Doenças oncológicas do sangue: tipos, sintomas e diagnóstico
Descubra tudo o que precisa de saber sobre as doenças hematológicas.
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Lifestyle Dr. Manuel Abecassis
Neste que é conhecido como o Mês das Doenças do Sangue, o Dr. Manuel Abecasis, médico hematologista e presidente da APCL - Associação Portuguesa Contra a Leucemia – escreveu um artigo para o Notícias ao Minuto sobre as doenças do sangue:
“As doenças de sangue, também conhecidas como doenças hematológicas, podem ser de natureza benigna (como, por exemplo, as anemias por falta de ferro) ou maligna (como as leucemias e os linfomas).
Irei apenas referir-me às doenças hematológicas malignas mais comuns que, apesar de serem raras e representarem cerca de 1% de todos os cancros, são as que que criam mais impacto na vida das pessoas. Uma vez que são doenças oncológicas, inspiram de preocupações adicionais pois estão, geralmente, associadas a tratamentos complexos com acentuados efeitos secundários e administrados por equipas médicas de especialistas muito diferenciados, conhecidos por hematologistas clínicos.
No entanto, nem sempre uma leucemia ou um linfoma é uma doença que necessita de tratamento agressivo. Isto porque estas doenças nem sempre têm elevado grau de malignidade. Há casos em que têm um comportamento indolente, podendo passar meses ou mesmo anos sem necessidade de tratamento.
Hoje em dia, com o recurso a técnicas sofisticadas de laboratório como a citogenética e a biologia molecular é possível classificá-las em muitos subtipos diferentes, mantendo-se no entanto a classificação de formas agudas e crónicas para as leucemias e de indolentes ou agressivos para os linfomas.
Para o diagnóstico adequado de uma leucemia é necessário fazer um mielograma: trata-se de um exame das células da medula óssea, que é obtida por uma punção óssea, com anestesia local, a partir do osso ilíaco da bacia. Para o diagnóstico de um linfoma, é necessário fazer uma biopsia de um gânglio afetado afim de se colher material adequado para o diagnóstico.
Os sintomas que estas doenças apresentam podem ser muito variados e não são específicos, ou seja, os mesmos sintomas podem surgir em doenças que nada têm a ver com uma leucemia ou um linfoma.
As leucemias crónicas são muitas vezes descobertas em análises de rotina, podendo portanto não dar sintomas; já as leucemias agudas evoluem com manifestações muito exuberantes: febre alta, hemorragias, anemia grave e o estado geral do doente é bastante afetado, ou seja é fácil perceber que a pessoa está muito doente.
Quanto aos linfomas, as formas indolentes manifestam-se quase sempre pelo aparecimento de “caroços” (gânglios linfáticos aumentados) no pescoço, nas axilas ou virilhas, por vezes sem outros sintomas ou acompanhados de cansaço, alguma perda de peso e, por vezes, febre em geral baixa. Já os linfomas agressivos são acompanhados, além do aumento de volume dos gânglios linfáticos, de queixas importantes como mal-estar geral, perda de peso, febre e alterações importantes das análises.
A suspeita de uma destas situações é levantada inicialmente pelo médico de família do doente que o refere a um hospital onde haja um serviço de Hematologia afim do diagnóstico ser confirmado e ainda se fazerem os exames necessários, como o mielograma ou a biopsia ganglionar e outros, como uma tomografia axial computorizada (TAC), e/ou um PET scan (tomografia por emissão de positrões ou Positron Emission Tomography), que permitem avaliar a extensão da doença.
Para cada doente é necessário ter um diagnóstico preciso de modo a que se possa estabelecer o melhor plano de tratamento. Hoje em dia, há fármacos muito eficazes para a maior parte das situações que, embora de utilização complexa, permitem obter bons resultados e, por vezes, a cura da doença.
Quando as pessoas necessitam de apoio, podem sempre dirigir-se a órgãos e associações, como é o caso da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) que as podem ajudar a esclarecer as suas dúvidas, falar com especialistas ou mesmo partilhar a sua experiência com outros doentes e familiares. O principal objetivo da APCL é alertar para a importância de consciencializar e mobilizar a sociedade civil no apoio a todos os que diariamente lutam contra a doença da Leucemia. É então fundamental que as pessoas estejam bem informadas sobre as doenças do sangue e os seus sintomas e que se sintam devidamente informadas e acolhidas.”
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