos continuavam hoje no local.

Donos que procuram os seus animais de estimação têm recorrido à Internet para publicar apelos, enquanto que várias organizações mobilizaram-se para recolher e tratar animais na região, que incluem também coelhos, galinhas ou pássaros.

Segundo números do Eurostat, a Grécia, que tem 10 milhões de habitantes, possui 700 mil cães e perto de 300 mil gatos domésticos, mas estima-se que o total de cães e gatos vadios ronde os três milhões.

A organização não-governamental Dogs' Voice iniciou uma operação de socorro aos animais domésticos paralela aos incêndios dos últimos dias em Kineta e Mati, tendo identificado mais de 200 mortos e recolhido 126 vivos desde terça-feira, a maioria vadios, disse à Lusa a dirigente Eleni Veve.

"Há uma grande resposta no terreno, temos mais de 600 casas de acolhimento e 14 centros e clínicas veterinárias que ofereceram tratamentos", saudou.

Alguns animais domésticos já foram reunidos aos seus donos e nove vadios adotados, mas a partir de quinta-feira a Dogs' Voice [www.dogsvoice.gr] vai lançar uma campanha de adoção e também de recolha de fundos.

A Federação Pan-Helénica para a Proteção dos Animais e do Ambiente emitiu um comunicado, estimando em "milhares de animais" o número de mortos nos incêndios e pedindo aos seus membros que "ajudem e consolem os afetados, com respeito pela dor mental e física de todas as criaturas, pessoas e animais".

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