A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2050, uma em cada 10 pessoas terá perda auditiva incapacitante - o que representa mais de 700 milhões de pessoas.
A perda auditiva é influenciada por diversos fatores como genética, idade, lesões, infecções virais e exposição a ruídos intensos.
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No entanto, variáveis psicossociais também podem desempenhar um papel importante e um novo estudo publicado na revista Health Data Science identifica a solidão como uma potencial culpada.
Diversos estudos constataram que depressão, declínio cognitivo, risco cardiovascular e demência são comorbidades comuns da perda auditiva. Mas o que causa a deficiência auditiva em primeiro lugar?
Cientistas identificaram fatores fisiológicos (obesidade, diabetes e pressão arterial elevada) e de estilo de vida (tabagismo e falta de exercício) como contribuintes para o risco, mas ainda não foi realizada pesquisa suficiente sobre os gatilhos psicossociais, como a solidão.
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Até há pouco tempo, acreditava-se amplamente que a relação entre a perda auditiva e a solidão era uma via de um único sentido, na qual a perda auditiva levava ao aumento da solidão "devido à frustração causada pela incapacidade de se comunicar efetivamente", escreveram os autores.
A análise atual desmascara essa teoria. De acordo com as descobertas, a ligação entre a perda auditiva e a solidão "pode ser bidirecional".
Para o estudo, os investigadores recolheram 490.865 perfis (idade média de 56 anos) do UK Biobank. Durante uma rodada preliminar de perguntas, os participantes foram questionados: "Costuma sentir-se solitário?" Aproximadamente 18,5% responderam que 'sim'.
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Um total de 11.596 participantes (2,4%) foram diagnosticados com perda auditiva durante um período de acompanhamento de 12,3 anos. A perda auditiva incidente foi avaliada através de um teste diagnóstico intra-hospitalar.
A equipa também examinou uma série de covariáveis. Entre elas, a idade, o sexo, a etnia, os fatores socioeconómicos (educação e renda familiar anual), tabagismo, consumo de álcool, atividade física, índice de massa corporal e doenças crónicas (especificamente, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares).
Os participantes também foram classificados num "índice de isolamento social", que analisou o tamanho da família, a frequência de visitas de familiares/amigos e o envolvimento em atividades de lazer/sociais.
Os resultados mostraram que a solidão pode aumentar o risco de perda auditiva em 24%.
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