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Comichão que não passa e não só. O que é e como tratar dermatite atópica

A propósito do Dia Mundial da Dermatite Atópica, que se assinala esta quarta-feira, 14 de setembro, fomos perceber, junto de uma dermatologista, que doença é esta que chega a causar comichão durante todo o dia.

Comichão que não passa e não só. O que é e como tratar dermatite atópica

Estima-se que milhões de pessoas em todo o mundo vivam com dermatite atópica (DA), uma doença cutânea crónica, inflamatória, caracterizada por prurido intenso e lesões eczematosas. Além do impacto na sua saúde, nas suas relações pessoais e laborais, os doentes sentem também algum estigma.

"Além dos sintomas e complicações que ocorrem ao nível da pele, a evolução da doença pode interferir em diversos aspetos da vida dos doentes, nomeadamente impedir o sono e afetar as relações sociais e sexuais, o trabalho e a prática de desporto, bem como a própria imagem", explica ao Lifestyle ao Minuto Filipa Almeida, dermatologista no Hospital Pedro Hispano, em Senhora da Hora.

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Notícias ao Minuto Filipa Almeida© DR

Sublinha, ainda assim, que a investigação científica tem evoluído e, como tal, existem novas opções terapêuticas que visam controlar a doença e reduzir a sua manifestação, devolvendo qualidade de vida a estas pessoas.

Ainda não existe uma cura, mas, hoje em dia, dispomos de novos tratamentos, sobretudo para as formas moderadas a graves da DA

O que é a dermatite atópica?

Também conhecida como eczema atópico, trata-se de uma doença inflamatória da pele, crónica e não contagiosa, caracterizada pela presença de lesões de eczema (vermelhidão e descamação) e prurido intenso.

Quais as causas?

Apesar da etiologia desta dermatose não estar completamente elucidada, sabemos que é determinada pela interação de fatores genéticos e ambientais, culminando numa disfunção da barreira da pele e desregulação do sistema imunológico.

Qual a incidência desta patologia no mundo e em Portugal?

A incidência tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos, afetando, a nível mundial, entre 10% a 20% da população pediátrica e 5 a 10% da população adulta. Em Portugal, estima-se que afete cerca de 10% das crianças.

Tem cura?

Ainda não existe uma cura, mas, hoje em dia, dispomos de novos tratamentos, sobretudo para as formas moderadas a graves da DA, que demonstram maior segurança e eficácia.

A privação do sono e a falta de concentração que decorre do cansaço pode traduzir-se em défices de atenção e de aprendizagem, no caso das crianças, e afetar a performance no trabalho

Quem está mais predisposto a desenvolver esta condição?

É uma doença com maior prevalência em crianças e em indivíduos com história pessoal ou familiar de doenças atópicas concomitantes, como rinite alérgica e asma. Pode surgir em qualquer idade, mas o início da doença é mais frequente na faixa etária abaixo dos cinco anos.

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Quais os sinais de alerta?

Sendo uma doença dermatológica, os efeitos notam-se na pele: vermelhidão, descamação e xerose (secura cutânea) e, por vezes, fissuras, crostas e edema (inchaço). O prurido (comichão) é o principal sintomas, podendo ser sentido 24 horas por dia.

Podem ser confundidos com os de outras doenças?

Sim, nomeadamente outras doenças inflamatórias da pele, sendo, por isso, importante a avaliação por um dermatologista.

As novas armas terapêuticas possibilitam um tratamento mais precoce, seguro, eficaz e de forma prolongada

Quais os impactos desta patologia no dia a dia dos doentes, sobretudo aqueles de que pouco ou nada se fala?

O prurido persistente, a dor e o ardor são sintomas impactantes que interferem significativamente na vida das pessoas com dermatite atópica e na de quem as rodeia e delas cuida. Destacam-se também as infeções cutâneas recorrentes, a frustração e a depressão, bem como a baixa autoestima pela natureza visível da doença. Para além disso, a privação do sono e a falta de concentração que decorre do cansaço pode traduzir-se em défices de atenção e de aprendizagem, no caso das crianças, e afetar a performance no trabalho, podendo mesmo gerar absentismo laboral.

A doença pode evoluir para algo mais grave?

Para além dos sintomas e complicações que ocorrem ao nível da pele, a evolução desta doença pode interferir em diversos aspetos da vida dos doentes, nomeadamente impedir o sono e afetar as relações sociais, sexuais, o trabalho e a prática de desporto, bem como a própria imagem, o que pesa em quem (con)vive com a doença.

Como melhorar a qualidade de vida de quem padece desta doença?

As novas 'armas' terapêuticas possibilitam um tratamento mais precoce, seguro, eficaz e de forma prolongada, permitindo melhorar a qualidade de vida destes doentes.

Que 'armas' terapêuticas são essas?

Para as formas ligeiras, dispomos de terapêutica tópica anti-inflamatória. No entanto, são as formas graves da doença que representam o maior desafio. Os avanços recentes no conhecimento científico desta doença permitiram alargar o leque terapêutico e acrescentar aos imunossupressores convencionais, medicamentos dirigidos a alvos terapêuticos específicos. Atualmente dispomos de fármacos biológicos (dupilumab e tralocinumab) e inibidores das JAK (baricitinib, upadacitinib e abrocitinib) que vieram revolucionar o tratamento de doentes com dermatite atópica moderada a grave.

E qual a mais recomendada?

Não se pode considerar que exista uma terapêutica isolada mais recomendada, já que o tratamento deve ser sempre individualizado e adaptado para cada doente.

O diagnóstico precoce aumenta as hipóteses do doente conseguir controlar a doença?

Sim, um diagnóstico atempado possibilita uma intervenção mais precoce e mais eficaz, alterando a história natural da doença, o que reduz o impacto que a DA tem nos doentes, modificando o seu curso de vida.

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