O joanete, também conhecido como Hallux Valgus, é uma deformação no dedo grande do pé e é uma das patologias mais comuns nos pés dos adultos. 

O termo 'Hallux' refere-se ao dedo grande do pé. Como o Hallux se desvia do seu eixo apontando para o dedo mínimo, falamos de um desvio 'Valgo'. Isto cria, inevitavelmente, uma saliência óssea no pé. 

Como surgem os joanetes?

Foram descritas várias causas para esta patologia. Muitas vezes, há tendência familiar e, na maioria dos casos, este desvio é encontrado nas mulheres. O calçado muito apertado e o sapato alto podem piorar o desvio. 

O desequilíbrio entre as estruturas ósseas, os ligamentos e os tendões condiciona um aumento progressivo da deformidade, que se vai agravando ao longo de vários anos, por vezes décadas. 

Quais são os sintomas?

Como a dor a nível do joanete piora com calçado inadequado, os sintomas também se relacionam diretamente com o tipo e tamanho dos sapatos utilizados. A falta de espaço para a saliência medial (deformidade) do dedo grande do pé e o sapato cria atrito, inflamação e às vezes feridas. Além disso, as queixas de dor variam grandemente de pessoa para pessoa, sendo que algumas pessoas têm apenas um pequeno desvio, mas com limitação e dor durante as atividades quotidianas, enquanto outros têm deformidades maiores, mas pouca dor, limitação do calçado e/ou das atividades diárias. 

Dr. Manuel Santos Carvalho© DR

Os sintomas manifestam-se sobretudo a nível local e podem passar por: dor; inflamação e vermelhidão; sensação de ardor; calosidades e dormência. 

Como se diagnostica?

Uma história e exame clínico cuidado, assim como um Raio-X de ambos pés em carga, permitem fazer um diagnóstico preciso, avaliar a gravidade e as alterações associadas de outras estruturas do pé e programar um plano de tratamento adequado. 

Qual é o tratamento? 

O tratamento pode ser resumido em poucas palavras: 'Ou a pessoa adapta o calçado ao pé, ou o pé deve ser adaptado para os seus sapatos!'. O tratamento depende inteiramente do desconforto e sintomas do doente, pelo que a cirurgia puramente estética é pouco recomendada. 

Na fase inicial, o uso de sapatos ajustados, confortáveis, preferencialmente baixos e com ponta lisa, a fim de evitar a fricção, proporciona alívio sintomático. 

Ortóteses corretivas feitas por um Podologista podem ajudar a diminuir os sintomas desta deformidade, no entanto, não constituem uma solução definitiva. Se, apesar destas mudanças, a dor e a limitação persistirem, é necessário avançar para um tratamento cirúrgico para resolução da deformidade e consequente alívio dos sintomas.

Que cirurgias existem?

Existem diversos procedimentos para o tratamento cirúrgico do joanete com o objetivo de restaurar o desequilíbrio que surgiu em torno da articulação e, assim, reposicionar o Hallux. 

O objetivo principal da cirurgia é o de restaurar o equilíbrio articular para reposicionar o Hallux, dedo grande do pé, de modo a que este pé não seja doloroso. 

A cirurgia pode ser minimamente invasiva ou convencional (via aberta).  

A única forma de corrigir a deformação é remover o excesso de osso e realizar osteotomias (cortes no osso) para realinhar o dedo. Dependendo do grau da deformidade, e da orientação das superfícies articulares, a Osteotomia pode ser realizada na base (proximal), no meio (diáfise) ou na extremidade (distal). 

A realização de Osteotomias obriga a utilização de um sapato especial durante as primeiras 4 a 6 semanas com carga parcial sendo que o retorno à atividade profissional geralmente ocorre após 8 semanas da cirurgia. 

A escolha da técnica dependerá de fatores como a gravidade e a dimensão do desvio, a capacidade de correção, a presença de artrose e de patologias associadas, a mobilidade articular, a preferência do cirurgião ou o comprimento do dedo grande em comparação com os outros. É importante que a cirurgia seja realizada por um cirurgião experiente e diferenciado em patologias do pé.

As técnicas atuais de anestesia e controlo da dor tornaram estes procedimentos mais rápidos e menos dolorosos, podendo ser realizados em ambulatório, ou seja, sem internamento. 

Depois da cirurgia deve continuar a ser acompanhado pelo seu médico que irá estabelecer um plano de recuperação adequado a cada caso. 

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