Nunca se publicou e opinou tanto sobre nutrição como nos dias de hoje. A internet veio dar voz aos entendidos e aos falsos entendidos sobre o assunto e o resultado está à vista de tudo e todos: estudos atrás de estudos, teorias atrás de teorias, certezas atrás de certezas todos os dias.

Mas no mundo da nutrição há apenas uma certeza: Cada pessoa tem um organismo muito próprio que reage de forma muito particular aos alimentos. A dieta que funcionou com uma pessoa não tem necessariamente de funcionar com outra, tal como o alimento que causou alergia a uma pessoa não tem obrigatoriamente de ter o mesmo efeito noutra.

De forma a desmistificar algumas das ideias e teorias de falsos entendidos que vão enchendo as páginas online, o site Insider falou com um grupo de nutricionistas e desmistificou os mitos mais recentes sobre a nutrição. Mas lá está, cada caso é um caso e um mito desmistificado pode, na verdade, ser uma realidade para alguém, porém, os especialistas fundamentaram os seus argumentos no seu conhecimento profissional e em estudos científicos publicados em revistas de renome internacional.

Mito 1 - Carvão ativado é um superalimento.

Apesar de ter um elevado poder de absorção, este ingrediente pode 'roubar' ao organismo os nutrientes de que este necessita, sendo que os suplementos podem ainda tirar a eficácia a determinados medicamentos, alerta a dietista Grace Derocha,

Mito 2 - Os adoçantes artificiais são melhores do que as alternativas.

Apesar de os adoçantes artificiais não serem um 'veneno' para a saúde humana, o seu consumo deve ser o mais moderado possível, pois possuem na sua composição "químicos altamente processados" que podem causar reações digestivas, diz a especialista.

Mito 3 - Os hidratos de carbono são 'inimigos'.

Pelo contrário. Este macronutriente é um combustível de excelência, porém, é importante optar por hidratos de carbono complexos, que são mais ricos em nutrientes e fibra e promovem uma maior sensação de saciedade, além de não provocarem picos de açúcar no sangue. "Os hidratos de carbono simples como o arroz e o pão branco são do tipo que causam problemas por carecerem de nutrientes". Para perceber a verdadeira importância dos hidratos de carbono, fique a saber em que diferem e qual a sua verdadeira hierarquia.

Mito 4 - O leite de amêndoa é melhor do que o leite de vaca.

Ora, isto é como comparar alhos com bugalhos, pois trata-se de dois tipos de bebida totalmente distintas, embora tenham uma finalidade idêntica. O leite de vaca, por exemplo, tem mais proteína e cálcio do que o leite de amêndoa, mas a verdade é que um não é melhor do que o outro, tudo depende das necessidades de cada pessoa. E além disso, há que ter em atenção que alguns tipos de leite de amêndoa à venda nas grandes superfícies contêm açúcar e aditivos. Aveia, amêndoa, caju, quinoa, arroz, soja... são muitas as opções de leites vegetais à venda no mercado, mas fazer destas bebidas a única fonte de 'leite' pode trazer riscos para a saúde. Saiba quais.

Mito 5 - A vontade constante de comer é causada pela carência de nutrientes.

São várias as publicações online que dizem que a vontade de comer (que é diferente de fome) é causada pela carência de magnésio, contudo, esta é uma associação difícil de fazer sem que seja realizada uma análise sanguínea primeiro. Além disso, o chocolate é rico em magnésio e esta pode ser apenas uma desculpa 'digital' para atacar o doce. Para a dietista, a vontade constante de comer é mais depressa sinal de desidratação do que de carência nutricional.

Mito 6 - Comer depois das 18h00 faz mal.

A hora a que são feitas as refeições diz muito sobre a capacidade da pessoa controlar o apetite, mas, mais do que isso, importa saber o que se comeu a cada refeição. "O corpo não vai saber se são seis ou sete da tarde. O que vai saber é quantas calorias consumiu", alerta a nutricionista Frida Harju.

Mito 7 - Comer gorduras engorda.

Gordura é sempre gordura, é um facto, mas a verdade é que a gordura é fundamental para o bom funcionamento do organismo e até mesmo para a perda da peso... mas desde que seja escolhida devidamente. Para um plano alimentar saudável e equilibrado basta cortar a gordura saturada, que é a principal causa de doenças cardiovasculares. Da boa à má, clique aqui e desfaça todas as dúvidas quanto à gordura. E já agora, não fuja destas gorduras, são boas e não engordam.

Mito 8 - Alguns tipos de açúcar são melhores do que outros.

Seja mel, xarope de ácer ou açúcar refinado, uma colher de cada um destes doces oferece exatamente os mesmos níveis de açúcar, podendo variar apenas os nutrientes que vêm de 'oferta'. "Existe a ideia de que há diferentes tipos de açúcar, mas isso é um mito. (...) Açúcar mascavado, açúcar branco, mel [...] todos dão, em última análise, origem ao mesmo: glicose". Sabia que existe um consumo máximo ideal de mel por semana?

Mito 9 - Os vegetais congelados não são tão saudáveis como os frescos.

Aqui, tudo depende do vegetal e até da fruta em si. Mas, por exemplo, é certo e sabido que os mirtilos ficam mais saudáveis depois de congelados. Além disso, os vegetais frescos podem perder algumas propriedades com a ação da luz e do ar, mas isso é algo que também pode acontecer aos que são congelados. 

Mito 10 - Os sumos detox fazem uma limpeza ao organismo.

O corpo, por si só, é capaz de se desintoxicar, podendo a água acelerar o processo por promover idas mais constantes à casa de banho. Mas, no que diz respeito aos sumos detox, estes nada mais fazem do que oferecer um variado leque de nutrientes - e por vezes muito açúcar - ao organismo. Afinal, beber tudo de uma assentada ou comer várias vezes ao dia os mesmos alimentos vai dar ao mesmo e ninguém diz que um prato de brócolos com abacate vai desintoxicar o corpo. Fique a par do lado negro das dietas líquidas.

Mito 11 - O glúten faz mal.

Salvo as pessoas que padecem da doença celíaca e que apresentam, de facto, uma reação severa ao glúten, este conjunto de proteínas cereais não tem, de todo, de ser excluído, até porque a eliminação do glúten pode ter duas consequências muitos distintas e com diferentes impactos para a saúde, pois algumas pessoas substituem o glúten por confeções caseiras e saudáveis (promovendo a saúde), enquanto outras recorrem aos alimentos processados que se rotulam como isentos de glúten (e acabam por cair num dos erros mais comuns que é consumir um sem fim de sódio, açúcares, gorduras saturadas, etc.). Estes são os mitos sobre o glúten que devem cair já por terra até porque o glúten também faz bem à saúde... E temos aqui cinco provas.

Mito 12 - Temos sempre de beber mais de oito copos de água por dia.

O consumo regular de água é fundamental para a boa saúde, mas há que ter peso e medida... como em tudo o que diz respeito à nutrição. Uma vez que é possível obter água através do chá, do café, das frutas e dos vegetais, o consumo de oito copos por dia não tem de ser obrigatório, pode ser apenas uma média.

Mito 13 - Deve-se fazer sete pequenas refeições ao longo do dia.

Cada pessoa tem um metabolismo muito próprio, por isso esta ideia não pode ser vista como uma regra, pois há pessoas que podem precisar de mais ou menos refeições.

Mito 14 - Todas as pessoas deviam contar as calorias.

Este é dos piores mitos de todos. As calorias não são todas iguais: 100 calorias de uma maçã não têm um impacto não negativo como 100 calorias de um chocolate. Apesar de ser importante não ultrapassar o porte calórico necessário todos os dias, a qualidade das calorias pode ser mais importante do que a quantidade.