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Qual a alimentação certa para a diabetes tipo 2? Nutricionista explica

Diz-se que somos o que comemos... E não é por acaso.

Qual a alimentação certa para a diabetes tipo 2? Nutricionista explica
Notícias ao Minuto

10:40 - 08/11/21 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle Entrevista

Segundo o Observatório Nacional da Diabetes, 13,6% dos adultos em Portugal, entre os 20 e os 79 anos, têm diabetes tipos 1 e 2, sendo um dos dois países da União Europeia com maior taxa de prevalência. A forma mais comum da doença é a diabetes tipo 2 (90%), mas, apesar do número elevado, 70% dos casos podem ser prevenidos através da adoção bons hábitos alimentares e da prática do exercício físico.

Com isso em mente, e para assinalar o Dia Europeu da Alimentação e da Cozinha Saudáveis, o Lifestyle ao Minuto falou com a nutricionista Rita Rocha de Macedo, que está a participar nos vídeos de receitas disponibilizados na plataforma Controlar a Diabetes, desenvolvida pela MSD Portugal. Ao longo dos próximos meses, serão publicadas duas receitas por mês nas redes sociais (FacebookInstagram) e no 'website'.

O que distingue a diabetes tipo 1 e a diabetes tipo 2?  

Na diabetes tipo 1, o pâncreas deixa de produzir insulina por destruição completa das células que fabricam esta hormona. Esta patologia surge habitualmente em crianças e jovens. Não quer dizer que não se desenvolva na idade adulta, mas é mais frequente o seu desenvolvimento em idades jovens. Na diabetes tipo 2, o organismo produz menos insulina, que é menos eficaz. Pode surgir em qualquer idade, mas é mais frequente nas pessoas adultas e com peso a mais.

Notícias ao Minuto Rita Rocha de Macedo© DR

Se houver alterações nos hábitos alimentares das pessoas, a medicação será também muito mais eficaz

Devem ser feitas alterações ao nível da alimentação?

Se for seguida uma alimentação saudável, equilibrada e completa, conforme recomendado pela roda dos alimentos, não deverá ser necessário introduzir alterações à alimentação. A alimentação de uma pessoa com diabetes tipo 2 não difere muito da alimentação que qualquer pessoa deve fazer. No entanto, sabemos que muitas pessoas não seguem estes princípios. Nesta patologia, deve haver uma redução de ingestão de gordura, de sal e o aumento de ingestão de fibra, para podermos prevenir o aparecimento das complicações inerentes à patologia. Mas, além de uma alimentação saudável, há outros fatores fundamentais para prevenir e controlar a diabetes tipo 2, tais como: ser fisicamente ativo, controlar os níveis de colesterol e a pressão arterial, cumprir com a medicação prescrita pelo médico e apostar na perda de peso, caso lhe seja diagnosticado excesso de peso ou obesidade.

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Através dos vídeos de receitas da plataforma Controlar a Diabetes, nos quais estou a participar, queremos sensibilizar as pessoas em geral para a importância de adotar um estilo de vida saudável e, assim, ajudar a prevenir e a controlar a diabetes tipo 2. Pretendemos também passar a mensagem de que se houver alterações nos hábitos alimentares das pessoas, a medicação será também muito mais eficaz.

Como desmistificar a ideia de que a alimentação de um diabético é restritiva e monótona?

Já lá vai o tempo em que a alimentação de um diabético era assim. No fundo, deve ser completa, variada, equilibrada e de acordo com os princípios da roda dos alimentos. O plano alimentar deve ser sempre elaborado juntamente com um nutricionista. Deve-se privilegiar alimentos ricos em fibra (pão escuro, cereais integrais, leguminosas, fruta), pois vão ajudar na redução da glicemia, após as refeições, e na redução dos níveis de colesterol, além de aumentarem a sensação de saciedade e auxiliarem o bom funcionamento do intestino. Aposte em gorduras insaturadas monoinsaturadas e polinsaturadas (azeite, peixes gordos e frutos secos) benéficas para a saúde, pois conferem proteção contra as doenças cardiovasculares e são responsáveis por aumentar o “bom colesterol” (HDL). Obviamente, o seu consumo terá que ser moderado, pois não deixam de ser gorduras e, quando em excesso, contribuem para um aumento de peso. E, muito importante: é preciso não esquecer a água. É recomendada a ingestão mínima de 1,5 litros de água por dia para ajudar ao bom funcionamento do rim e do intestino.

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Deve-se evitar açúcar e alimentos ricos em açúcar, como refrigerantes, bolos ou chocolates, pois levam ao aumento da glicose no sangue e são pobres em nutrientes e ricos em calorias, levando a um aumento de peso. São também de evitar alimentos ricos em gordura, neste caso, gordura saturada, como, por exemplo, batatas-fritas, bolos, enchidos e natas, pois são prejudiciais à saúde, aumentam o 'mau colesterol' (LDL), favorecem o aumento de peso e elevam o risco de doenças cardiovasculares.

Não esquecer também que as bebidas alcoólicas escondem um enorme teor em calorias e contribuem para o aumento de peso. O seu consumo deve ser moderado e durante as refeições para evitar hipoglicemias.

Todos nós temos vida social - é essencial para qualquer um e é muito importante que a pessoa com diabetes tipo 2 não "fuja" das ocasiões especiais

Partilho um exemplo de refeições para um dia:

Pequeno-almoço
Pão escuro torrado com tomate e um fiozinho de azeite mais um copo de leite magro.

Lanche da manhã
Pudim de chia com maçã e amêndoas.

Almoço
Sopa de legumes mais Batata-doce recheada com chili e uma peça de fruta

Lanche da tarde
Crepe de aveia com manteiga de amendoim.

Jantar
Sopa de legumes mais salmão com cuscuz de vegetais.

Ceia
Um iogurte magro mais duas bolachas de água e sal. 

E numa ocasião especial? É possível ingerir 'alimentos proibidos' e manter as glicemias estáveis?

Todos nós temos vida social - é essencial para qualquer um e é muito importante que a pessoa com diabetes tipo 2 não "fuja" das ocasiões especiais. Claro que o receio de ficar com glicemias muito elevadas está presente, pois há sempre a tentação de comer um doce, mas existem estratégias que podem ser adotadas neste tipo de situação. Mas atenção: o ideal é que isto seja feito por pessoas que tenham a diabetes 'controlada'. Em primeiro, sugiro sempre que as pessoas, antes de se dirigirem para um almoço ou um jantar, comam, por exemplo, uma sopa de legumes, pois assim já vão com o estômago um pouco preenchido. Podem optar por reduzir ou eliminar os hidratos de carbono do prato (arroz, massa ou batata) para poderem incluir um doce e, assim, a glicemia não sobe tanto como se comesse os hidratos de carbono do prato e, ainda, os do doce. Estas ocasiões especiais devem ser pontuais e esporádicas. Se abusar neste tipo de excessos, claro que haverá um descontrolo da diabetes.

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Idealmente, de quanto em quanto tempo devem ser ingeridos alimentos e em que proporção?

Devem ser ingeridas, no mínimo, seis refeições diárias e a horas regulares. Para manter um bom controlo glicémico, deve-se comer de três em três horas e evitar estar mais de três horas e meia sem comer. O ideal é fazer pequenas refeições entre as três refeições principais e uma pequena ceia antes de deitar.

Como proceder em caso de hipoglicemia?

No caso de hipoglicemia (valores abaixo de 70mg/dL), a solução mais rápida para que a pessoa tenha uma subida imediata de glicemia, será a ingestão de açúcar, pois este é rapidamente absorvido pelo organismo. A pessoa em questão deve tomar imediatamente cerca de dois pacotes de açúcar (15 g de açúcar) ou duas colheres de sopa de açúcar. Por outro lado, não deverá ingerir alimentos como bolos, doces ou gelados, pois estes têm na sua constituição outros nutrientes como, por exemplo, a gordura, o que faz com que não haja uma absorção rápida do açúcar. Espere entre três a cinco minutos e volte a medir a glicemia. Se o valor continuar abaixo dos 70mg/dL ou não se sentir melhor, deverá repetir a toma da glicose novamente. Contacte imediatamente o médico ou enfermeiro se continuar a não melhorar, se a glicemia continuar abaixo de 70mg/dL, se o valor for muito baixo (abaixo dos 50mg/dL ou o símbolo 'LO' apareceu no aparelho) ou se é uma repetição da hipoglicemia. Se for um familiar ou acompanhante da pessoa com hipoglicemia e esta perdeu os sentidos, está confusa e agitada ou se não for possível contactar o médico ou enfermeiro, ligue para a Linha de Saúde 24 (808 24 24 24) ou para o número nacional de emergência 112.

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