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"Todo o mundo sabe que em Espanha se roubaram crianças na ditadura"

A vítima do primeiro julgamento que se realiza na Espanha sobre o caso dos bebés roubados durante o franquismo, Inés Madrigal, disse hoje, ao chegar ao tribunal, que no país já se sabe que crianças foram roubadas durante a ditadura.

"Todo o mundo sabe que em Espanha se roubaram crianças na ditadura"
Notícias ao Minuto

12:02 - 26/06/18 por Lusa

Mundo Madrid

"Este já não é o meu caso, isso já transcendeu. Todo o mundo já sabe que neste país se roubaram crianças", declarou.

Inés Madrigal chegou hoje ao Tribunal Provincial de Madrid por volta das 09:40 (local, 08:40 em Lisboa) e foi recebida por algumas dezenas de pessoas relacionadas com o caso e membros de associações, que tinham em mãos cartazes com a palavra "justiça".

Pouco depois, chegou o acusado no caso, o médico Eduardo Vela, de 85 anos, que enfrenta um pedido de prisão de 11 anos, feito pelo Ministério Público, por roubo de uma bebé em 1969 na clínica San Ramón, em Madrid.

À chegada, Inés Madrigal disse que é claro que iniciou um processo e que este vai acabar como começou, sem ela saber quem é a sua mãe biológica.

Por seu lado, o advogado de Madrigal, Guillermo Peña, acredita que, por fim, as duas versões dos factos poderão ser confrontadas.

"Isto precisa de ter um ponto final já. Significa poder quebrar a fronteira psicológica que separa a especulação dos factos reais", acrescentou.

No entanto, o acusado alega que padece de uma doença degenerativa que, segundo a sua defesa, o impede de enfrentar um julgamento, apesar de um exame médico ter determinado que está apto a ser julgado.

No entanto, nas questões prévias do julgamento essa questão será novamente levantada e o tribunal decidirá se Vela poderá participar e, portanto, se o julgamento poderá continuar.

Na sessão de hoje está prevista a audição do acusado e depois da própria Inés Madrigal e de outras seis testemunhas.

O primeiro julgamento dos "bebés roubados" começou hoje em Espanha, décadas após a eclosão do escândalo de recém-nascidos subtraídos aos pais para serem confiados a famílias adotivas sob o regime de Franco.

Eduardo Vela, ex-obstetra da clínica San Ramon, é acusado por Inés Madrigal, ferroviária de 49 anos, de a ter separado de sua mãe biológica e de ter falsificado a sua certidão de nascimento em junho de 1969.

Casos como este poderão ter acontecido a dezenas ou milhares de pessoas, segundo as associações, que querem que seja feita luz sobre esse tráfico que começou sob a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), muitas vezes com a cumplicidade da Igreja Católica.

As crianças foram retiradas dos seus pais após o parto, declaradas mortas sem provas e adotadas por casais inférteis, preferencialmente próximas ao regime "nacional-católico".

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