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Quando o amor através da comida tira saúde ao animal de estimação

Um cão feliz é um cão que é amado, que é cuidado e que, acima de tudo, é saudável. E a saúde começa naquilo que come. Estivemos à conversa com a médica veterinária especialista em nutrição Rita Silva para perceber como as doenças das pessoas são também uma realidade para os animais e como os donos podem encontrar a melhor alimentação para o seu bicho.

Quando o amor através da comida tira saúde ao animal de estimação
Notícias ao Minuto

07:06 - 03/02/17 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle Veterinários

Não são apenas os humanos que sofrem com as consequência das más escolhas alimentares. Também os animais têm na nutrição a sua melhor fonte de saúde e bem-estar ou até mesmo de doença… e tudo depende dos donos.

Numa altura em que crescem a olhos vistos os casos de animais, especialmente domésticos, com doenças de humanos - como é o caso do cancro, da obesidade e da diabetes - todos os alertas sobre a importância da boa alimentação animal são poucos.

Para tentar compreender como a alimentação é fundamental para a qualidade de vida dos nossos bichos, estivemos à conversa com a médica veterinária especialista em nutrição Rita Silva, que vai marcar presença no Pet Festival, que decorre de hoje a domingo na FIL, em Lisboa.

Obesidade: A epidemia dos humanos e dos amigos de quatro patas

"Se queremos promover a saúde, ter animais mais saudáveis, que durem mais anos com qualidade de vida, sem dúvida que um ponto fundamental é a nutrição, faz parte do bem-estar", diz a especialista, que revela que há cada vez mais um "conhecimento mais aprofundado" sobre o impacto da alimentação na saúde dos animais.

"Já se vai percebendo que aquilo que escolhemos dar aos nossos gatos e cães interfere grandemente na sua saúde. Conseguimos prevenir e até tratar doenças, já estamos a falar numa ótica de terapêutica através da abordagem nutricional. No caso da diabetes, por exemplo, alimentação é fundamental num gato e num cão", explica a médica veterinária, realçando uma das tendências mais atuais na saúde animal: a obesidade.

Segundo Rita Silva, o número de casos de animais domésticos com obesidade "tem aumentado, porque muitas vezes as pessoas gostam muito dos seus animais, não é isso que está em questão, tratam-nos como elementos da família, mas como não podem estar com eles sempre, chegam a casa e acham que têm que dar tudo e não têm controlo da dose", acabando por dar mais comida do que aquela que seria realmente necessária para o bem-estar do bicho.

"Por exemplo, no caso de um labrador, que já tem tendência para o excesso de peso, eu não lhe posso dar tudo. É um cão que, de certeza, vai engordar. Eu tenho que adaptar a alimentação, não é deixar de dar de comer, vou dar aquilo que ele precisa, tendo em conta o estilo de vida que ele tem e a raça", explica.

"Quando temos um cão com excesso de peso, a conclusão é que comeu mais do que a energia que gastou. Sem dúvida que é preciso controlar aquilo que ele come e, por vezes, isso pode passar por mudar realmente a alimentação". Mas, para tal, é preciso que o cão faça uma dieta muito restrita? Não, tudo passa – tal como acontece com os humanos – pela reeducação e ajuste alimentares.

Vamos ajudar [o animal] a mudar hábitos e a controlar o apetite, de maneira a que o animal não peça mais comida. Isto consegue-se, mas tem de ser um alimento específico para perda de peso e, normalmente, nesse alimento específico a dose não tem de ser menor. Visualmente, aquilo que lhe vou dar de croquetes pode ser a mesma quantidade, só que a diferença é o que está lá dentro, é um alimento que tem menos gordura, que pode ter mais proteína para garantir a massa muscular, mas é um alimento mais rico em fibra, para satisfazer e para conseguir dar volume, para não termos que dar uma dose tão pequenina. Se tivéssemos que dar uma dose mais pequena, o cão ia pedir, porque estava habituado a comer bastante.

Contudo, para travar a obesidade de um animal, e até mesmo para a prevenir, a atividade física deve ser uma prática recorrente ou até mesmo diária. "Hábitos mais saudáveis passam por uma mudança de alimentação, para perder peso, mas também por construir com o dono um plano de exercício, um plano de brincadeira, o exercício é brincadeira", diz, frisando que "o animal precisa de atividade, faz-lhe bem fisicamente e mentalmente". 

"Na vida do cão há mais interesses do que comer e dormir, um cão saudável não passa horas a dormir", salienta. E estimular o lado mais ativo do animal é fácil: "Levar uma bola quando se vai à rua, ir a algum sítio onde o cão possa correr sem ser atropelado. Isso pode estimular o exercício do cão e o cão fica felicíssimo". E o mesmo acontece com um gato, "é preciso que ele brinque, há várias atividades que se podem fazer com um gato e que promovem o exercício".

A alimentação ideal. Como posso saber o que o meu cão ou gato precisa de comer?

Dar ao animal a alimentação que é mais adequada à sua raça, à sua idade, ao seu estilo de vida e à sua condição de saúde é meio caminho andado para aumentar a longevidade, assegurando, claro, a qualidade de vida.

Procurar um médico veterinário é o primeiro passo a dar, uma vez que só assim poderão ser avaliados todos os fatores que podem vir a interferir com a alimentação do bicho, mas existem já "lojas especializadas também em cães e gatos e na área nutricional e que vão apostando em conhecimento científico e formação em gatos e cães para que possam ajudar o dono, no entanto, quem deve aqui ter a primeira decisão deve ser o médico veterinário, pois pode diagnosticar alguma coisa que implique uma orientação nutricional".

A preocupação por parte dos donos quanto à boa alimentação dos animais domésticos "já se vai verificando, mas temos que continuar a informar as pessoas, a elucidá-las para as escolhas que vão fazendo".

Mas, para a médica veterinária, "o ponto importante é: escolher um alimento nutricionalmente equilibrado e que esteja especialmente de acordo com as caraterísticas do cão que tem. É conhecer a raça, conhecer a fase da vida, saber se é jovem, se é geriátrico, se está esterilizado, se tem algum tipo de sensibilidade, articular, de pele… Avaliar tudo, até mesmo a própria obesidade".

Mas quando Rita Silva fala em alimentação completa e equilibrada, não fala em ração. "A ração é associada a alimentação de animais de produção, mas não comem só os croquetes. Quando falamos em alimentos equilibrados, para determinada finalidade ou terapêutica, não falamos em ração, falamos em alimento. As pessoas ouvem tanto falar em ração que pensam que é um suplemento, mas não podemos falar de suplemento quando falamos de alimentos tão específicos, especificamente formulados para colmatar as necessidades dos nossos cães e gatos", esclarece.

Os mimos. Quando dar e como não exceder a dose recomendada?

Os mimos são sempre bem-vindos, mas "temos que ter algum cuidado com a escolha dos miminhos".

Rita Silva afirma que "é importante haver o reforço positivo", contudo, é preciso ter peso e medida nas escolhas, pois "é lógico que se eu for à rua com o meu cão e lhe der algo de alimento, esse reforço é mais rápido, depois, para a frente, pode não ser. Pode-se educar um cão a ser recompensado só pela festa, isso é possível".

Então, o que é que os donos podem dar ao meu animal para fazer um reforço positivo através do alimento? "Pode ser o próprio croquete da sua alimentação. Dando um exemplo hipotético, eu sei que ele tem que comer por dia 90 gramas. Dou 30 de manhã, vou deixar 30 para a noite e tenho os restantes 30 gramas. Como é que eu vou dar? Tenho um agregado familiar de três pessoas e as três pessoas adoram dar comidinha ao cão, então esses 30 gramas são repartidos pelos três elementos da casa. Pode-se realmente fazer-se uma divisão e, no final do dia, estou a dar a dose recomendada. Para o cão, isto é um reforço positivo, porque ele vai à rua e recebe daquele dono aquela bolinha".

Matemáticas à parte, se o dono quiser dar algo de diferente, "não é que haja necessidade, que tenha atenção aos miminhos que escolhe, quantas calorias têm e quantas vai dar por dia, porque além disso está a dar a alimentação normal e depois é já um excesso".

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