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Otimismo e cautela na "cimeira histórica" que tem o "diabo nos detalhes"

Trump e Kim Jong-un fizeram história esta terça-feira e comprometeram-se a avançar para uma solução de paz. EUA garantem fim de exercícios militares na península, Coreia do Norte compromete-se com desnuclearização. A comunidade internacional manifesta otimismo com os resultados da cimeira, mas mantém a precaução perante a imprevisibilidade do acordo.

Otimismo e cautela na "cimeira histórica" que tem o "diabo nos detalhes"
Notícias ao Minuto

13:15 - 12/06/18 por Pedro Bastos Reis

Mundo Cimeira

Depois de muitos apertos de mão, sorrisos mútuos e trocas de elogios, pautados por pompa e circunstância numa cimeira pensada ao pormenor, Donald Trump e Kim Jong-un abandonaram Singapura com um documento conjunto para mostrar não só internamente como ao resto do mundo.

Apesar de ainda ser cedo para perceber as reais dimensões do encontro dos líderes norte-americano e norte-coreano para o futuro, e até que ponto os compromissos serão cumpridos, da cimeira histórica desta terça-feira já é possível retirar algumas conclusões, ou pelo menos perceber qual o ponto de partida para futuras conversações entre dois países que mantêm relações conturbadas há cerca de 70 anos, data da Guerra da Coreia que dividiu a península em dois.

Kim Jong-un foi perentório ao dizer que os dois países pretendem “deixar o passado para trás” e prosseguir o caminho do diálogo.

Trump, por seu lado, garantiu que os países estão prontos “para escrever um novo capítulo” da sua história.

Horas após o final do encontro, já Kim regressava a Pyongyang, Trump apareceu perante os jornalistas para uma conferência de imprensa em que desvendou os principais detalhes da conversa que manteve com o seu homólogo norte-coreano.

Visivelmente bem disposto, o presidente norte-americano revelou que os Estados Unidos vão terminar as manobras militares conjuntas com a Coreia do Sul na península coreana, uma das reivindicações principais de Pyongyang. Trump falou no “fim dos jogos de guerra”, apesar de as sanções contra o regime norte-coreano continuarem em vigor.

Além disso, de acordo com o documento captado pelos fotógrafos, Estados Unidos e Coreia do Norte comprometem-se “a estabelecer novas relações de acordo com o desejo do povo das duas nações quanto à paz e à prosperidade”. Pyongyang manifestou a disponibilidade de trabalhar na total desnuclearização da península coreana”, a maior ambição de Washington nestas negociações, sendo que Trump garantiu aos jornalistas que o processo de destruição de armas nucleares será acompanhado por observadores internacionais, contando, segundo o próprio, com as garantias de Kim.

Otimismo internacional… mas com cautela

As reações da comunidade internacional à cimeira de Singapura têm sido sobretudo de otimismo, apesar de o ceticismo pairar no ar, não estivessem os destinos das negociações na mão de um presidente que rasga acordos internacionais pelo Twitter.

Para Moon Jae-in, a "cimeira histórica" de 12 de junho "pôs termo à Guerra Fria". O presidente da Coreia do Sul elogiou a “coragem e determinação” dos seus homólogos norte-coreano e norte-americano, manifestando a intenção de prosseguir o diálogo na península coreana.

No mesmo sentido, embora com mais elogios aos Estados Unidos, o Japão elogiou a “liderança” do presidente Trump e pediu responsabilidade ao regime norte-coreano. De Pequim veio igualmente entusiasmo, tendo o porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros sublinhado a criação “de uma nova história”.

Com a cimeira do G7 ainda a causar desconforto, a União Europeia, pela voz de Federica Mogherini salientou o "passo crucial e necessário" para a estabilidade da região. A chefe da diplomacia da União Europeia elogiou ainda a “liderança, sabedoria e determinação do presidente da República da Coreia, Moon Jae-in".

Já a Rússia fez um balanço positivo da cimeira, mas sublinhou que “o diabo está nos detalhes”, ou seja, Moscovo espera por mais pormenores para perceber até que ponto as relações entre Estados Unidos e Coreia do Norte podem dar o salto para o degrau seguinte. No entanto, a diplomacia russa garante estar pronta a implementar o acordo estabelecido entre Kim e Trump.

A reação mais crítica veio do Irão, país que recentemente sentiu na pele a imprevisibilidade e falta de compromisso de Trump no que diz respeito a acordos internacionais. No passado mês de maio, recorde-se, o presidente norte-americano rasgou o acordo nuclear iraniano, estabelecido durante o mandato de Barack Obama, criando enorme expectativa e tensão nas relações internacionais. Por isso, Teerão, através de um porta-voz do governo, avisou Kim que Trump é “um homem que revoga a sua assinatura", pelo que Pyongyang deve ficar alerta, porque nada é certo com a atual diplomacia norte-americana.

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