Gripe, complicações cardiovasculares e a vacinação como medida preventiva
"O risco de sofrer um enfarte agudo do miocárdio nos dias seguintes à infeção pelo vírus da gripe aumenta 10 vezes e o risco de sofrer AVC aumenta oito", afirma o cardiologista Carlos Aguiar, num artigo de opinião partilhado com o Lifestyle ao Minuto.
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Lifestyle Artigo de opinião
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal e, em 2018, estimava-se que 68% da população portuguesa apresentava dois ou mais fatores de risco para desenvolver doenças cardiovasculares. Além disso, estão entre as doenças crónicas não transmissíveis que mais afetam a população a nível mundial e que mais condicionam o dia-a-dia dos doentes, representando uma das principais causas de invalidez.
Levando em conta a seriedade destas doenças, existem múltiplos fatores que provocam o agravamento da situação clínica e que colocam em risco a saúde geral dos doentes. As temperaturas baixas abrem as portas para as doenças virais, sobretudo respiratórias, como a gripe, que numa situação clínica normal não seria um problema tão grave, mas no caso dos doentes cardíacos aumenta o risco de ataque cardíaco e de outros problemas.
A Organização Mundial da Saúde estima que a gripe seja responsável anualmente por cerca de 290 mil a 650 mil mortes, devido a doença respiratória. Estes números não incluem as mortes por outras doenças, nomeadamente cardiovasculares que podem estar relacionadas com a infeção pelo vírus da gripe.
Carlos Aguiar© DR
A gripe causa mais danos do que a maioria das pessoas pensa e provoca problemas sérios tanto em pessoas com doença, como em pessoas saudáveis. Um estudo recente em adultos com idades acima dos 40 anos, revelou que o risco de sofrer um enfarte agudo do miocárdio nos dias seguintes à infeção pelo vírus da gripe aumenta 10 vezes e o risco de sofrer AVC aumenta oito.
Com o fim das restrições e das medidas de proteção para a covid-19 prevê-se um número de casos de gripe superior ao registado noutros anos, assim como a gravidade da doença. Por essa razão, e porque é uma doença subestimada por muitos, é premente que a população adote medidas preventivas como evitar mudanças bruscas de temperatura, locais fechados, o contacto com pessoas com sintomas de gripe e a mais eficaz, e que tem sido destacada pelo Serviço Nacional de Saúde, é a vacinação.
A vacinação contra a gripe é aconselhada, sobretudo, a pessoas com mais de 65 anos e grupos de risco, mas também à restante população. A toma da vacina da gripe permite diminuir o risco de ataque cardíaco e é altamente eficaz na prevenção da doença da gripe, assim como do agravamento de outras patologias.
Nesta época gripal, está a ser administrada pela primeira vez uma vacina de dose elevada nas populações residentes em lares. Os estudos realizados ao longo de 10 épocas gripais, confirmam uma maior proteção contra complicações graves da gripe, como pneumonia e hospitalizações por causas cardiorrespiratórias, comparativamente à vacina de Dose Padrão: diminuição em 13,4 % das hospitalizações por pneumonia e gripe, diminuição em 17,9 % das hospitalizações por problemas cardiorrespiratórios e diminuição em 8,4 % de hospitalizações por todas as causas.
Os números falam por si e os próprios laboratórios têm trabalhado no sentido de desenvolver vacinas cada vez mais inovadoras, com valores de proteção superiores, efeitos secundários cada vez mais reduzidos para garantir, não só a sua eficácia, como também o conforto na sua toma.
Depois de uma pandemia, é crucial que as pessoas entendam a volatilidade dos vírus e a forma como estes impactam e mudam drasticamente a vida das pessoas. A toma da vacina da gripe não é a apenas uma forma de prevenir a gripe, como também uma forma de salvar vidas.
*Artigo de opinião assinado pelo cardiologista Carlos Aguiar
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