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"Diz-lhe que temos fome". O excerto da primeira conversa com mergulhador

As primeiras perguntas das crianças, com ar cansado e esfomeado, são sobre quando vão sair dali e há quanto tempo lá estão. Depois, naturalmente, dizem várias vezes que têm fome.

"Diz-lhe que temos fome". O excerto da primeira conversa com mergulhador
Notícias ao Minuto

17:02 - 03/07/18 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo Tailândia

A equipa de futebol juvenil e o seu treinador, que estavam presos numa gruta inundada desde dia 23 de junho, foram encontrados com vida esta segunda-feira, quase 10 dias depois. Foram mergulhadores britânicos os primeiros a contactar com os 13 desaparecidos, num momento que ficou registado em vídeo (pelas câmaras dos mergulhadores) e foi partilhado no Facebook da marinha tailandesa.

As imagens correram o mundo – estão com quase 20 milhões de visualizações, tendo sido publicadas apenas ontem, segunda-feira – e mostram as primeiras reações à chegada daquela equipa de mergulhadores.

Os voluntários britânicos Robert Charles Harper, Richard Stanton e John Volanthen foram os primeiros a conseguir alcançar a gruta onde se encontravam as crianças, ainda antes dos especialistas da marinha tailandesa.

As crianças, que estariam mais para dentro da gruta, afastadas da água, aproximaram-se à vista do facho de luz. Pode ler abaixo um excerto da conversa, com a tradução das partes em tailandês, conforme foi transcrito pela televisão pública tailandesa:

  • Rapazes: “Olá, obrigado, obrigado”
  • Mergulhador: “Quantos são vocês?”
  • Rapaz: “Treze!”
  • Mergulhador: “Treze! Espetacular”
  • Rapaz: “Sim, sim. Vamos sair hoje?”
  • Mergulhador: “Hoje não, hoje não. Tens de lhes dizer. Estamos a chegar. Vai ficar tudo bem. Está a chegar muita gente. Somos só os primeiros”
  • Rapaz: “Que dia é hoje?”
  • Mergulhador: “Que dia é hoje? Segunda-feira. Segunda-feira. Estão felizes? 10 dias. 10 dias. Vocês são muito fortes, muito fortes.”
  • Rapazes: [Impercetível]
  • Mergulhador: “Ok. Vão para trás. Já voltamos. Já voltamos”
  • Rapaz: “Temos fome”
  • Mergulhador: “Eu sei. Eu sei. Eu entendo. Já voltamos. Ok, já voltamos”
  • Rapaz: [em tailandês] “Diz-lhes que temos fome”
  • Rapaz: [em tailandês] “Eles dizem que sabem”
  • Mergulhador: “Já voltamos, já voltamos”
  • Rapaz: [em tailandês] “Não comemos nada. Temos que comer, comer, comer”
  • Rapaz: [em tailandês] “Já lhes disse”
  • Mergulhador: "Os SEAL da marinha vão chegar amanhã, com comida, com médicos e tudo”
  • Rapaz: “Estou muito feliz”
  • Mergulhador: “Nós também estamos felizes”
  • Rapazes: “Muito obrigado, muito obrigado”
  • Mergulhadores: “Ok”
  • Rapaz: “De onde são?”
  • Mergulhadores: “Inglaterra, Reino Unido”
  • Rapaz: “Oh”

Notícias ao MinutoRichard Stanton [à esquerda, na imagem], Robert Charles Harper [ao centro] e John Volanthen [à direita], os três mergulhadores que se ouvem no vídeo.© Twitter

As autoridades tailandesas investem agora todos os esforços no resgate daquelas crianças, cuja situação sensível dificulta a saída debaixo de água. As hipóteses em cima da mesa são duas: alimentar as crianças dentro da gruta e esperar até ao fim do período de chuvas, em setembro ou outubro, ou ensiná-las a mergulhar, para poderem sair com os profissionais de mergulho.

Junto com os esforços de busca dentro da caverna, equipas de resgate têm procurado na montanha por outros caminhos possíveis para as cavernas.

Recorde-se que o complexo de grutas Tham Luang não tem acesso fácil. O Conselho Britânico de Resgate de Cavernas, que tem membros envolvidos na operação, estima que os miúdos tenham percorrido cerca de dois quilómetros de caverna e estejam entre 800 metros e um quilómetro abaixo da superfície. Outras estimativas colocam os meninos até quatro quilómetros para dentro da gruta.

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