Parlamento acusa Governo de fazer "vista grossa" ao "dinheiro sujo" russo
A comissão de Negócios Estrangeiros do parlamento britânico acusou o Governo de fazer "vista grossa" ao "dinheiro sujo" de origem russa que alegadamente circula no setor financeiro do Reino Unido, segundo um relatório divulgado hoje.
© Reuters
Mundo Britânicos
Os deputados pedem ao executivo conservador, liderado por Theresa May, que mostre "mais liderança política" e impulsione medidas que impeçam a proliferação de "ativos corruptos", que sancionem os "indivíduos ligados ao Kremlin" e que aumentem a "transparência" sobre a titularidade dos ativos.
A comissão parlamentar insta a primeira-ministra britânica a trabalhar com a União Europeia e Estados Unidos para identificar e sancionar as pessoas e entidades utilizadas pelo Kremlin nos seus "atos de agressão", como podem ser, indicam, campanhas de desinformação ou desestabilização ou assassínios em solo estrangeiro.
De acordo com o relatório, intitulado "O ouro de Moscovo: corrupção russa no Reino Unido", boa parte do capital depositado ou "limpo" em Londres é usado para financiar as campanhas do Presidente russo, Vladimir Putin, e "subverter" as normas internacionais.
Os parlamentares lamentam que o Governo permita que tudo continue "aberto para os negócios", incluindo depois do escândalo pela alegada tentativa de assassínio no Reino Unido do ex-espião russo Sergei Skripal e a sua filha, Yulia, que Londres atribuiu ao Governo de Moscovo.
"Apesar da retórica dura, o Presidente Putin e os seus aliados puderam continuar a fazer negócios como se nada fosse, escondendo e limpando os seus ativos em Londres", afirma a comissão.
Os deputados alertam que "isto tem consequências para a segurança nacional".
"Fazer vista grossa ao papel de Londres em esconder os frutos da corrupção ligada ao Kremlin cria o risco de enviar o sinal de que o Reino Unido não é sério em afrontar a totalidade das medidas ofensivas contra o Presidente Putin", acrescentam.
No relatório, a comissão dá como exemplo o facto de, dois dias após a expulsão de diplomatas russos devido ao caso Skripal, o Governo russo arrecadou 4.000 milhões de dólares com uma emissão de 'eurobonds'.
Um dia antes, a petrolífera russa Gazprom PJSC colocou obrigações por 750 milhões de euros. Em novembro de 2017, o oligarca Oleg Deripaska lançou a sua empresa EN+Group na Bolsa de Londres, arrecadando 1.500 milhões de libras (1.700 milhões de euros), apesar das suas "bem conhecidas" relações com o Kremlin.
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