O facto de, todos os anos, os seres humanos despejarem entre 5 a 13 milhões de toneladas de plástico para os oceanos está a começar a prejudicar os produtos oriundos do mar que consumimos.
A conclusão é de um estudo liderado pelo professor Ali Karami da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade Putra, na Malásia. Num artigo publicado na revista especializada Nature, o especialista explica que o plástico deitado ao mar desfaz-se em partículas minúsculas – os chamados microplásticos – que depois regressam a terra por via, por exemplo, do sal.
Para ser levado a cabo o estudo, os investigadores extraíram e analisaram partículas de microplásticos de 17 marcas de sal com origem em oito países diferentes, incluindo Portugal.
Segundo o estudo, apenas uma marca não apresentava qualquer presença de microplásticos. Já as restantes apresentavam entre um a 10 microplásticos por quilo de sal.
No que diz respeito às marcas portuguesas de sal, os investigadores encontraram dez partículas de microplásticos por quilo de sal numa das marcas analisadas, o que não é uma boa notícia.
Das 72 partículas retiradas das amostras 41,6% eram polímetros plásticos, 23,6% eram pigmentos e 5,5% eram carbono livre, sendo que 29,1% não foi possível identificar.
“Os microplásticos podem ser uma preocupação para a saúde, uma vez que são compostos por químicos e micro-organismos perigosos”, lê-se no relatório.
O professor Ali Kamari refere ainda são “necessários novos avanços nas técnicas de isolamento para quantificar as partículas dos microplásticos antes que seja feita uma avaliação mais precisa de quais são os impactos do consumo do sal”.
Em jeito de conclusão, o investigador garante que os “resultados deste estudo não mostram uma carga significativa de microplásticos […] e, consequentemente, não mostram riscos para a saúde associados ao consumo de sal”.