Glaucoma: Perda de visão por doença que afeta milhões pode ser evitada
Esta doença ocular afeta cerca de sete milhões de pessoas, só na Europa, e aproximadamente 200 mil indivíduos em Portugal. Mas, afinal, há uma forma de travá-la.
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As células estaminais do tecido do cordão umbilical estão a ser investigadas como forma de tratamento para impedir a degeneração ou até mesmo para promover a regeneração do nervo ótico em contexto de glaucoma, revela um estudo publicado na revista Stem Cells International.
Dados do estudo revelam que as células estaminais do cordão umbilical têm capacidade para proteger o nervo ótico, potencialmente impedindo a progressão da doença, que se carateriza pela perda progressiva das células do nervo ótico e constitui a principal causa de cegueira irreversível a nível mundial. Após aplicação no olho, as células estaminais do cordão umbilical são capazes de migrar para a zona lesada e sobreviver durante pelo menos dois meses, segundo a investigação.
Os investigadores utilizaram um modelo animal de glaucoma, que apresentava pressão intraocular elevada, com subsequente lesão na retina e perda de células do nervo ótico. O objetivo foi determinar a sobrevivência e a mobilidade das células estaminais após aplicação direta no olho. Para isso, as células foram marcadas com fluorescência, de forma a ser possível rastrear a sua localização ao longo do tempo.
Esta doença ocular afeta cerca de sete milhões de pessoas, só na Europa, e aproximadamente 200 mil indivíduos em Portugal. Na maioria dos casos, está relacionado com o aumento da pressão intraocular, que não é dolorosa nem percetível pelo doente, podendo passar despercebida durante muitos anos até que se comecem a notar alterações na visão.
Apesar de existirem tratamentos (farmacológicos, com laser ou cirurgia) disponíveis para o tratamento de glaucoma, estes são incapazes de recuperar a visão já perdida. "O uso de células estaminais tem vindo a ser investigado como estratégia inovadora no tratamento do glaucoma, no sentido de impedir a degeneração das células do nervo ótico, ou mesmo, idealmente, promover a sua regeneração", explica Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, em comunicado.
Sublinha ainda que a "facilidade com que é possível colher estas células [estaminais] após o parto, de forma não invasiva e totalmente indolor, e a possibilidade de multiplicação em laboratório tornam-nas atrativas para aplicação clínica".
Os investigadores verificaram, ainda, que as células estaminais do tecido do cordão umbilical exercem um efeito protetor contra danos na retina causados por pressão intraocular elevada, tendo a sua administração estado associada a uma menor perda de células do nervo ótico.
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