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Beleza sem crueldade. Como a The Body Shop quer mudar o mundo

O primeiro passo já foi dado, mas o caminho a percorrer é ainda longo. A The Body Shop lançou o desafio e quer recolher pelo menos oito milhões de assinaturas para que seja criada uma lei que proíba os testes em animais para fins cosméticos em todo o mundo. Lifestyle ao Minuto este à conversa sobre esta campanha com Jessie MacNeil–Brown, gestora de responsabilidade corporativa e de campanhas internacionais da marca.

Beleza sem crueldade. Como a The Body Shop quer mudar o mundo
Notícias ao Minuto

07:42 - 22/06/17 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle Jessie MacNeil–Brown

#foreveragainstanimaltesting. Possivelmente já viu a hashtag a circular nas redes sociais e quase sempre acompanhada de uma imagem em que alguém simula as orelhas de um coelhinho. Esta é uma das formas que a The Body Shop encontrou para fazer passar uma mensagem que, para a marca, é bastante clara: Temos de acabar com os testes em animais para fins cosméticos.

Lado a lado com a Cruelty Free International - e possivelmente contra grandes nomes de uma das indústrias que mais milhões mexe -, a marca britânica quer mudar o mundo e, para tal, desafia oito milhões de pessoas a assinarem uma petição contra este tipo de testes, petição essa que poderá vir a ser transformada numa Convenção Internacional e depois entregue às Nações Unidas. O objetivo? Conseguir uma lei universal que bana em todo os mundos os testes em animais para fins cosméticos e que, com isso, trave a morte de mais de meio milhão de animais todos os anos, que vêem as suas vidas sacrificadas às custas da beleza humana.

O primeiro passo para esta mudança de paradigma foi dado em 1989, quando a The Body Shop lançou uma campanha para a combater os testes em animais de produtos e ingredientes usados na cosmética. Essa campanha levou, em primeiro lugar, ao fim desses testes no Reino Unido (em 1998) e depois na União Europeia, tendo surgido a primeira proibição de testes em 2004, uma segunda em 2009 e depois, em 2013, a proibição de venda e importação de produtos e ingredientes testados em animais.

Jessie MacNeil–Brown, gestora de responsabilidade corporativa e de campanhas internacionais da The Body Shop esteve em Lisboa para falar desta campanha e conversou com o Lifestyle ao Minuto sobre todos os desafios que ainda estão por superar.

Sabemos que estas alternativas são mais eficientes, mais baratas e rápidas e é por isso que demos início a esta campanha, é desnecessário existirem meio milhão de animais mortos todos os anos para testes. Isso não é necessário de todo.

Como está a correr a petição? Está confiante?

A petição está a correr bastante bem, é recente, tem cerca de duas semanas, mas conta já com mais de meio milhão de assinaturas. Estou muito contente com o empenho dos meus colegas nisto, temos muitas celebridades a apoiarem-nos, por isso, agora é só conseguir chegar às oito milhões de assinaturas. Estou muito feliz.

O que leva Jessie a acreditar que as Nações Unidas vão acolher a convenção internacional e influenciar a criação de uma lei que bane os testes em animais para fins cosméticos?

Acredito que vamos conseguir porque teremos as oito milhões de assinaturas para mostrar que as pessoas em todo o mundo querem isto e também pelas razões que nos levaram a fazer esta campanha. Temos assistido a bastantes movimentos, a vários governos a mudarem as suas leis, mas não o fazendo no mesmo sentido, por isso, com a convenção internacional vamos conseguir a mesma lei em todo o lado e é um pouco mais fácil para os governos intervirem.

O que podemos esperar se esta petição der mesmo origem a uma lei universal?

É bastante simples e bastante direto, na verdade, é como o que está a acontecer aqui na União Europeia, em que todos os países têm de seguir uma lei e as coisas, com isso, mudaram dramaticamente para a indústria da cosmética, para os consumidores e para a forma como os cosméticos são feitos aqui na União Europeia. Muitos países agora têm de seguir os standards da União Europeia porque querem vender na União Europeia. Sabemos que as alternativas que não testam estão disponíveis, sabemos que são mais baratas, mais rápidas e mais eficazes, por isso, deve ser relativamente simples.

O que pensa sobre as possíveis reações de países como a Rússia ou os Estados Unidos, onde os testes não são proibidos?

Bem, a Rússia tem mostrado muito interesse em vir a banir os testes em animais e os Estados Unidos, na semana passada, reintroduziram uma proposta no Senado que potencialmente pode banir os testes em animais, ou seja, tem havido muito interesse.

E na China?

Para ser justa, a China tem feito progressos e vimos que, depois da União Europeia ter banido os testes em animais, eles começaram a fazê-lo devagar, muito devagar. Temos assistido a alguns sinais de que estão a progredir. Comparada com países como o Japão, a China tem tentado progressos e estamos esperançosos que eles proíbam os testes em animais no futuro, talvez leve cinco anos, podemos dizer isto tendo em conta a forma como atuam.

E se toda esta campanha não resultar, o que pretendem fazer?

Vamos continuar a tentar e a lutar. Se não conseguirmos chegar às Nações Unidas no próximo ano, vamos continuar a tentar.

As pessoas têm realmente consciência de como são os testes em animais?

Sim.

Então porque é que continuam a comprar produtos que implicam sofrimento animal?

Não sei, mas o que sei é que a Body Shop tem tido um crescimento de clientes que estão apaixonados pelo conceito. Angariamos seis mil clientes clientes em oito países no ano passado e a luta contra os testes em animais na cosmética foi o mais importante para eles, temos assistido a uma procura crescente de produtos vegan e vegetarianos.

A mensagem não está a resultar?

Para nós, a mensagem está a resultar muito bem, porque temos tido muitos clientes a virem ter connosco por causa disso, mas é, definitivamente, um grande desafio.

Há pouco disse que as alternativas aos testes em animais são mais eficaz, em que medida?

A Cruelty Free International disse-nos que os métodos com testes em animais são entre 40% a 60% eficientes, enquanto os métodos alternativos e que não testam em animais são cerca de 80% a 90% eficazes. Sabemos que estas alternativas são mais eficientes, mais baratas e rápidas e é por isso que demos início a esta campanha, é desnecessário existir meio milhão de animais mortos todos os anos para testes. Isso não é necessário de todo.

De acordo com a PETA, algumas marcas do grupo L’Óreal, do qual a The Body Shop faz parte, continuam a fazer testes em animais para venderem os cosméticos em países como a China. Porque é que a L’Óreal não segue o mesmo caminho da The Body Shop e de outras marcas como a Urban Decay?

No site do grupo L’Óreal existe um comunicado em que explicam que não testam em animais, por isso não sei porque é que a PETA diz isso. Nós, da The Body Shop, falamos com a L’Óreal nos seus escritórios e eles dizem-nos que não testam em animais.

Mas a L’Oréal continua a vender alguns produtos na China, onde, para já, os testes em animais continuam a obrigatórios, algo que a The Body Shop, por exemplo, se recusa a fazer…

Essa é uma decisão que algumas das marcas da L’Oréal fazem. A China é um mercado de cosmética gigante, mas nós decidimos não vender lá porque existe a possibilidade de os nossos produtos serem testados em animais. Mas o que a L’Oréal não diz a muitas pessoas é que nos passados dez anos tem trabalho com as autoridades na China para recorrer a uma alternativa aos testes em animais e mudar as leis.

Considera a The Body Shop um exemplo a seguir?

Sim, porque nos últimos 40 anos temos feito produtos que não são testados em animais, temos feito produtos vegetarianos e acreditamos no negócio como uma força do bem. Temos um fantástico programa de Comércio com Comunidades em que trabalhamos com 20 comunidades à volta do mundo para obter ingredientes fantásticos e de alta qualidade enquanto, ao mesmo tempo, providenciamos uma vida sustentável a essas comunidades, o que tem um impacto tremendo nas suas vidas.

Portugal poderá vir a fazer parte desse programa de Comércio com Comunidades?

Sim, claro. Nós temos o programa de Comércio com Comunidades em Itália, na França, em Inglaterra, por isso, sim, se encontrarmos o ingrediente certo é claro que Portugal poderá fazer parte.

Para além de zelar pela vida dos animais, que mais benefícios traz o fim deste tipo de testes?

Em primeiro lugar, é um grande benefício os animais não serem sacrificados. A prioridade é sempre a segurança dos clientes e esta é a nossa posição, mas acho mesmo que o importante é que os animais não sejam magoados e sacrificados.

Para terminar, qual é o próximo passo da The Body Shop?

Agora estamos mesmo focados na campanha e em conseguir as oito milhões de assinaturas, isso é aquilo em que estamos mesmo centrados, mas posso dizer-te que vamos ter uma fantástica parceria de beneficência no Natal, por isso, lá para agosto ou setembro dou mais novidades.

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