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"Gostar é cuidar". E tudo começa na comida que os pais dão aos filhos

Numa altura em que Portugal figura no ranking de obesidade juvenil, torna-se cada vez mais importante falar sobre a alimentação adaptada e sobre todas as necessidades nutricionais na adolescência, principal fase de desenvolvimento. A nutricionista Ana Catarina Moreira ajuda-nos a perceber o que é preciso fazer.

"Gostar é cuidar". E tudo começa na comida que os pais dão aos filhos
Notícias ao Minuto

07:30 - 08/10/17 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle Nutrição

"Temos de atuar!" E temos de o fazer antes que seja tarde de mais. Quem o diz é a nutricionista Ana Catarina Moreira, uma das especialistas que no passado dia 23 de setembro marcou presença na 1ª edição do Curso de Pós Graduação 'Um dia com a Nutrição Pediátrica', na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Estando Portugal no top 5 dos países europeus com mais jovens obesos, atuar é mesmo a palavra de ordem... basta olhar para os números: apenas 40% das crianças portuguesas comem as frutas e vegetais necessários por dia, a obesidade em menores de 20 anos triplicou, um em cada dez rapazes portugueses com 11 anos é obeso.

A obesidade infantil dos dias de hoje pode vir a ser a responsável pela queda da esperança média de vida dos portugueses e lutar contra isso depende de algo tão simples como aquilo que os pais dão aos filhos para comer. 

Seguir a dieta mediterrânea, assegurar as necessidades nutricionais da adolescência e evitar ao máximo todas as tentações práticas e à mão de semear que nada mais fazem do que tirar saúde aos jovens são algumas das ações que devem ser praticadas de imediato. Afinal, destaca a nutricionista em declarações ao Lifestyle ao Minuto, "gostar é cuidar".

Devemos criar planos nutricionais com alternativas saudáveis dentro do leque de alimentos que os adolescentes mais gostam, respeitando a necessidade de autonomia característica desta faixa etária. Podemos utilizar as motivações individuais de cada adolescente e ultrapassar as barreiras que possam dificultar a mudança para hábitos alimentares mais saudáveis. Temos de atuar!

Em que deve consistir, de um modo geral, a dieta de um adolescente?

Este é um período de grande desenvolvimento e, com exceção dos primeiros dois anos de vida, é onde ocorre a maior velocidade de crescimento e por isso a alimentação deve assegurar energia mas também todos os nutrientes em qualidade e quantidade adequada. A dieta deve ser baseada na prática de uma alimentação saudável, e dando como exemplo o padrão de dieta mediterrâneo, com consumo abundante de alimentos de origem vegetal (cereais pouco refinados ou integrais, produtos hortícolas, fruta fresca, leguminosas, frutos secos e oleaginosos), azeite como principal fonte de gordura, opção de lácteos com redução no teor de gordura (ex: meio-gordo), consumo preferencial de pescado e aves em detrimento de carnes vermelhas; a alimentação deve ser baseada na seleção de produtos frescos da região, pouco processados e sazonais.

Estamos conscientes de que na sociedade atual nem sempre é fácil os jovens aderirem a estes princípios e resistirem a tantas solicitações alimentares que se afastam deste padrão saudável. Todos, incluindo profissionais de saúde, familiares, indústria alimentar, autarquias e Governo temos um papel importante em informar, produzir, legislar de modo a que a opção por uma alimentação saudável seja facilitada aos jovens.

A partir de que idade, e em que medida, deve o jovem começar a adotar este tipo de alimentação?

A adolescência está definida como o período entre os 10 e os 19 anos. A opção de uma alimentação saudável deve iniciar-se bem mais cedo, preferencialmente desde os seis meses no início da diversificação alimentar. A transição para a adolescência não se faz de um dia para o outro e as necessidades nutricionais específicas desta etapa dependem igualmente do desenvolvimento individual.

Quais são os alimentos que devem ser evitados nesta fase da vida? Porquê?

Contrariamente ao que se verifica atualmente, onde a nível nacional os adolescentes são os 'campeões' de consumo, devem evitar os alimentos que apresentam elevada densidade de energia e baixa de nutrientes, que são os bolos, doces, bolachas, snacks, salgados, pizzas e refrigerantes.

E quais os alimentos que devem ser consumidos em maior quantidade?

Diariamente os adolescentes devem consumir: cereais pouco refinados ou integrais que devem ser os maiores fornecedores da tão necessária energia nesta fase do crescimento; produtos hortícolas em sopa e no prato como acompanhamento, no mínimo de três porções/dia; fruta fresca na quantidade de duas a quatro peças/dia (atualmente, em média, comem pouco mais de uma peça/dia); leite e/ou derivados, duas a três porções/dia e escolher os produtos que tenha redução parcial de gordura (meio-gordo). De consumo semanal, não esquecer as leguminosas, estas são uma fonte de glícidos complexos, proteína e fibra e devem ser ingeridas duas a três vezes por semana.

No caso de jovens desportistas, que cuidados 'extra' com a alimentação devem ter?

Os jovens desportistas têm maiores necessidades energéticas, proteicas e de alguns micronutrientes. Devem assegurar que a alimentação cobre este incremento. Mas realço que na grande maioria dos casos os adolescentes já têm ingestão de proteínas superior as necessidades e a suplementação com produtos dietéticos (ex: proteína Whey) não deve ser feita aleatoriamente.

Se o adolescente for desportista, aconselho que consulte um nutricionista, que irá determinar as necessidades nutricionais específicas de acordo com o sexo, peso, altura, fase de crescimento e o tipo (intensidade, número e duração de treino e competição) da atividade, e quando necessário indicará qual a suplementação mais adequada. O uso indevido de suplementos poderá comprometer o normal funcionamento do organismo.

Portugal está no top 5 de países europeus com maior taxa de obesidade juvenil. O que está a falhar e o que deve ser feito para combater esta epidemia (que se alastra à idade adulta)?

Haverá muitas falhas e de origem multivariada, mas como nutricionista, ligada a esta área da alimentação infantil e juvenil gostaria de apontar antes soluções, e dizer a todos os adolescentes que é fácil manter uma alimentação equilibrada, diversificada e simultaneamente agradável. Alimentação saudável não é sinonimo de peixe cozido com brócolos, embora seja um prato com composição nutricional excelente, possivelmente não será muito apelativo para a maioria dos adolescentes.

Devemos criar planos nutricionais com alternativas saudáveis dentro do leque de alimentos que os adolescentes mais gostam, respeitando a necessidade de autonomia característica desta faixa etária. Podemos utilizar as motivações individuais de cada adolescente e ultrapassar as barreiras que possam dificultar a mudança para hábitos alimentares mais saudáveis. Temos de atuar! Sabemos que adolescentes com excesso de peso têm forte probabilidade de virem a ser adultos obesos e sabemos igualmente que a obesidade está associada a pior qualidade de vida. Queremos o melhor para os nossos filhos, é importante intervir na prevenção e no tratamento do excesso de peso e não desvalorizar uma situação que com intervenção adequada passível de ser reversível. Gostar é cuidar.

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