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Saúde reprodutiva feminina: Há prós em simular casos clínicos no ensino?

Artigo de opinião escrito pelo Dr. Dusan Djokovic, médico ginecologista-obstetra no Hospital CUF Descobertas, Professor Auxiliar no Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas - NOVA Medical School, Lisboa.

Saúde reprodutiva feminina: Há prós em simular casos clínicos no ensino?
Notícias ao Minuto

10:00 - 27/09/21 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Opinião

A simulação é importante para a educação clínica em geral. Em Obstetrícia e Ginecologia, as competências técnicas são tão importantes como a confiança, o respeito e a colaboração entre os médicos e as doentes ou grávidas, sendo a simulação um valioso instrumento de ensino que melhora a aquisição de conhecimentos, habilidades práticas e atitudes clínicas corretas.

As principais causas de eventos adversos em medicina são erro humano e desvio da prática clínica recomendada. O treino com simulação, fundamentalmente, serve para reduzir os erros médicos. Lamentavelmente todos já ouvimos casos de atuação médica inoportuna ou não atempada, estabelecimento de diagnóstico errado, operações em órgãos errados e realização de procedimentos desnecessários. É preciso agir perante a hipótese destes erros e acredito que tal ação exige formação. 

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Dr. Dusan Djokovic© DR

A simulação fornece aos alunos, médicos, enfermeiros e outros profissionais a oportunidade de desenvolver habilidades e consolidar as competências e os conhecimentos por meio da repetição de procedimentos técnicos. Além disso, permite a avaliação de competências previamente adquiridas, promove a autoconfiança dos profissionais e reduz os riscos para os utentes. 

Usamos a simulação como uma forma educacional eficaz para a aquisição de habilidades semiológicas básicas (comunicação com a doente, exame físico ginecológico ou obstétrico, colheita de material para rastreio do cancro do colo uterino, entre outros). Os simuladores específicos, atualmente disponíveis, oferecem uma excelente oportunidade de simular exames ecográficos. Existem várias opções para simular os procedimentos cirúrgicos ginecológicos/obstétricos: simulação em animais e cadáveres humanos, treino em simuladores de baixa fidelidade, bem como simulação baseada em realidade virtual. Os modelos animais e os cadáveres humanos têm alta validade em termos de anatomia e características dos tecidos naturais - sendo atualmente utilizados com menor frequência por motivos éticos, regulatórios e económicos. Os simuladores de baixa fidelidade são estáticos e menos realísticos, usados para treinos específicos (por exemplo, treino de sutura laparoscópica ou remoção histeroscópica de pólipos intrauterinos). A repetição de exercícios e a possibilidade de adaptação desses modelos a cenários cada vez mais complexos auxiliam na aquisição progressiva de capacidades cirúrgicas. A simulação com manequins e a simulação baseada em realidade virtual fornecem a oportunidade de treino em cenários de alta fidelidade e feedback para análise instantânea.

Os benefícios da simulação são numerosos, mas os custos associados à aquisição e manutenção dos modelos, educação, contratação e atualização dos formadores devem ser valorizados. Por exemplo, a CUF Academic Center tem investido no seu Centro de Simulação, contribuindo assim para a formação dos profissionais de saúde e promovendo indiretamente a segurança dos utentes. O Centro possui diversos tipos de simuladores, de baixa a alta fidelidade, que, por exemplo, reproduzem sinais vitais e possibilitam a criação de cenários de complexidade variável. No final de setembro deste ano, o Centro receberá os participantes do Curso Avançado de Ecografia Ginecológica que, através de vários exercícios em simuladores de alta fidelidade, visa promover a aplicação de técnicas adequadas na avaliação ecográfica pélvica, bem como o reconhecimento das doenças ginecológicas clinicamente mais relevantes. Já no início de outubro, um workshop de histeroscopia com simulação vai ser organizado no Centro para os alunos da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. Prevê-se também que, em breve, seja realizado um curso de emergências obstétricas. 

Um número crescente de evidências diretas, publicadas em revistas médicas internacionais, indica que a integração da simulação em programas educacionais, como nos casos mencionados aqui, resulta em uma transmissão de conhecimento mais eficiente do que por meio de palestras clássicas. 

Em resumo, a simulação melhora o nível de competências técnicas dos obstetras e ginecologistas, a qualidade dos serviços prestados e a segurança das doentes. Valorizando esses efeitos positivos, várias formas de treino de simulação estão a tornar-se de facto mais acessíveis, enquanto a simulação deve ser formalmente incluída, como forma padrão e rotineira de ensino, em programas nacionais de formação médica específica em Obstetrícia e Ginecologia.

Leia Também: Sociedade de Contraceção diz ser fundamental aconselhamento médico prévio

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