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"No dia em que o William e a Kate casaram vendi o meu primeiro toucado"

O empreendedorismo está no seu ADN. Em entrevista, a empresária e designer Catarina Vassalo conta-nos como um 'hobby' e a paixão de sempre se transformaram numa marca que "não para de crescer", os desafios que enfrentou e o que vem por aí.

"No dia em que o William e a Kate casaram vendi o meu primeiro toucado"
Notícias ao Minuto

12:00 - 14/02/22 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle Entrevista

Diz-se criativa, teimosa e trabalhadora. Aos oito anos, Catarina Vassalo já vendia colares e brincos na Praia Grande, em Sintra. Anos mais tarde, transformou o 'hobby' em profissão. Viveu entre Londres e Valência durante mais de uma década. E foi no país vizinho que abriu o seu primeiro atelier. No dia em que o príncipe William e Kate Middleton deram o nó, vendeu o seu primeiro toucado e, desde então, tudo mudou. Em 2015, regressou a Portugal e criou a Cata Vassalo, marca de acessórios para noivas.

É a autora do inolvidável toucado que Cristina Ferreira usou na gala dos Globos de Ouro, em 2019, e a mente criativa por detrás dos muitos acessórios que vimos ser usados pelas atrizes Rita Pereira e Sofia Arruda, a cantora Mia Rose ou por personalidades do universo digital, como Alice Trewinnard e Bárbara Corby.

Apaixonada pela sua profissão, admite em entrevista ao Lifestyle ao Minuto: "Não gosto de viver a pensar num futuro que pode ser incerto. Vivo sempre o presente e, por isso, os meus sonhos são realizados diariamente. Adoro o que faço e o que tenho".

Para quem não a conhece, quem é a Catarina Vassalo?

Sou uma mulher que adora a sua família e o seu trabalho. Que é realizada a criar peças todos os dias para mulheres inspiradoras e a trabalhar numa marca que não para de crescer. Sou a mãe da Mia e da Emma, a mulher do Francisco, a irmã da Madalena, da Maria, da Joana e do Duarte. E sou também a Cata Vassalo.

Como é que passa da menina que vendia colares e brincos na Praia Grande, para a CV Jewellery e, anos depois, para a Cata Vassalo?

Foi um misto entre crescimento natural com muito trabalho, dedicação e vontade. No entanto, não foi uma evolução em linha reta. Trabalhei em várias áreas, estudei restauro de metais, tive duas lojas, mudei várias vezes de países, explorei diversas peças… Foi um percurso longo até chegar à Cata Vassalo.

No dia em que o príncipe William e a Kate Middleton casaram vendi o meu primeiro toucado de noiva

Viveu mais de uma década entre Londres e Valência. O que ficou dessa época?

A descoberta de que sou muito mais feliz aqui, em Portugal. Mas o percurso que tive deixou-me duas filhas que adoro, uma nascida em Espanha e outra em Inglaterra, e a marca que é, hoje, a Cata Vassalo. No entanto, costumo dizer que as maiores aprendizagens que fiz foram ao nível de 'soft skills' e de personalidade. Em Inglaterra, aprendi que o 'não' é sempre garantido e a saber lidar e a superar cada dificuldade. Já em Espanha, como as pessoas são muito alegres e têm esperança, guardei a máxima 'mañana más y mejor'. Ambas ajudaram-me a ser quem sou e isso reflete-se na minha marca.

A certa altura, o seu caminho "cruza-se" com o de Kate Middleton e o Príncipe William. De que forma?

Eu vivia e tinha uma loja em Valência. Em Espanha, tal como em Inglaterra, as convidadas dos eventos preocupam-se muito com a roupa e acessórios - incluindo os toucados e chapéus - que usam nessas cerimónias. Ainda não era assim tão comum as noivas casarem com um toucado, mas no dia em que o Príncipe William e a Kate Middleton casaram vendi o meu primeiro toucado de noiva. A partir daí, nunca mais parei. O universo das noivas começou a crescer com a procura por peças personalizadas ou de coleção.

E quando é que decide que se iria dedicar a toucados?

Foi uma evolução natural. As noivas começaram a procurar toucados e o segmento começou a crescer. Fui respondendo a essa demanda do mercado, evoluindo nas minhas peças, na técnica, nos materiais e os acessórios menos procurados começaram a desaparecer da minha loja. Quando voltei para Portugal já trabalhava essencialmente para o mercado dos casamentos e a Cata Vassalo começou a ficar conhecida por isso. 

A que se deve a escolha pelo universo das noivas?

Foi uma consequência feliz desta procura por parte das noivas. Criar peças como toucados combina várias das minhas paixões: trabalho com as mãos, com diferentes tipos de metais, transformo, restauro e aproveito peças antigas… Não há limites nesta arte e costumo dizer que na Cata Vassalo nunca existem desperdícios. 

Lembra-se da sua reação quando viu alguém pela primeira vez a usar uma peça sua?

Sinto sempre um orgulho enorme. Toda a equipa sente. Seja uma pessoa aleatória na rua que recebeu uns brincos, alguém que vem ao nosso atelier e experimenta um anel e adora, uma noiva com quem conversamos há vários meses e nos envia finalmente as fotografias do seu grande dia com o seu toucado, uma convidada de um casamento que nos aparece inesperadamente numa imagem no Instagram, uma figura pública na televisão ou numa revista. No entanto, existem dois momentos que recordo sempre: a primeira vez que vi uma pessoa a assistir a um concerto a usar uma peça minha e os dias das sessões fotográficas quando vejo as peças que criei a ganharem vida nas modelos que escolhi. 

Quem é aquela pessoa que adoraria ver com uma peça Cata Vassalo?

Todas as mulheres. Para mim, é um orgulho ver pessoas a usarem as peças Cata Vassalo e a sentirem-se especiais com elas.

Onde é que arranja inspiração para as suas peças? Vai para a rua, viaja, fala com as pessoas, lê livros?

Adoro viajar e encontro muita inspiração na natureza e em cada sítio que viajo. Tiro muitas fotografias a texturas, cores, tonalidades e formas de plantas e flores, mas também de paisagens. Gosto de ver imagens antigas, ler e conhecer mulheres inspiradoras. Tudo isso ajuda-me a construir as minhas coleções, mas o momento crucial é quando espalho os materiais na minha mesa e começo a construir ou a desenhar. 

Quando cria uma peça, imagina alguém na sua cabeça?

Costumo imaginá-las em determinados perfis de pessoas, porque isso também faz parte do processo de idealizar as campanhas e é inevitável numa marca que conhece tão bem o seu público-alvo. Quando crio uma peça personalizada, apesar de seguir a identidade Cata Vassalo, crio-a sempre à medida dos sonhos de alguém e essa pessoa acaba por estar sempre materializada na peça.

Todos os dias preciso de continuar a evoluir com a mesma humildade de quando comecei

As peças são feitas manualmente?

Todas. É por isso que dizemos sempre com muito orgulho que do nosso atelier nunca saem duas peças iguais. Tudo o que é feito à mão tem sempre variações, muitas vezes físicas - cores, espaços, dimensões, banhos - mas também emocionais. Há dias mais introspetivos, outros mais enérgicos, e há sonhos de noivas mais subtis e outros mais irreverentes.  E é isto que confere magia e exclusividade às peças Cata Vassalo.

O que é que a marca traz de novo?

A Cata Vassalo traz uma proximidade entre uma marca e o seu público que é diferente. Nós sabemos quem são as nossas clientes, conhecemo-las pelo nome, sabemos a sua história e fazemos parte dos momentos mais especiais das suas vidas. Isso torna-nos uma marca muito presente e 'top of mind'.  É, sobretudo, uma marca próxima e com a qual as clientes têm uma relação de constante recompra pela confiança. Além disso, trazemos verdade e transparência. Somos tal e qual isto. Uma equipa de mulheres de várias idades, vindas de mundos diferentes, cada uma com a sua história e percursos profissionais e académicos completamente desiguais e que pomos tudo aquilo que somos no que fazemos. O resultado é poder proporcionar e oferecer uma experiência única às nossas clientes em todas as formas de contacto que tenham com a marca. 

Considera que abriu caminho para outras marcas?

De certa forma, sim. Entrei no mercado dos casamentos quando os toucados ainda não tinham grande expressão e, por isso, tratava-se de uma arte que estava numa fase muito embrionária do seu crescimento. Experimentei e arrisquei muito, testei diferentes materiais, conheci muitas noivas e muitos sonhos, ganhei experiência, transformei e usei acessórios e objetos antigos em coroas, tiaras e bandoletes, mas tendo sempre os pés muito assentes na terra. Isso dá-me a consciência necessária para saber que todos os dias preciso de continuar a evoluir com a mesma humildade de quando comecei. 

Considera-se uma marca fenómeno nas redes sociais?

Não considero que seja um fenómeno, nem que exista um momento ou uma receita para as redes sociais. Partilhamos aquilo que fazemos, o resultado nas nossas clientes e fazemos com a transparência, verdade e entrega como em tudo o resto. Num mundo em que a verdade é algo cada vez mais difícil de encontrar, acredito que isso marca a diferença. Além disso, as redes sociais são um canal na nossa relação com as clientes e, por isso, só pode ser positivo e impactante.

Já está a trabalhar numa nova coleção?

Estou sempre. Neste momento, já lançámos a coleção de brincos e anéis 'ROOTS' e vão seguir-se mais duas coleções muito especiais que estão para breve. Também já lançámos a coleção de noivas de 2022 em dois momentos e até ao verão queremos ter mais um momento dedicado às nossas noivas. Ao longo do ano, saem peças exclusivas para assinalar datas especiais e este ano não será exceção.

Notícias ao Minuto© DR

O que podemos esperar da nova coleção? Já tem conceito?

O ano passado o conceito de todas as nossas coleções foi 'Feelings' e tudo o que criámos foi à volta de sentimentos e emoções - foi um ano muito emocional. Há dois anos tinham sido os sonhos. Para 2022 é 'Soul', porque todas as coleções vão refletir uma dimensão da alma Cata Vassalo, que é construída por muitos traços, momentos e pessoas - já somos uma família muito grande e isso merece um destaque especial.

Descreva-nos um dia de trabalho seu.

Acordo muito cedo, faço exercício, vou levar as minhas filhas à escola e sigo para o atelier. Uma parte do meu dia implica tomar muitas decisões relativas ao negócio, resolver assuntos que vão surgindo e depois faço aquilo que mais gosto: criar.

A nível pessoal, a Covid-19 teve consequências fatais na minha vida, mas não no meu trabalho

No meio de tudo isso, como encontra tempo para ter uma segunda marca?

A marca chama-se UMBRA e tem como assinatura 'follow the sun' que é também um mote para um estilo de vida. Começou por nascer de uma forma independente da Cata Vassalo, marcada pela vontade de recuperar a tradição de usar chapéus - que é algo que sempre fez parte da história da humanidade, mas que se tem vindo a perder. Os chapéus UMBRA são unissexo e não têm idade. Podem ser usados por crianças, adolescentes, homens e mulheres adultos. E todos os nossos modelos têm fitas que se podem tirar e trocar por outras. Pode ter-se um modelo de chapéu e várias fitas para trocar consoante as ocasiões, a roupa e a formalidade ou informalidade dos sítios onde vamos.
Em breve vamos ter novidades e posso já adiantar que a UMBRA e a Cata Vassalo vão começar um percurso em conjunto.

Imagino que também para si os últimos quase dois anos tenham sido instáveis... Tem medo da crise provocada pela Covid?

A nível pessoal, a Covid-19 teve consequências fatais na minha vida, mas não no meu trabalho. Quando fomos, pela primeira vez, para casa fiquei insegura sobre como é que a vida e a sociedade se iriam desenvolver e o que este vírus nos traria, mas rapidamente percebi que a dedicação que sempre pusemos nas relações com as nossas clientes e nas peças teve muito impacto. As pessoas continuaram a sonhar com os seus casamentos, começaram a comprar mais online e, de certa forma, até se começaram a preocupar mais com aquilo que iriam usar em vários eventos. Passaram a antecipar mais, a idealizar e ganharam tempo para dedicar-se a procurar aquilo que queriam. Crescemos muito e a nossa equipa multiplicou-se. O maior desafio foi continuarmos a dar força e coragem às noivas que tiveram os seus casamentos adiados. Quisemos apoiá-las e mostrar-lhes que continuávamos aqui, tal como os seus sonhos e que os seus dias especiais iam sempre chegar.  Melhores até do que tinham imaginado. Somos muito mais do que uma marca e isso ficou muito claro nestes últimos dois anos.

Nota que o cliente está disposto a pagar um pouco mais por uma peça com melhor qualidade e menor impacto ambiental?

As pessoas preferem cada vez mais as peças que têm uma dimensão para lá do óbvio. Neste sentido, preferem peças de uma marca em que confiam, com que sentem afinidade e com quem têm uma relação. Peças que contam uma história e têm significado, que são feitas à mão, que incorporam outras peças - muitas vezes joias de família - e que são feitas com dedicação, amor e cuidado. A nossa assinatura na Cata Vassalo é 'details matter'. Preocupamo-nos com tudo: temos um 'packaging' feito em Portugal, com materiais que são recicláveis e degradáveis, que vão acompanhados de postais feitos em papel semente para serem plantados posteriormente e de cartões com recomendações de como preservar as nossas peças que são intemporais e que queremos que durem toda uma vida. 

Que sonhos tem por concretizar?

Nenhuns. Não gosto de viver a pensar num futuro que pode ser incerto. Vivo sempre o presente e, por isso, os meus sonhos são realizados diariamente. Adoro o que faço e o que tenho.

Vê-se a fazer outra coisa?

Não. O que faço é aquilo que sou.

Qual aquela peça ou acessório que não vive sem?

Brincos e anéis. Uso todos os dias e acompanham-me onde quer que vá. 

Se tivesse de escolher... Brincos ou toucados?

Brincos. No meu entender, são o melhor complemento para qualquer ocasião, mas para as minhas clientes continuo a dizer toucados. São peças únicas que as representam a elas e aos dias mais felizes das suas vidas. E nada pode fazer mais sentido do que isso.

Leia Também: De sonho! Cata Vassalo lança nova coleção (amorosa) para noivas

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