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Oncologia Pediátrica. Quando o lobo mau é o protagonista da história

As crianças vivem de histórias, de fábulas e de contos. Vivem de uma imaginação sem fim, capaz de fazer da personagem mais singela o verdadeiro protagonista de qualquer enredo. Nas suas cabeças criativas o vilão lobo mau é sempre vencido… a não ser que a história seja a própria realidade. Celebra-se esta quarta-feira o Dia Internacional da Criança com Cancro, o lobo mau de qualquer infância.

Oncologia Pediátrica. Quando o lobo mau é o protagonista da história
Notícias ao Minuto

07:14 - 15/02/17 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle Cancro

Associar a palavra cancro a crianças dá arrepios a qualquer um. O sentimento de injustiça é enaltecido em uníssono e não há justificação racional possível para tal realidade cruel, que faz um pequeno ser ainda sem defesas combater a doença do século, aquela que é a doença que ainda tira a vida a muitos adultos e que faz olhar para vida com o outros olhos.

Mas o cancro pediátrico é uma realidade, uma história cada vez mais comum. Em Portugal, anuncia a Fundação Rui Osório de Castro – criada em 2009 com o objetivo de apoiar e proteger as crianças com cancro, bem como promover o seu bem-estar físico e emocional - existem cerca de 2.200.000 crianças e, por ano, segundo os últimos dados, surgem 350 novos casos de cancro pediátrico, uma doença que aumenta cerca de 1% ao ano. A taxa de sobrevivência mantém-se elevada, na ordem dos 80%, mas este continua a ser um capítulo negro da história infato-juvenil.

Esta quarta-feira, celebra-se o Dia Internacional da Criança com Cancro, um dia em que o lobo mau é protagonista, mas nem por isso vencedor na história. Saiba mais sobre esta doença e sobre os tipos de cancro que acrescentam páginas à história de qualquer família.

O que é o cancro pediátrico?

O cancro infantil desenvolve-se da mesma forma do que aquele que afeta os adultos. Trata-se de uma doença multifatorial que provoca a proliferação de células de forma anormal e a diminuição da apoptose (isto é, da capacidade das células com defeito se suicidarem e darem lugar a células saudáveis).

Explicar o cancro a crianças não é fácil. Assim como não é fácil explicar-lhes todas as mudanças que sentirão no corpo e o porquê de terem uma doença tão fortemente associada ao estilo de vida.

A Fundação Rui Osório de Castro partilhou este vídeo há três anos com o intuito de explicar de forma simples e clara aquilo que é o cancro. Contudo, a história é bem mais complexa do que isso.

Enquanto o cancro que afeta os adultos está grandemente relacionado com o estilo de vida – sendo que dois em cada três cancros estão relacionados com maus hábitos e, por isso, poderiam ser evitados -, o cancro pediátrico tem uma origem menos clara e, por isso, cada vez mais difícil de aceitar.

“O desenvolvimento do cancro depende de múltiplos fatores, alguns inerentes ao próprio organismo (agentes internos) e outros de natureza ambiental (agentes externos). Os fatores ambientais estão pouco estudados na criança uma vez que o tempo de exposição é curto, estando apenas estabelecido o papel de alguns vírus e da exposição a radiações. O cancro hereditário, em que uma predisposição para desenvolver a doença é transmitida de pais para filhos, é muito raro. Para que o cancro se desenvolva é necessário que, de forma cumulativa e continuada, se produza mais do que uma alteração celular, a primeira das quais pode ocorrer já na vida intra-uterina”, lê-se no site da Fundação Rui Osório de Castro.

Os tipos de cancro pediátrico

O cancro pode, na verdade, afetar várias partes do corpo de uma criança, contudo, é nas células sanguíneas, nas células cerebrais e nas células do sistema músculo-esquelético que mais facilmente se ‘aloja’.

De acordo com a informação avançada pelo Portal Português de Oncologia Pediátrica (PIPOP), os tipos de cancro mais comuns em crianças são a Leucemia (que afecta os glóbulos brancos do sangue), os tumores no Sistema Nervoso Central, os Neuroblastomas (a partir do sistema nervoso simpático, mas que tem uma localização variada) e os Linfomas (que afetam o sistema linfático). Diz ainda o portal que é também comum na idade pediátrica o tumor de Wilms (tumor renal), o Retinoblastoma (tumor do globo ocular), o Osteossarcoma (tumor ósseo) e os Sarcomas (tumores dos tecidos moles).

A Leucemia é responsável por 30% dos cancros infantis e pode manifestar-se de três formas: Leucemia linfóide/linfoblástica aguda (a mais comum, especialmente entre os dois e os cinco anos); Leucemia mielóide/mieloblástica aguda (afeta mais os adultos e não tanto as crianças) e Leucemia mielóide crónica (rara nas crianças e que está associada a anomalias no cromossoma).

O tumores do Sistema Nervoso Central mais comuns entre as crianças são os que ocorrem nas células gliais (células não neuronais do sistema nervoso central que são responsáveis por garantir o suporte e nutrição aos neurónios). De acordo com o PIPOP, são cinco os tipos mais comuns deste cancro. A saber: Glioma do tronco cerebral (com origem no interior do encéfalo e que afeta mais crianças ente os dois e os quatro anos, embora possa ainda ocorrer na adolescência); Astrocitoma (pode surgir em qualquer arte do cérebro, cerebelo e espinal-medula); Ependomoma (muito frequente entre crianças e jovens adultos e afeta os ventrículos ou o canal central da espinal-medula); Meduloblastoma (nasce no cerebelo e é um dos tumores mais comuns entre os cinco e os sete anos); Craniofaringioma (frequente no encéfalo).

Com origem embrionária e com maior incidência em crianças com menos de dois anos, o neuroblastoma representa 8% a 10% dos casos de tumores em crianças.

Entre os tipos mais comuns de cancro pediátrico estão ainda os linfomas, que se desenvolvem nas células do sistema linfático e que têm origem em alterações genéticas durante a formação de uma célula. Este tipo de cancro divide-se em dois grandes grupos: Linfoma de Hodking (raro em crianças com menos de cinco anos, mas comum em menores de 16 anos) e Linfoma não-Hodking (representa 60% dos tumores de crianças com idades entre os cinco e 15 anos, apresentando uma maior incidência em rapazes).

O Linfoma Hodkings “manifesta-se por aumento do volume dos gânglios linfáticos, sobretudo ao nível do pescoço, axilas e virilha”, explica o site do PIPOP. Já o Linfoma não-Hodking apresenta-se sob duas formas: Linfoma Linfoblástico (surge na sua maioria das vezes na linhagem T (que origina os linfócitos T) surge na sua maioria das vezes na linhagem T (que origina os linfócitos T) e Linfoma Burkitt (e resulta da proliferação neoplásica de células B maduras e apresenta duas formas, uma endémica e outra esporádica, sendo esta última a mais frequente em Portugal).

O tumor de Wilms é frequente na infância e aparece mais frequentemente antes dos cinco anos de idade. Desenvolve-se nos rins e afeta, geralmente, apenas um deles.

Com uma possível ligação hereditária, o Retinoblastoma é também um cancro comum entre as crianças. Trata-se de tumor ocular que se desenvolve na retina (olho) e que é resultante da mutação de um gene, e que ocorre normalmente antes dos quatro anos de idade.

Embora as doenças do fígado sejam fortemente associadas aos adultos, a verdade é que as crianças podem também ser um alvo. Os tumores hepáticos ocorrem quando as células que constituem o fígado crescem de forma descontrolada e podem manifestar-se de duas formas: Hepatoblastoma (afeta crianças entre os dois meses e os três anos) e Carcinoma hepatocelular (cuja causa ainda é desconhecida, mas suspeita-se que esteja relacioando com a Hepatite B, afetando mais as crianças entre os dez e os 16 anos).

Mais raros são os Sarcomas das Partes Moles, tumores que ocorrem habitualmente em crianças e adolescentes com idades inferiores a 15 anos. Este tumor pode nascer no músculo, no tecido fibroso, na cartilagem, no osso e na gordura, sendo que, em idade pediátrica, é a cabeça, o pescoço, a área genital, o tronco, os braços e os pés as zonas mais vulneráveis.

De acordo com o leque de informações apresentados pelo Portal Português de Oncologia Pediátrica no seu site, entre os tipos de sarcoma mais comuns entre as crianças e jovens em idade pediátrica salientam-se o Sarcomas de Ewings (que ocorre em qualquer parte do organismo), o Rabdomiosarcoma (que surge na musculatura esquelética com qualquer localização), o Sarcoma Sinovial (é raro e ocorre, habitualmente, em jovens com idades superiores a 15 anos, envolvendo sobretudo as articulações nos membros inferiores), o Neurofibrosarcoma (que envolve os nervos periféricos) e o Osteossarcoma (tumor que afeta os ossos, nomeadamente, o úmero, tíbia e fémur distal, podendo afetar outros ossos e atingir os pulmões).

Embora cada tipo de cancro afete as crianças e adolescentes de forma distinta e os sintomas possam variar de pessoa para pessoa, existem alguns sinais que não devem escapar aos pais, como os episódios recorrentes de febre, as dores musculares e/ou ossos, as hemorragias ou o inchaço, entre outros.

O meu filho tem cancro, e agora?

Primeiro, é preciso parar para respirar, pensar e chorar, sem qualquer tipo de vergonha. Mencionar as palavras ‘cancro e filho’ ao mesmo tempo pode deixar uma família abalada, triste e ‘sem chão’. Mas, mais do que nunca, as crianças precisam dos pais com energia, confiança e sabedoria.

Tal como aconselha o PIPOP, os pais devem levar os filhos ao médico assim que surjam os primeiros sintomas da doença. Depois, devem procurar informar-se sobre o diagnóstico feito à criança, procurando boas fontes de informação, como portais de oncologia, institutos de tratamento ao cancro, revistas científicas certificadas ou sites especializados, como este.

Confiar no hospital onde a criança está a ser seguida é também importante, pois dará outro conforto ao menor, podendo a instituição fornecer apoio psicológico e educacional. Além, um pai e uma mãe que sentem que o filho está em boas mãos conseguem reduzir os próprios níveis de stress e, com isso, ter mais saúde.

Os pais/cuidadores devem ainda procurar informações sobre os direitos que assistem às crianças com cancro e às suas famílias, “nomeadamente, legislação sobre o trabalho, subsídios e apoio na doença, aconselha” o PIPOP, que destaca ainda a importância de pedir ajuda e dos pais cuidarem de si mesmos. “É importante que procure manter, dentro do possível, as suas atividades pessoais (ir ao cinema, ouvir música, ler livros e sair com os amigos). Deve procurar manter uma boa condição física, psicológica e emocional de forma a garantir, a si mesmo, pequenos momentos de descanso e recuperação para restabelecer forças e energia”, lê-se no site do organismo.

No que diz respeito à ajuda a pacientes oncológicos e respetivos cuidadores, a Liga Portuguesa Contra o Cancro dispõe de uma linha de apoio (800 100 100) e existem ainda instituições que atuam diretamente em prol do bem-estar do paciente e dos seus amigos e familiares. Como é o caso da ACREDITAR – Associação de Pais e Amigos de Criança com Cancro, AAPC - Associação de Apoio a Pessoas com Cancro, a AMI - Assistência Médica Internacional , Associação Inês Botelho, a Associação Portuguesa da Luta Contra A Leucemia, a Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas, a Fundação do Gil, a Make a Wish, entre outras.

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