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Vítima de 'La Manada' em carta aberta. "Ninguém tem de passar por isto"

Jovem de 18 anos, que no ano passado foi vítima de uma agressão sexual coletiva, em Pamplona, escreveu uma carta aberta, reagindo à evolução do caso. Sem mencionar a recente libertação provisória dos seus agressores, a vítima agradece o apoio recebido e faz um pedido à sociedade: "Denunciem".

Vítima de 'La Manada' em carta aberta. "Ninguém tem de passar por isto"
Notícias ao Minuto

14:00 - 27/06/18 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo Espanha

A vítima do grupo autodenominado 'La Manada' falou publicamente sobre o caso que tanta comoção tem causado em Espanha. Numa missiva enviada a uma jornalista da Telecinco, a jovem de 18 anos, faz vários agradecimentos às pessoas que a têm acompanhado e pede à sociedade um esforço para levar adiante este tipo de denúncia, ainda que trilhando caminhos difíceis.

“Por favor, só vos peço que, por muito que achem que ninguém vai acreditar em vocês, denunciem. Posso-vos garantir que o caminho que há a percorrer não é fácil mas que teria acontecido se eu não tivesse denunciado? Pensem nisso”, pediu a jovem.

“Para todas as mulheres, homens, meninas, meninos, que atravessam algo parecido: há como sair. Vocês poderão pensar que não têm força para lutar, mas ficariam surpreendidos ao descobrir a força que os seres humanos têm. Contem a um amigo, a um familiar, à polícia, num tweet. Façam como entenderem, mas contem. Não fiquem calados porque se o fizerem, estão a deixá-los [os agressores] vencer”, acrescentou.

Pedindo que não se façam brincadeiras com casos de violação, a jovem salienta que uma vítima não tem de se sentir culpada. “Ninguém tem de passar por isto. Ninguém tem de lamentar beber uns copos. De usar mini saia. De ir sozinha para casa. Isto pode acontecer a qualquer um, asseguro-vos. Tenham cuidado com o que dizem”, pediu.

"Obrigado por nunca me deixarem sozinha, por acreditarem em mim, irmãs"

A jovem, que não é identificada, agradece o apoio dos pais, dos amigos e de todas as pessoas que foi conhecendo por causa da sua situação. “Quem me dera nunca vos ter conhecido, mas a vida é assim e traz-te as melhores pessoas nos piores momentos”, escreveu.

“Também queria agradecer a toda a gente que, sem me conhecer, tomou Espanha e deu-me voz quando muitos tentaram tirar-ma. Obrigado por nunca me deixarem sozinha, por acreditarem em mim, irmãs. Obrigado por tudo”, afirmou, lembrando as manifestações de apoio ao seu caso (e outros de agressão sexual) que foram sendo agregadas à hashtag  ‘Hermana, yo si te creo’ (‘Irmã, eu acredito em ti’).

“Obrigado por me fazerem sentir outra vez parte da sociedade, onde parece que se te violam tens de andar com um cartaz de ‘violada’ colado na testa”, lamentou.

Recorde-se que um tribunal da Comunidade Autónoma de Navarra decretou, na quinta-feira da semana passada, a liberdade provisória dos cinco acusados, que puderam sair da prisão mediante o pagamento individual de uma fiança de seis mil euros, até nova decisão do Tribunal Supremo, que analisa agora uma série de recursos. No mesmo dia, e nos dias seguintes, foram levados a cabo protestos em várias cidades.

O grupo de cinco sevilhanos estava há quase dois anos em prisão preventiva, desde 7 de julho de 2016, depois de terem sido condenados a nove anos de prisão por “agressão sexual” em grupo de uma jovem de 18 anos, durante as festas de São Firmino, em 2016, em Pamplona.

A sentença atribuída aos cinco espanhóis causou muita polémica, na altura. O tribunal de Navarra entendeu, com base num vídeo de 92 segundos filmado por um dos agressores, que havia sido cometido o delito continuado de abuso sexual e não de violação coletiva porque a vítima, em choque, nada fez para se defender.

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