Controlo da doença crónica pode evitar um em cada três casos de demência
Estudo da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no Brasil, analisou 1.092 cérebros de pacientes com mais de 50 anos já sem vida.
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Um terço dos casos de demência diagnosticados no Brasil poderia ser evitado com o controlo de doenças crónicas como a hipertensão e a obesidade.Embora seja um dado sobre um país em específico, esta pode ser a realidade em outras tantas nações, onde as doenças crónicas nem sempre são diagnosticadas atempadamente ou tratadas da forma mais correta.
A conclusão é de um recente estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que analisou 1.092 cérebros de pacientes com mais de 50 anos já sem vida.
Numa primeira fase, informa o Estadão, os especialistas verificaram junto dos familiares quantos pacientes tinham sintomas e diagnóstico de demência, chegando a uma amostra de 480.
Depois, ao analisar o tecido cerebral dessas pessoas, os pesquisadores descobriram que em 50% dos casos a doença era causada pelo mal de Alzheimer, mas que em 35% de outros casos a demência era do tipo vascular, ou seja, associada a episódios de derrames geralmente causados por doenças evitáveis, como a hipertensão.
"A demência vascular pode ocorrer após um derrame grande, mas também acontece após repetidos episódios de pequenos derrames cerebrais, que muitas vezes não têm nenhum grande sintoma e podem passar despercebidos. Na maioria dos casos, esses derrames podem ser prevenidos com uma boa saúde vascular, ou seja, controlando a hipertensão, não fumando, praticando atividades físicas", explica Claudia Suemoto, professora da disciplina de geriatria da FMUSP e uma das autoras do estudo, publicado no periódico Plos Medicine, citada pelo Estadão.
O que chamou a atenção dos pesquisadores foi que a proporção de demência do tipo vascular é maior no Brasil do que em outros países. "Estudos internacionais feitos principalmente nos Estados Unidos e na Europa mostram que a demência vascular corresponde a 20% dos casos nessas populações, o que indica que, no Brasil, as falhas na assistência à saúde podem deixar a população mais suscetível a esse tipo de demência que poderia ser evitada", diz.
O estudo descobriu ainda que, dos 612 pacientes que não tinham sintomas de demência, 25% apresentaram, nos exames de imagem, lesões cerebrais indicativas do problema.
"Pode ser que a doença estivesse na fase pré-clínica (sem sintomas) ou que os familiares achassem que os sintomas eram comuns da velhice", diz Claudia.
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