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Mergulhador britânico: "Conseguimos cheirar as crianças antes de as ver"

John Volanthen é o mergulhador que se ouve falar com as crianças tailandesas no primeiro vídeo a confirmar que estavam vivas. Em entrevista à BBC, recusa a ideia de que tenham sido encontradas por sorte.

Mergulhador britânico: "Conseguimos cheirar as crianças antes de as ver"
Notícias ao Minuto

17:29 - 16/07/18 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo Entrevista

O mergulhador John Volanthen acedeu em dar uma entrevista à estação britânica BBC pouco depois de ter regressado da Tailândia. Num tom sóbrio e incisivo, deu as suas impressões sobre um dos resgates mais mediáticos de sempre, acompanhado a nível mundial.

Um dos pontos de discussão foi a forma como os 12 jovens e o seu treinador foram encontrados, por ter acabado a corda que Volanthen e os colegas estavam a instalar à medida que avançavam nas grutas. “Foi referido por alguns membros da imprensa como sorte, eu diria que esse não foi o caso, de todo”, indicou.

“O nosso procedimento passou por explorar cada passagem submersa e onde houvessem câmaras de ar subíamos à superfície, gritávamos mas também cheirávamos. Neste caso, conseguimos cheirar as crianças mesmo antes de as ouvir ou de as ver”, adiantou.

Como foi antes noticiado, não foi preciso esperar para tentar sentir o cheiro das crianças, uma vez que os mergulhadores se depararam com elas na exploração de uma das câmaras, depois da zona conhecida como Pattaya Beach.

Volanthen sublinhou que as condições no interior de Tham Luang eram complicadas, e enumerou “a visibilidade na água” e os “muitos objetos” (cordas, fios elétricos, tubagem [bombas de drenagem]) que se encontravam nas passagens como os principais obstáculos, assim como o frio.

“Estar vivo numa caverna e estar vivo fora de uma caverna são duas coisas muito diferentes”

No entender do mergulhador, porém, o facto de terem sido encontradas com vida foi um pequeno milagre. “Dado o volume de água que foi sendo tirado da caverna”, afirmou, “foi inacreditável termos encontrado as crianças e estarem todas bem”.

Alguns vídeos que foram surgindo das crianças dentro da gruta mostravam alguns sorrisos, pouco depois de terem sido encontradas. “Naquele momento estavam muito felizes, passamos algum tempo a tentar animá-los antes de voltarmos para trás porque não tínhamos comida para lhes dar, tínhamos luz para lhes dar”, afirmou.

Ainda assim, ressalvou, “estar vivo numa caverna e estar vivo fora de uma caverna são duas coisas muito diferentes”, deixando claro que as crianças corriam perigo, mesmo na presença de especialistas.

“A maior partes dos desenhos [do percurso] que se vêem na comunicação social não estão corretos, há um número de pontos onde foram necessárias técnicas variadas para passar tanto uma pessoa como uma pessoa com uma criança”, explicou. “Se era muito baixo, tinha que ser levado ao lado, se era muito estreito, tinha que ser levado à frente”, acrescentou.

O procedimento seria tão delicado e complexo que teve que ser treinado antes de ser aplicado na gruta. “Tivemos a sorte de conseguirmos uns miúdos tailandeses de um clube de natação”, indicou, adiantando que praticaram com eles numa piscina antes de iniciar a operação.

John Volanthen e Jason Mallinson receberam uma homenagem no aeroporto tailandês antes de voltarem a casa, como pode ver no vídeo abaixo.

“Consegue aperceber-se que o que fez foi extraordinário?”, pergunta, no final, o entrevistador. “Consigo aperceber-me de que foi inédito. Está bom assim?”, respondeu Volanthen, que retornou ao seu trabalho (consultor de tecnologias da informação) logo após regressar da Tailândia.

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