Peixe reproduz-se sem sexo e desafia teoria de extinção das espécies

A teoria da evolução sugere que as espécies que se reproduzem de forma assexuada tendem a desaparecer, uma vez que o seu genoma acumula mutações mortais ao longo do tempo.

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Liliana Lopes Monteiro
22/02/2018 07:00 ‧ 22/02/2018 por Liliana Lopes Monteiro

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Ciência

Porém, um estudo sobre um peixe lançou dúvidas sobre a velocidade desse declínio. Apesar de milhares de anos de reprodução assexuada, o genoma da molinésia-amazona (‘amazon molly’, em inglês), que vive no México e no sul dos Estados Unidos, é notavelmente estável e a espécie sobreviveu.

A investigação recente foi publicada na revista Nature Ecology and Evolution.

Há duas maneiras fundamentais pelas quais as espécies se reproduzem: a forma sexuada e a assexuada.

A reprodução sexuada depende de células especiais reprodutivas masculinas e femininas, como os óvulos e os espermatozoides, juntando-se durante o processo de fertilização.

Cada célula sexual contém metade do número de cromossomas das células parentais normais. Depois da fertilização, quando o óvulo e o espermatozoide se fundem, o número normal do cromossoma celular é reintegrado.

Uma vida nasce do celibato

Já a reprodução assexuada é diferente. Em vez de criar uma nova geração misturando medidas iguais de DNA das mães e dos pais, a reprodução assexuada dispensa o macho e, em vez disso, cria novos descendentes contendo uma cópia exata do genoma da mãe - uma clonagem materna natural.

Essa é uma maneira incrivelmente eficiente de criar uma nova vida. Ao não desperdiçar material genético na criação de machos, todos os descendentes nascidos a partir da reprodução assexuada podem continuar se reproduzindo.

Mas há um ponto negativo. Como os descendentes são fac-símiles genéticos da mãe, eles apresentam uma variabilidade limitada.

E a variabilidade genética pode proporcionar uma grande vantagem. É justamente o que permite que as populações respondam e superem as mudanças no meio ambiente e outras pressões seletivas, ao permitir a sobrevivência dos mais adaptados.

O professor Manfred Schartl, da Universidade de Würzburg, é um dos principais autores do estudo e diz: "As previsões teóricas eram que uma espécie assexuada passaria por decomposição genómica e acumularia muitas mutações nefastas, sendo clonada, não seria possível depender da diversidade genética para reagir a novos parasitas ou outras mudanças no meio ambiente."

"Havia previsões teóricas de que um organismo assexual desapareceria depois de cerca de 20 mil gerações".

Mas o último estudo sobre a estabilidade a longo prazo do genoma da molinésia-amazona lançou algumas novas descobertas surpreendentes sobre o potencial custo da reprodução assexuada.

Desafiando as probabilidades

A molinésia-amazona sobrevive há cerca de meio milhão de gerações, muito além do que a teoria sugeria.

Mas não foi só isso. Quando os cientistas procuraram indícios de decadência genómica a longo prazo, havia muito poucos, como o professor Schartl explicou:"O peixe preservou o seu genoma híbrido e o que sabemos da criação de plantas ou animais é que, quando tentamos fazer algo melhor, criamos um híbrido”.

Ele considera que é esse "vigor híbrido" que sustenta a sobrevivência persistente da molinésia-amazona. "O que a natureza criou um ‘bom híbrido’, que prosperou e vingou”.

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