Milhares manifestaram-se em Israel contra lei sobre identidade judaica
Cerca de 7.000 pessoas manifestaram-se sábado à noite em Telavive, Israel, para protestar contra o projeto de lei apresentado pelo Governo israelita para proteger o caráter judaico daquele Estado e que já foi criticado por ser considerado discriminatório.
© Reuters
Mundo Protestos
Segundo noticia hoje o jornal diário israelita Haaretz, os manifestantes participaram naquela que foi considerada uma "manifestação de emergência", iniciando o percurso na praça Rabin e terminando na rua central de Dizengoff, onde foram entoadas palavras como "racista" e "discriminatória" contra a iniciativa legislativa.
Presente na ocasião, o deputado Ayman Odeh, do Partido Comunista de Israel, argumentou que, "num Governo que já perdeu toda a vergonha, que teme a sua própria sombra e a maioria pisa a minoria, a legislação é racista e o espaço democrático está sob ameaça constante".
Também presente, a líder do partido Meretz (de esquerda), Tamar Zandberg, acusou o Governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de usar a lei para desviar a atenção dos israelitas sobre a situação em Gaza.
Tamar Zandberg lamentou também que este executivo apenas apresente "leis racistas".
O projeto de lei em causa, aprovado em maio na generalidade, estipula num dos seus artigos que "o Estado pode autorizar que uma comunidade composta por pessoas da mesma fé e nacionalidade mantenha o seu caráter exclusivo", isto relativamente à identidade judia.
O documento continua em apreciação naquele parlamento.
Na sexta-feira, uma delegação da União Europeia em Israel considerou que este projeto de lei "soa a racista".
Também na semana passada, o presidente israelita, Reuven Rivlin, criticou o documento, considerando ser discriminatório permitir localidades reservadas aos judeus.
A declaração de Rivlin integrou as primeiras páginas dos media nacionais dado ser raro que o presidente israelita, que tem um papel protocolar, intervenha no debate político.
Avi Dichter, deputado do Likud, o partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, autor do projeto de lei, explicou à rádio pública que o texto visa "permitir a uma população sionista viver sem ter ao lado uma população que não está pronta a defender as fronteiras do país".
Dichter referia-se aos cidadãos árabes israelitas, que representam 17,5% da população total, com perto de 80% de judeus.
O presidente Rivlin criticou a lei numa carta aberta, considerando que "poderá prejudicar o povo judeu no mundo e em Israel e poderá mesmo constituir uma arma para os (seus) inimigos".
"Queremos apoiar a discriminação e exclusão de homens e mulheres devido à sua origem étnica?", questionou.
O procurador-geral Avivhai Mandelblit também exprimiu a sua oposição à lei "na sua formulação atual".
A lei, que Benjamin Netanyahu espera que seja votada até ao final de julho, tem outro artigo polémico que prevê tornar o hebreu a única língua oficial de Israel, propondo um "estatuto especial" para o árabe.
Como nenhuma lei foi aprovada desde a criação de Israel em 1948, o hebreu e o árabe são considerados idiomas oficiais, utilizados em todos os documentos oficiais.
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