Este adoçante sem calorias pode ser uma 'arma secreta' contra o cancro

Cientistas japoneses descobriram que a stevia fermentada, um adoçante sem calorias, pode ter propriedades anticancerígenas. As descobertas iniciais sugerem um possível papel da stevia no combate ao cancro do pâncreas, uma das doenças mais mortais da humanidade.

stevia

© Shutterstock

Mariana Moniz
25/07/2025 18:59 ‧ ontem por Mariana Moniz

Lifestyle

Cancro

Numa reviravolta inesperada na luta contra o cancro, humildes bactérias de cozinha e uma planta mais conhecida por adoçar chá podem, um dia, ajudar a tratar uma das doenças mais mortais da humanidade, sugere uma nova investigação.

 

Um grupo de cientistas no Japão descobriu que a stevia fermentada, uma planta comumente usada como adoçante sem calorias, pode ter propriedades anticancerígenas intrigantes . Embora estas descobertas sejam iniciais e necessitem de mais estudos, sugerem um possível papel da stevia no combate ao cancro do pâncreas.

Leia Também: Os tipos de sangue que podem aumentar o risco de cancro do pâncreas

O cancro de pâncreas continua a ser um dos mais difíceis de tratar. Os sintomas geralmente só aparecem depois de a doença se espalhar, e terapias convencionais como a quimioterapia raramente resultam em cura. A perspectiva é sombria: menos de 10% dos pacientes sobrevivem cinco anos após o diagnóstico.

Esta necessidade urgente de tratamentos mais eficazes e menos tóxicos levou investigadores a explorar compostos à base de plantas. Muitos medicamentos quimioterápicos já utilizados têm origem botânica - incluindo o paclitaxel, derivado da casca do teixo-do-pacífico, e a vincristina, proveniente da pervinca-de-Madagáscar - oferecendo um caminho comprovado para a descoberta de novos agentes de combate ao cancro.

A stevia, uma planta folhosa nativa da América do Sul, é amplamente conhecida pela sua doçura natural. É uma presença comum nas prateleiras dos supermercados, mas poucos a consideram uma planta medicinal.

Leia Também: Vacina semelhante à da Covid pode ajudar a curar casos de cancro

As folhas de stevia são ricas em compostos bioativos, alguns dos quais demonstraram indícios de atividade anticancerígena e antioxidante em estudos anteriores. O desafio tem sido aproveitar esse potencial, visto que extratos de stevia não fermentados são apenas moderadamente eficazes em laboratório, frequentemente exigindo altas doses para afetar as células cancerígenas.

É aí que entra a fermentação. Conhecida por criar iogurte, kimchi e pão de fermentação natural, a fermentação é mais do que uma técnica culinária. É uma forma de alquimia microbiana que pode transformar compostos vegetais em novas moléculas bioativas.

Investigadores da Universidade de Hiroshima fizeram uma pergunta simples, mas inovadora: e se a stevia fosse fermentada com as bactérias certas? Eles experimentaram com uma cepa chamada Lactobacillus plantarum SN13T, um parente de uma bactéria comumente encontrada em alimentos fermentados. A fermentação produziu um composto chamado éster metílico do ácido clorogénico (CAME), que demonstrou efeitos anticancerígenos muito mais potentes do que o extrato de stevia crua.

Leia Também: Universidade de Coimbra recebe fundos para investigação sobre cancro

Em testes de laboratório, o extrato fermentado de stevia causou a morte em grande número de células cancerígenas do pâncreas, mas deixou as células renais saudáveis praticamente ilesas. Análises posteriores revelaram que a CAME foi responsável por esse efeito. Funcionou, bloqueando as células cancerígenas numa fase específica do seu ciclo de vida, impedindo-as de se multiplicarem e desencadeando a apoptose, um processo natural em que as células se autodestroem quando danificadas ou não mais necessárias.

A CAME parece alterar a programação genética das células cancerígenas. Ela ativa genes que promovem a morte celular, ao mesmo tempo que suprime aqueles que ajudam as células cancerígenas a crescer e a sobreviver. Esse efeito duplo retarda a progressão do cancro e estimula as células malignas a se autodestruírem.

É importante observar que estes resultados provêm de células cultivadas em laboratório, não de estudos com animais ou humanos. Muitas substâncias que parecem promissoras falham em ensaios clínicos devido à complexidade do corpo humano. Ainda assim, a descoberta é empolgante e justifica uma exploração mais aprofundada.

Leia Também: "Há três cancros do aparelho digestivo que vão aumentar"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas