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Acabaram-se as birras e choros à mesa. Falámos com um especialista

O seu filho raramente come o que está no prato? É tudo uma questão de educação e paciência. Rui Matias Lima, nutricionista especialista em nutrição comunitária e saúde pública, diz-lhe o que fazer para tornar a alimentação dos miúdos mais saudável.

Acabaram-se as birras e choros à mesa. Falámos com um especialista
Notícias ao Minuto

07:00 - 31/10/22 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle Entrevista

Os números não mentem e, por mais que os tempos mudem, a verdade é que a obesidade infantil é um dos mais sérios desafios de saúde pública enfrentados pelas sociedades ocidentais. Segundo a a Organização Mundial de Saúde, em 2019, 38 milhões de crianças com menos de cinco anos eram obesas ou apresentavam excesso de peso.

O que mostram os dados em Portugal? De acordo com a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, o país apresenta uma taxa de excesso de peso infantil de 29,6%, sendo que 12% destas situações constituem já um quadro de obesidade e a situação agravou-se na pandemia, mostrando que gordura nem sempre é formosura.

Durante o confinamento, estima-se que tenha havido um aumento médio de peso em crianças de 10%, revela a Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil.

Notícias ao Minuto Rui Matias Lima© DR

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Face a esta realidade, é cada vez mais importante promover hábitos alimentares saudáveis junto dos mais novos e dos próprios pais, uma vez que os educadores são "os modelos de comportamento para as crianças", afirma Rui Matias Lima, nutricionista especialista em nutrição comunitária e saúde pública, em entrevista ao Lifestyle ao Minuto

Os pais têm de perceber que são os modelos para as crianças. É difícil, por exemplo, promover o consumo de sopa, se os próprios pais não comerem sopa

A obesidade infantil é um dos mais sérios desafios de saúde pública das sociedades ocidentais. Assim sendo, é cada vez mais importante promover hábitos alimentares saudáveis juntos das crianças e pais. Mas como?

Trabalhar individualmente com crianças estará, obviamente, condenado ao fracasso, pelo menos no que concerne a alterações dos hábitos alimentares a curto prazo. Teremos sempre de envolver os pais e as famílias, dado serem eles os modelos de comportamento para as crianças.

A política de obrigar as crianças a comer deve ser utilizada?

De forma alguma. Devemos motivar e modelar os comportamentos alimentares das crianças. Se elas não tiverem ao seu alcance alimentos pouco saudáveis, naturalmente vão ingerir alimentos mais saudáveis.

O que fazer quando pedem doces?

Explicar que os doces são alimentos especiais para ocasiões especiais, como por exemplo, festas. Os doces, não sendo prendas, têm algumas semelhanças com estas. Devem ser dados em ocasiões especiais, apenas.

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E quando dizem 'não gosto'? Devem os pais ceder?

Está estudado e sabe-se que, em termos médios, é necessário repetir/insistir para a introdução de um novo alimento, cerca de uma dezena de vezes. Assim, deve-se sempre insistir. Caso a criança repudie mesmo um determinado alimento, pode-se tentar outras formas de apresentar esse mesmo alimento.

Como lidar com as birras?

Com paciência... Não há fórmulas secretas para lidar com birras. Aliás, não há fórmulas para educar. Educar é 'aborrecido', mas é crucial. Todos nós temos, ao longo da vida, de dar passos à frente e outros atrás, mas não abdicar em função de caprichos, nomeadamente das crianças.

Como é que os pais podem definir regras alimentares? 

Primeiro, os pais têm de perceber que são os modelos para as crianças. É difícil, por exemplo, promover o consumo de sopa, se os próprios pais não comerem sopa. Depois, há que, simplesmente, definir (e explicar) quais as regras. Por exemplo, a sopa deve fazer parte do almoço e do jantar, bem como a fruta. O pequeno-almoço tem de ser diário e antes das outras atividades. Doces, só em dias de festas. Água tem de ser a bebida por eleição, no dia-a-dia. Os lacticínios devem fazer parte da dieta alimentar diária.

A preparação das lancheiras, mas também a preparação das refeições, são atividades que devem ser feitas com as crianças

Quais os erros mais comuns?

São a permissão de refrigerantes, a ausência de sopa, o abuso de doces e refeições realizadas sem ambiente apropriado (refeições à pressa, com a presença de equipamentos de distração, por exemplo).

Que tipo de alimentos devem os pais evitar incluir na alimentação das crianças?

Sobretudo alimentos doces (incluindo bebidas - refrigerantes) e snacks salgados, como, por exemplo, as batatas fritas.

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Como fazer com que as crianças comam mais fruta e legumes?

Educando-os, desde tenra idade, aos sabores, cores, texturas deste tipo de alimentos. Por exemplo, no caso da sopa, há que perder o hábito de passar as sopas, disfarçando os hortícolas. A sopa é um alimento para mastigar, não uma bebida. Outro 'truque' será os próprios pais serem exemplo na ingestão de frutas e legumes.

As crianças aprendem por observação. Como tal, como podem os pais ganhar motivação para educar para uma vida saudável? Que dicas propõe?

A melhor motivação para qualquer pai/mãe será a saúde do seu próprio filho/a. Qualquer pai quererá, certamente, o melhor para os filhos. A questão é que, frequentemente, os pais olham só para o para o bem estar e felicidade imediata e cedem à tentação de observar o sorriso dos filhos quando ingerem produtos com sabor mais agradável, devido ao elevado teor de açúcar, sal e gorduras, que ainda para mais, estão geralmente associados a campanhas de marketing cheias de cor, de alegria e 'felicidade'. A melhor recomendação para contrariar essa tendência é sugerir que os pais pensem, seriamente, na saúde a longo prazo, dos seus filhos.

Envolver as crianças no processo de execução das lancheiras, por exemplo, pode ajudar?

Obviamente que sim. Qualquer processo educativo tem muito maior probabilidade de sucesso se envolvermos as principais personagens, como atores, e não como meros figurantes. Em questões de educação para a saúde, esta questão ganha ainda uma dimensão reforçada. Nada devemos fazer para as crianças sem as envolvermos. A preparação das lancheiras, mas também a preparação das refeições, são atividades que devem ser feitas com as crianças.

O que não pode faltar na marmita das crianças?

Sobretudo alimentos de três grupos: lacticínios, fruta e pão. Com alimentos destes três grupos, pode-se criar uma grande variedade de lanches, alternando alimentos desses grupos.

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