São muitos os riscos associados ao consumo elevado de sal. A ingestão diária deste nutriente deve ser moderada em qualquer idade, contudo no caso das crianças a atenção tem que ser redobrada. Mas, tal quer dizer que os mais novos não devem consumir sal?
Não, de todo. Como revela o site da Direção Geral da Saúde, Plataforma Contra a Obesidade Infantil, as recomendações para a quantidade diária de sal ingerida pelas crianças é muito inferior à dos adultos (que é de cinco gramas de sal por dia no máximo), mas não é inexistente.
Na prática, as crianças até aos seis meses de idade têm como objetivo de ingestão média de sal por dia cerca de 0,6 gramas, enquanto nos bebés entre os sete e os 12 meses é de 0,84 gramas por dia. Entre o primeiro e o terceiro ano de vida, o objetivo de ingestão média de sal não deve exceder 1,28 gramas por dia, valor que sobre para 1,80 gramas/dia em crianças dos quatro aos seis anos. Dos sete aos dez anos, o consumo é de 3,06 gramas, e dos 11 aos 14 anos é de 4,08 gramas por dia.
Mas estes valores excluem todos os produtos processados e que possuam sal adicionado, alimentos que devem ser banidos da alimentação dos mais novos pelos riscos para a saúde que portam, como revela o médico William Dietz ao The New York Times.
“Os pais devem ler as tabelas nutricionais e estar conscientes da quantidade de sódio que os alimentos contêm”, diz, salientando, porém, que a adição de sal aos pratos confecionados em casa pode ser uma estratégia para que as crianças comecem a comer alimentos até agora rejeitados, como os legumes. Contudo, a adição de sal deve ser sempre feita sem que se excedam as quantidades recomendadas, que devem ser discutidas com o pediatra.
“À semelhança do que acontece na vida adulta, o sal é de extrema importância também na infância já que a redução da sua ingestão na infância pode levar à redução do risco de problemas cardíacos, nomeadamente ataques cardíacos e falência cardíaca em idade adulta”, lê-se na plataforma da DGS, que indica ainda que “uma vez que a criança comece a comer um vasto leque de alimentos, a sua ingestão de sal aumenta rapidamente, ocorrendo um ajuste dos seus recetores de sabor às elevadas concentrações do mesmo nos alimentos”.
Assim sendo, alerta, “a criança desenvolve um gosto por alimentos salgados, o que resulta muitas vezes num consumo de sal em quantidades superiores às verificadas em adultos”. Situação que é grave, uma vez que as crianças com parentes próximos (primeiro grau) hipertensos apresentam um maior risco de sofrerem de hipertensão arterial e “quanto mais precoce for a exposição da criança a elevados níveis de sódio, maior será a probabilidade da mesma desenvolver tensão arterial elevada em idade adulta”.