Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
20º
MIN 15º MÁX 21º

Desaparecimentos no Iémen devem ser investigados como crimes de guerra

A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) defendeu hoje a investigação como possíveis crimes de guerra de casos de desaparecimento e tortura ocorridos em instalações prisionais no sul do Iémen.

Desaparecimentos no Iémen devem ser investigados como crimes de guerra
Notícias ao Minuto

06:42 - 12/07/18 por Lusa

Mundo Amnistia Internacional

Num relatório intitulado "God only knows if he's alive (Só Deus sabe se ele está vivo)", a AI refere que "dezenas de homens desapareceram após terem sido detidos arbitrariamente por forças dos Emirados Árabes Unidos (EAU) e do Iémen, que operam fora do comando do seu governo", segundo um comunicado de divulgação do estudo.

"Muitos foram torturados e teme-se que alguns tenham morrido sob custódia", adianta.

O Iémen é palco de uma guerra desde 2014, entre os rebeldes conhecidos como Huthis e as forças do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, que já causou mais de 10.000 mortos. Desde março de 2015, o governo é apoiado por uma coligação internacional árabe, que inclui a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.

A Amnistia recorda que há um ano a organização Human Rights Watch e a agência noticiosa norte-americana Associated Press revelaram uma rede de pelo menos 18 prisões secretas no sul do Iémen, geridas por forças dos EAU e locais, assinalando o "pesadelo sem fim" vivido pelos familiares dos detidos.

"Quando eles exigem saber onde estão detidos os seus entes queridos ou se ainda estão vivos, a resposta é o silêncio ou a intimidação", disse Tirana Hassan, diretora da Resposta a Crises da AI, citada no comunicado.

A organização indica que desde que se envolveu no conflito no Iémen os EAU "criou, treinou, equipou e financiou várias forças de segurança locais, conhecidas como Security Belt and Elite Forces" e "construiu alianças com responsáveis da segurança do Iémen, contornando a sua liderança no governo iemenita".

O relatório da AI resulta da investigação dos casos de 51 homens detidos por aquelas forças entre março de 2016 e maio de 2018 nos distritos de Aden, Lahj, Abyan, Hadramawt e Shabwa.

"A maioria dos casos é de desaparecimentos forçados e 19 destes homens continuam desaparecidos", refere a organização de defesa dos direitos humanos, que entrevistou 75 pessoas, incluindo antigos detidos, familiares de desaparecidos, ativistas e responsáveis da administração.

A irmã de um homem de 44 anos detido em Aden no final de 2016 disse à AI: "Não temos qualquer ideia de onde está, só Deus sabe se ele está vivo. O nosso pai morreu de coração partido há um mês. Morreu sem saber onde está o seu filho".

Antigos detidos relataram abusos, incluindo espancamentos, utilização de choques elétricos e violência sexual.

"Vi coisas que nunca mais quero ver", disse à Amnistia um homem que esteve detido em Waddah Hall, conhecido local de detenção informal em Aden, gerido por uma unidade local de contraterrorismo.

Críticos dizem que muitas detenções são baseadas em suspeitas infundadas e vinganças pessoais.

"Em última análise, estas violações, que ocorrem no contexto da guerra do Iémen, devem ser investigadas como crimes de guerra. Tanto o governo do Iémen como o dos EAU devem tomar medidas imediatas para acabar com elas e dar respostas às famílias cujos maridos, pais, irmãos e filhos estão desaparecidos", disse Tirana Hassan.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório