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Conheça a clínica que 'desconecta' os jovens viciados em telemóveis

Há uma clínica nos EUA onde os milionários ‘desconectam’ os filhos viciados em telemóveis e Internet. O tratamento custa cerca de 75 mil euros e há quem pague este valor só para manter os filhos longe do aparelho

Conheça a clínica que 'desconecta' os jovens viciados em telemóveis
Notícias ao Minuto

16:00 - 16/02/18 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle Tratamentos

Nos últimos cinco anos, com o crescimento do acesso à Internet, nomeadamente a partir do telemóvel, dezenas de clínicas de reabilitação surgiram nos arredores de megaempresas como Facebook, Twitter, Apple e Google no Vale do Silício, em São Franscisco, oferecendo tratamentos específicos para jovens que passam até 20 horas diárias a olhar para estes ecrãs.

É o caso da Paradigm, uma mansão cercada por jardins e câmaras de segurança no ponto mais alto de uma colina naquela cidade.

Como acontece nos bairros californianos mais exclusivos, onde moram estrelas de cinema e altos executivos de empresas de tecnologia, não há placas ou indicações na estrada que direcionem quem passa até à clínica, que abriga crianças e adolescentes entre os 12 e os 18 anos, internados pelos pais para abandonarem o vício da Internet.

Sem placas de identificação e acessível só de carro, a Paradigm hospeda apenas oito jovens simultaneamente, em internamentos compulsórios que duram em média 45 dias, podendo chegar a 60, dependendo do grau de dependência e de fatores associados, como depressão, ansiedade e agressividade.

Internamento de luxo

O valor diário impressiona tanto quanto os espaços luxuosos e a banheira de hidromassagem com vista para a ponte Golden Gate: cerca de 1300 euros por noite.

Dentro da mansão, telemóveis, laptops e tablets são proibidos e o acesso a computadores é limitado a aulas de apoio escolar, nas quais o acesso às redes sociais, aplicações de mensagens instantâneas e pornografia é bloqueado - e qualquer tentativa é acompanhada de perto por professores e psicólogos.

A promessa da clínica é "reprogramar" os jovens para que eles possam reconstruir sua relação com a tecnologia e se reaproximar de familiares, estudos, amigos e tarefas "offline".

"Nós desconectamos estes jovens. Essa é a regra", resume Danielle Kovac, diretora da clínica”.

"Eu diria que é um período de ajuste para as crianças. O melhor é ouvir muitas afirmarem no final do tratamento: 'Obrigado, obrigado por não permitir que eu ficasse com o meu telefone ou nas redes sociais ao computador. Fui capaz de realmente me concentrar em mim'."

Citado pela primeira vez por um psiquiatra de Nova Iorque durante os primórdios da invenção da rede, em 1995, o vício da Internet não é uma doença oficialmente reconhecida nos Estados Unidos.

Psicólogos e psiquiatras norte-americanos dividem-se: para alguns, o vício seria apenas um sintoma de outras síndromes, como paranoia e depressão, e não a causa delas. Para outros, ele seguiria características idênticas às de outras dependências já reconhecidas, como álcool e drogas.

Porém, países como Austrália, China, Itália e Japão reconhecem oficialmente o problema - na Coreia do Sul, por exemplo, a dependência pela Internet foi classificada como "problema de saúde pública" e é tratada em hospitais públicos.

A diretora diz que o internamento funciona como um botão de "reset" (reinício, ou reconfiguração) nas mentes dos pacientes.

Mas será que depois de se desconectarem que estes jovens vão eventualmente voltar a aceder ao Facebook, Instagram, Twitter ou Snapchat?

Novak responde: "Bem, provavelmente. Mas, se eles estão aqui, um local que afeta as suas vidas, a nossa expetativa é que se desconectem por tempo suficiente para que, quando voltem para casa, estejam prontos para estabelecer limites para si mesmos”.

Cerco ao Facebook

Para a diretora, empresas como Facebook, Twitter e Snapchat "certamente sabem o que estão a fazer para que, não apenas crianças, mas pessoas em geral, fiquem presas a certas coisas, com certos algoritmos para certos propósitos”.

Ela pede mais atenção aos CEOs. "Não tenho a resposta de como podem fazer isso, mas é preciso ter atenção com o que está a acontecer com a sociedade em geral. As pessoas estão conectadas demais aos seus telefones e à Internet”.

Há menos de um mês, mais de cem especialistas e organizações internacionais de saúde infantil pediram ao Facebook que dê fim à recém-lançada aplicação de mensagens voltada para crianças com menos de 13 anos, o Messenger Kids.

Em carta aberta a Mark Zuckerberg, o grupo classificou a aplicação como uma iniciativa "irresponsável" que visa estimular crianças pequenas - que não teriam maturidade para ter contas em redes sociais - a usar o Facebook.

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