“Setembro chegou e com ele o início de um novo ano escolar. Estão de volta os dias agitados de organização da mochila e das lancheiras, mas este ano há um item que, para uma grande parte dos alunos, não vai fazer parte do material a levar para a escola: o telemóvel.
O governo proibiu a utilização de telemóveis nas escolas de todo o território nacional, abrangendo os alunos do 1º e do 2º ciclo, os quais não poderão usar smartphones dentro do recinto escolar.
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Esta lei, já existente noutros países e com provas dadas sobre a sua eficácia, pretende promover uma maior socialização entre os alunos, combater o bullying nas escolas e aumentar a concentração e capacidade de foco das crianças.
Sou totalmente apoiante desta medida (salvo exceções em que está em causa a saúde das crianças) mas não podemos achar que ela resolve todas as questões que as gerações mais novas enfrentam devido ao uso excessivo de equipamentos móveis e redes sociais.
Ana Marques é treinadora parental e fala sobre a edução em casa© Ana Marques
De que nos valerá proibir na escola se em casa o ecrã continuar a ter o papel de babysitter? De que serve proibir as crianças na escola, se quando chegam a casa o exemplo que têm é de pais que não largam o telemóvel? E na era da tecnologia, podemos mesmo alhear os nossos filhos da utilização da mesma? E mais, ao proibir será que estamos apenas a fazer com os telemóveis sendo um “fruto proibido” se tornem ainda mais apetecíveis?
Não tenho as respostas a todas estas minhas questões até porque algumas só com a experiência poderemos obter. Mas algo que aprendi com a parentalidade positiva é no poder das alternativas e o que acredito é que além da proibição temos de investir em duas coisas essenciais:
1) Conhecimento: Temos de dotar as nossas crianças com ferramentas que lhes permitam utilizar a tecnologia de forma positiva seja em favor delas, seja em prol de um bem comum. Ensiná-las a ter um olhar e um pensamento crítico sobre a informação que lhes é apresentada ao invés de apenas consumi-la indiscriminadamente;
2) Conexão. Temos de continuar o trabalho de socialização da escola em casa. Brincar, conversar, contar histórias, sem ecrãs e sem scroll. Só assim vamos conseguir que em vez de a mensagem ser entendida como um “não podes” passe a ser entendida como um “há outras formas de viver”.
Se queremos miúdos menos agarrados aos ecrãs temos de lhes dar algo que valha a pena a troca, e não sei de nada mais valioso que lhes possamos dar do que o nosso tempo e a nossa atenção.”
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