É comum associar-se a ansiedade e outros problemas como 'burnout' a uma condição psicológica ou a um "problema psíquico". Contudo, a psicóloga Cátia Silva desdobra este conceito e explica que vai além da "cabeça". Os primeiros sinais podem até ser físicos, como sensação constante de cansaço, falta de ar ou apertos no peito.
Hoje, 10 de outubro, assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, mas a especialista reforça que este tema deve ser abordado permanentemente.
A psicóloga clínica especializada em Ansiedade, Depressão, Autoestima, Luto, Burnout e PHDA, esclarece que cuidar da mente não é um luxo, é uma necessidade: “Devemos começar por reconhecer os sinais de que algo não está bem: tristeza persistente, irritabilidade, dificuldade em dormir, perda de interesse em atividades que antes davam prazer, ansiedade excessiva, pensamentos negativos repetitivos ou sensação de vazio. Estes sinais merecem atenção e devem ser encarados como um pedido de ajuda do próprio corpo e mente”.
Como cuidar da sua saúde mental no dia a dia?
Dormir bem: O sono é um regulador natural do humor e das emoções. Manter horários regulares e criar uma rotina de descanso ajuda o cérebro a recuperar e a lidar melhor com o stress.
Alimentar o corpo e a mente: Uma alimentação equilibrada influência diretamente o bem-estar psicológico. O consumo excessivo de açúcar e cafeína pode agravar sintomas de ansiedade. Já frutas, vegetais e alimentos ricos em ómega-3 contribuem para uma melhor regulação emocional.
Exercitar o corpo todos os dias: O exercício físico é um antidepressivo natural. Caminhar, dançar, praticar ioga ou simplesmente movimentar o corpo liberta endorfinas e reduz a tensão acumulada.
Criar pausas reais: Vivemos numa cultura que valoriza o “estar sempre a fazer”, mas o descanso não é tempo perdido. É o que permite recarregar energias, pensar com clareza e manter o equilíbrio emocional.
Limitar a comparação e o consumo digital: As redes sociais podem gerar pressão e sentimentos de insuficiência. É importante definir limites e cultivar o contacto real, fora do ecrã.
Falar sobre o que se sente: Guardar tudo para dentro aumenta o sofrimento. Partilhar o que se sente com alguém de confiança, ou procurar acompanhamento psicológico, é um ato de coragem e autocuidado.
Cultivar relações saudáveis: Rodear-se de pessoas que respeitam, escutam e apoiam faz a diferença. O isolamento prolongado alimenta o sofrimento, enquanto o afeto e a empatia protegem a saúde mental.
Pedir ajuda quando necessário: Reconhecer que precisamos de apoio é um sinal de maturidade emocional. Psicólogos e outros profissionais de saúde mental existem para orientar, apoiar e criar estratégias de recuperação.
É urgente olharmos para a saúde mental sem medos e sem preconceitos. Quanto mais cedo reconhecermos sinais de sofrimento, mais eficaz pode ser a intervenção. Torna-se "urgente olharmos para a saúde mental sem medos e sem preconceitos", acrescenta a psicóloga.
A saúde mental não se resume à ausência de doença, mas sim à capacidade de viver com equilíbrio e aprender a lidar com as adversidades, mesmo que com tempos diferentes.
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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos autodestrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades (todos estes contactos garantem anonimato tanto a quem liga como a quem atende):
Atendimento psicossocial da Câmara Municipal de Lisboa
800 916 800 (24h/dia)
SOS Voz Amiga - Linha de apoio emocional e prevenção ao suicídio
800 100 441 (entre as 15h30 e 00h30, número gratuito)
213 544 545 - 912 802 669 - 963 524 660 (entre as 16h e as 00h00)
Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h)
808 237 327 (entre as 15h e as 22h, número gratuito) | 210 027 159
SOS Estudante - Linha de apoio emocional e prevenção ao suicídio
239 484 020 - 915246060 - 969554545 (entre as 20h e a 1h)
Telefone da Esperança
222 080 707 (entre as 20h e as 23h)
Telefone da Amizade
228 323 535 | 222 080 707 (entre as 16h e as 23h)
Aconselhamento Psicológico do SNS 24 - No SNS24, o contacto é assumido por profissionais de saúde
808 24 24 24 selecionar depois opção 4 (24h/dia)
Linha Nacional de Prevenção do Suicídio e Apoio Psicológico (24h/dia)
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