Terapia do surf: Será esta a próxima tendência?
“A vida pode ser bonita, inspiradora e cheia de aventuras e crescimento. Mas pode também ser frustrante, desafiadora e cheia de altos e baixos: o surf tem também a habilidade de fazer tudo isso”. Foi desta analogia entre a vida e o surf que nasceu o programa ‘Saltwater Sessions’, que conjuga a prática do surf com a meditação mindfulness.
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O projeto está a cargo da surfista e psicóloga californiana Lena Dicken, que usa o próprio oceano como consultório para as sessões de terapia em grupo, onde se trabalha os níveis de stress, melhora a comunicação emocional e se prepara os indivíduos para diversas situações do dia a dia.
Lena Dicken sempre teve uma relação com o mar, desde que morou por alguns anos no Hawai, onde aprendeu a surfar. Admite ter demorado algum tempo até conseguir praticar bem a modalidade, mas desde logo o estar no mar com a prancha lhe fez sentir bem – no momento e durante o resto do dia -, uma prática que a admite ter ajudado a terminar a sua formação e a ultrapassar os altos e baixos de se começar um negócio próprio.
Este negócio foi o “Saltwater sessions” e surgiu durante o estágio de fim de curso em psicologia, que realizou num centro de reabilitação. Pela sua relação com o mar, foi desafiada pelos professores a criar um programa de terapia do surf. A partir daí, bastou estender a outros as práticas que lhe auto-ajudaram, e da boa aceitação do projeto, veio a prática: “eventualmente fez sentido tornar este projeto num negócio”, conta.
Muitos são os que procuram o mar ou rios para relaxar e recarregar energias e há uma explicação lógica para talComo refere a própria, “o ser humano tende a reagir positivamente à água”. Muitos são os que procuram o mar ou rios para relaxar e recarregar energias e há uma explicação lógica para tal: “passar tempo no meio da natureza ajuda a combater a exaustão do lóbulo frontal” (que é responsável pelo planeamento e execução de tarefas). Quanto esta parte do cérebro está relaxada, o organismo permite-se dar mais atenção a outras partes do cérebro que se relacionam com prazer e empatia.
É por isso que manter uma rotina próxima do mar e da natureza ajuda-nos a ter uma atitude mais positiva e relaxada, que passamos a assumir como normal a partir do momento em que fazemos desta prática um hábito. Como aponta a psicóloga, é impossível relaxar quando o nosso sistema nervoso está adaptado a dias cheios de tráfego, deadlines e emails.
As sessões acontecem tanto no mar como na areia, onde se discutem problemas e formas de os resolver. No mar, os participantes são incentivados a deixarem-se sentir tudo o que a força da água traz, sentimentos que são processados novamente na areia, através do diálogo, de onde se criam laços entre o grupo.
Ser firme, estar presente e superar os medos
São estas as qualidades que Lena Dicken aponta como resultantes do surf e que vê nos seus pacientes. A firmeza em voltar a outra e outra sessão, apesar das dificuldades e da exposição a que ficam as suas emoções, mostra que os laços criados entre o grupo ajudam a manter-se focado na terapia.
Diz a fundadora do projeto que ‘apenas um surfista conhece a sensação de se envolver numa onda que se cria e desfaz no oceano.’ A repetição desta sensação física incentiva ao desejo de se viver no momento presente, em vez de se focar em aspetos mais fúteis a que normalmente damos demasiada importância.
Por último, a capacidade de se enfrentar os medos vem da constante auto-superação a que o surfista se propõe em cada onda. Quanto mais prática, maior a procura por ondas mais desafiantes. Esta constante busca por novos desafios é levada para a própria vida.
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