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Sabe quais os riscos de um mau mergulho? "Consequências são devastadoras"

Estima-se que, todos os anos, 10 a 20 portugueses sejam vítimas de um mergulho mal calculado. Rui Duarte, diretor do serviço de ortopedia do Centro Hospitalar do Médio AVE, explica ao Lifestyle ao Minuto o que deve ser feito para evitar este tipo de acidentes.

Sabe quais os riscos de um mau mergulho? "Consequências são devastadoras"
Notícias ao Minuto

08:44 - 08/09/23 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle Entrevista

O fim do verão está aí à porta, mas um mergulho mal dado pode ter consequências "devastadoras" e sequelas para o resto da vida, como explica ao Lifestyle ao Minuto Rui Duarte, diretor do serviço de ortopedia do Centro Hospitalar do Médio AVE. Estima-se que, por ano, cerca de 10 a 20 portugueses sofram lesões na coluna devido a maus mergulhos. 

Em agosto, um jovem peregrino croata de 21 anos, que veio a Portugal para participar na Jornal Mundial da Juventude, deu entrada no Hospital Santa Maria, em Lisboa, com uma lesão grave na coluna vertebral, na sequência de um mergulho na praia de Carcavelos. "Todos os anos continuamos a assistir nos hospitais a situações graves associadas a este tipo de acidentes", lamenta Rui Duarte. O médico acrescenta que "a grande maioria das vítimas são jovens do sexo masculino, com idades inferiores a 30 anos" e que "as lesões acontecem, muitas vezes, em atividades de grupo em contexto recreativo".

Devemos verificar sempre a profundidade e a superfície antes de mergulhar

Em Portugal, registam-se quantos casos por ano?

Embora não existam números oficiais em Portugal sobre este tipo de acidentes, ao analisarmos a epidemiologia internacional e os relatos de casos no país, apontamos para cerca de 400 casos por ano de traumatismos vértebro-medulares, ou seja, lesões na coluna que deixam as pessoas paraplégicas ou tetraplégicas. A maior parte destes episódios estão relacionados com acidentes de viação; um segundo grupo é o das quedas em altura, que acontecem, muitas vezes, no contexto de acidentes de trabalho; e cerca de 20 a 30% correspondem a lesões desportivas. É neste grupo que se incluem os acidentes que decorrem dos chamados mergulhos recreativos, estimando-se aproximadamente 10 a 20 casos por ano. São acidentes que ocorrem na maioria dos casos em atividades recreativas em grupo, em momentos de lazer e em locais desconhecidos. 

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As lesões que acontecem ao mergulhar podem ter consequências graves e sequelas irreversíveis?

Um mergulho realizado de forma insegura tem consequências que são devastadoras para a vítima e para a família. As lesões que nos preocupam mais são vertebro-medulares. De forma resumida, consistem em lesões que surgem quando ocorre um traumatismo violento na cabeça e pescoço, quando o mergulho é realizado de cabeça em locais pouco profundos. Este traumatismo pode levar à fratura da coluna cervical e, subsequentemente, à lesão da medula cervical com lesão neurológica associada - perda da capacidade motora e sensitiva -, uma grande parte das vezes de forma permanente.

Quem são os mais afetados?

Todos os anos continuamos a assistir nos hospitais a situações graves associadas a este tipo de acidentes. A grande maioria das vítimas são jovens do sexo masculino, com idades inferiores a 30 anos, e as lesões acontecem muitas vezes em atividades de grupo em contexto recreativo.

A vítima pode potencialmente perder toda a capacidade de se mobilizar. Esse é o grande sinal de gravidade

O que devemos ter em conta quando mergulhamos na piscina ou no mar?

O mergulho deve ser planeado e, nesse sentido, existem alguns conselhos e sinais de alerta que devemos relembrar, tais como:

  • Evitar mergulhar em locais não apropriados, como zonas rochosas, margens de lagos ou rios. Com o passar do inverno, há alteração do leito subaquático (com pedras e destroços de árvores). Como tal, devemos verificar sempre a profundidade e a superfície antes de mergulhar;
  • Mergulhar sempre com os pés em primeiro lugar e só depois de conhecer o local, a profundidade e a própria topografia;
  • A profundidade é muito importante e uma 'boa' profundidade situa-se genericamente no dobro da nossa altura. Em piscinas, o mergulho deve ser realizado no sentido do maior comprimento da piscina. Muitas lesões são causadas com o impacto nas paredes laterais;
  • Evitar o consumo de álcool e drogas quando for nadar ou mergulhar.

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Após um mergulho, que sinais e sintomas nos devem fazer suspeitar de uma lesão da medula?

No caso de acidentes de mergulho com lesões vertebro-medulares associadas, a vítima pode potencialmente perder toda a capacidade de se mobilizar. Esse é o grande sinal de gravidade. A incapacidade para se movimentar, a falta de sensibilidade no tronco e membros inferiores. 

O que fazer quando se presencia um acidente?

Os elementos do grupo são os primeiros a prestar socorro. Uma vez que a vítima pode perder a capacidade de se mobilizar, corre risco de afogamento. Nesse sentido, deve ser retirada da água. No entanto, o primeiro passo deverá ser sempre avaliar as condições de segurança do local, quer para a vítima, como para quem vai socorrer. Devemos procurar removê-la com o pescoço e tronco alinhados, sem mobilizações bruscas desta região. Logo que a vítima esteja em segurança na margem, devemos assegurar que mantém a cabeça e tronco alinhados com algum apoio lateral da cabeça e pescoço, de forma a evitar rotações, e aguardar pelos meios de socorro pré-hospitalar. Isto porque as mobilizações intempestivas da região cervical podem agravar as lesões já existentes.

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