Se os homens à sua volta estão a ficar calvos ou a perder alguns cabelos evite falar disso, há quem diga que esta é uma das grandes inseguranças que poderão ter.
No Dia Mundial do Careca, o Dr. Augusto Guerreiro, especialista em Medicina Capilar da Clínica LHR, responde a algumas perguntas colocadas pelo Lifestyle ao Minuto para esclarecer dúvidas relacionadas com o fenómeno da calvície.
Quais são as causas mais comuns da calvície?
A causa mais comum é a genética. Na maioria dos casos, a calvície é hereditária, a chamada 'alopecia androgenética', e está relacionada com a ação das hormonas masculinas, que vão fazendo com que o cabelo nasça cada vez mais fino até deixar de nascer. Depois há outras causas que podem agravar o problema — stress, má alimentação, alterações hormonais ou até doenças autoimunes. Mas, no geral, o que mais vemos na clínica é mesmo a alopecia androgenética, tanto em homens como em mulheres.
Qual é a faixa etária mais afetada e quem procura mais ajuda?
Nos homens, a calvície costuma começar cedo, por volta dos 20 e poucos anos, e vai progredindo com o tempo. Tende a estabilizar ou a desacelerar no fim da casa dos 40, princípio dos 50. Nas mulheres, é mais comum a partir dos 40, muitas vezes associada a alterações hormonais ou à menopausa. São de um modo geral nestas idades (20-50) a maioria dos pacientes que procura ajuda.
Os tratamentos podem demorar quanto tempo?
Normalmente é preciso alguma paciência, porque o cabelo tem um ciclo lento.
Os primeiros resultados costumam surgir a partir dos 3 ou 4 meses, mas o resultado real, consistente, aparece entre os 9 e os 12 meses. Depende muito do tipo de tratamento, mas o mais importante é manter a regularidade e o acompanhamento médico, porque o cabelo precisa de tempo para responder.
Os tratamentos são eficazes! Desde que sejam bem indicados com base no diagnóstico correto, o tratamento pode ser eficaz. Atualmente conseguimos travar a queda, estimular o crescimento e, quando há zonas sem folículos, repor o cabelo através do transplante capilar com resultados muito naturais. O segredo está em personalizar o tratamento: avaliar bem a causa, combinar terapias médicas e regenerativas, e manter a consistência. Quando o paciente segue o plano corretamente, os resultados são muito bons e duradouros.
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As pessoas recorrem a esse método por que motivos?
Na maioria dos casos é pela autoestima. Claro que há uma componente estética, mas o que realmente leva alguém a procurar ajuda é o impacto emocional da queda de cabelo, sentir-se menos confiante, menos jovem, ou até menos à vontade socialmente. O cabelo tem um papel muito forte na imagem pessoal e na identidade, e recuperar essa parte devolve muitas vezes a confiança e o bem-estar.
Como é que a sociedade vê a calvície?
Acho que hoje há uma maior aceitação, mas ainda existe uma pressão estética muito forte. Vivemos numa época em que a imagem tem peso, nas redes sociais, no trabalho, nas relações, e o cabelo continua a ser um símbolo de juventude, vitalidade e charme. Por isso, embora haja quem assuma a calvície com naturalidade, muita gente sente que perder o cabelo afeta a forma como é percebida. Felizmente, já se fala do tema com normalidade e procurar tratamento deixou de ser um 'tabu' e é visto como um cuidado de saúde, tal como tratar a pele ou os dentes.
O tratamento pode ter outros impactos na saúde?
Sim, e na maioria das vezes impactos positivos. Quando fazemos um tratamento capilar, não estamos só a olhar para o cabelo, avaliamos também défices de vitaminas e minerais, distúrbios hormonais, stress, alterações do sono e alimentação. Ou seja, muitas vezes o processo leva a melhorar a saúde global do paciente, não apenas o cabelo. Quanto aos medicamentos, quando são bem prescritos e acompanhados, são seguros. Podem existir efeitos secundários em alguns casos, mas são raros e reversíveis. O importante é ter um seguimento médico regular e ajustar o tratamento sempre que necessário.
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