Os sons do dia a dia incomodam-no? Pode sofrer de misofonia
De acordo com especialistas da área da saúde mental, o ódio por certos sons deveria ser reconhecido como uma condição psiquiátrica.
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Lifestyle Pouco barulho
O que sente quando ouve alguém a fazer uma das seguintes ações: a mastigar, a beber algum tipo de liquido, a respirar, a bocejar, a fungar, a cantarolar, a bater com os dedos numa superfície ou a escrever num teclado? Se tem uma forte resposta emocional a uma destas situações e uma vontade de fugir ou de alguma maneira parar a proliferação daquele som, então talvez sofra de misofonia.
O termo significa literalmente “ódio por som”, e trata-se de uma condição neurofisiológica em que as pessoas afligidas têm uma reação negativa desproporcionada a sons específicos. Quem sofre desta patologia sabe que em muitas situações está a ter uma atitude exagerada a diversos sons, porém trata-se de uma reação instintiva que não conseguem controlar.
Os sons que servem de gatilho para quem sofre de misofonia podem variar de pessoa para pessoa. Todavia, algumas categorias são mais comuns do que outras e tendem a estar relacionadas com a mastigação, a respiração ou com outros sons nasais e ruídos provocados pelas mãos ou pelos dedos. Vários estudos sugerem que esta aversão geralmente começa a desenvolver-se durante a infância e que tende a piorar com a progressão da idade.
Para os indivíduos que sofrem de misofonia os sons que desencadeiam uma resposta mais radical e emocional são sobretudo aqueles que são produzidos por membros da família, e não por estranhos.
Ficar e resistir ou fugir
Os misofónicos não conseguem simplesmente ignorar os sons que os perturbam. Os especialistas creem que a capacidade de atenção seletiva esteja comprometida nestes indivíduos, que não conseguem evitar ficar fixados nos sons que os irritam.
Um estudo realizado em misofónicos concluiu que 29% dos inquiridos já se tinham tornado verbalmente abusivos ao ouvirem os chamados sons ‘gatilho’, e que 17% já tinham estado em situações nas quais tinham direcionado a sua agressão para objetos. Mais ainda 14% dos voluntários admitiram já ter sido fisicamente agressivos para com outras pessoas após terem ouvido sons específicos.
Muitos também afirmaram que aquela condição tinha tido um tal efeito negativo nas suas vidas que evitavam certas situações sociais, já tinham terminado relacionamentos amorosos devido ao problema, e alguns chegaram a certa altura a considerar o suicídio.
Infelizmente, o entendimento sobre esta patologia ainda está na sua infância assim como as terapias existentes, apesar de algumas pesquisas cientificas e ensaios clínicos sugerirem que a terapia cognitiva poderá ajudar. Sublinhe-se que a misofonia só foi identificada em 2001.
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