Os miomas uterinos são benignos, mas podem provocar sintomas incapacitantes e afetar a qualidade de vida da mulher. O aconselhamento médico é fundamental - podendo ir da vigilância à necessidade de cirurgia - e uma vida saudável pode ajudar a evitar o seu aparecimento.
Também referidos como fibromiomas ou leiomiomas, os miomas uterinos são tumores benignos da parede muscular do útero. São muito frequentes na mulher em idade reprodutiva, estimando-se que afetem cerca de dois milhões de mulheres em Portugal, podendo causar sintomas com um grande impacto na qualidade de vida da mulher.
Leia Também: Oito sintomas que se manifestam na vagina e que requerem cuidados médicos
João Cavaco Gomes© DR
Que sintomas podem causar?
Muitas mulheres com miomas não têm sintomas ou podem demorar vários anos a manifestá-los. Nas mulheres com sintomas, as queixas mais frequentes são menstruações abundantes e prolongadas (podendo causar anemia) e dor ou sensação de pressão pélvica. Dependendo do tamanho e da localização dos miomas, podem também aparecer sintomas urinários, como dificuldade em urinar ou aumento da frequência, ou intestinais, como a obstipação. Em alguns casos os miomas poderão também interferir com a fertilidade da mulher e com a gravidez.
Como se diagnostica?
Na consulta, o médico poderá suspeitar da presença de miomas com base nos sinais e sintomas apresentados e no exame ginecológico. A avaliação é habitualmente complementada com a ecografia ginecológica, que permitirá identificar o número, a localização e o tamanho dos miomas. Em alguns casos, podem ser necessários outros exames, como a ressonância magnética ou a histeroscopia.
Que tratamentos existem?
Existem diferentes tratamentos para os miomas uterinos. A necessidade e o tipo de tratamento escolhido dependerão da idade da mulher, dos sintomas, da localização e tamanho dos miomas e do desejo de engravidar futuramente. Mulheres que não apresentem sintomas podem não precisar de tratamento e apenas de vigilância.
Para controlar os sintomas relacionados com os miomas uterinos, o tratamento pode passar por medicamentos hormonais, como as pílulas contracetivas, os dispositivos intrauterinos ou outros tratamentos hormonais mais específicos - e não hormonais, como os anti-inflamatórios.
Noutros casos, particularmente quando os medicamentos não são eficazes no controlo dos sintomas ou quando o mioma parece interferir com a fertilidade ou gravidez, poderá estar indicado um tratamento cirúrgico, por forma a remover os miomas ou o próprio útero.
Leia também: Endometriose. "Um dos mitos é o de que é normal ter dor na menstruação"
A cirurgia para remoção dos miomas chama-se miomectomia, tendo a vantagem de preservar o útero. No entanto, os miomas podem reaparecer em até 25% dos casos. Quando os miomas crescem dentro do útero, a miomectomia poderá ser feita por histeroscopia (um procedimento minimamente invasivo), com remoção dos miomas pelo interior do útero. Noutros casos, tem que ser realizada através do abdómen: por cirurgia aberta ou por laparoscopia. A histerectomia é a cirurgia para remoção do útero, podendo conservar os ovários, e sendo um tratamento definitivo. Para além destes, existem ainda outros procedimentos que poderão ser uma alternativa de tratamento.
É possível prevenir o seu aparecimento?
As causas para os miomas não são ainda bem compreendidas, havendo por isso também pouca evidência de como prevenir o seu aparecimento. Mulheres com um estilo de vida saudável, como a prática de exercício físico, a manutenção de um peso normal e o consumo de frutas e legumes, parecem ter menor risco de desenvolver miomas uterinos. Estar atenta aos sintomas e manter um acompanhamento regular com o ginecologista permitem um diagnóstico e aconselhamento atempados.
*Artigo assinado por João Cavaco Gomes, ginecologista-obstetra no hospital CUF Porto
Leia também: Há mais casos de mulheres jovens com miomas maiores e com mais sintomas