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Dia da Artrite Reumatoide. O impacto da doença na qualidade de vida

Esta segunda-feira, dia 5 de abril, é assinalado o Dia Mundial da Artrite Reumatoide, uma doença que afeta muitos portugueses. Como tal, o Dr, Luís Cunha Miranda, do Instituto Português de Reumatologia, partilha um artigo de opinião com o Lifestyle ao Minuto, no qual explica como esta doença comum pode afetar a qualidade de vida dos doentes.

Dia da Artrite Reumatoide. O impacto da doença na qualidade de vida
Notícias ao Minuto

17:00 - 05/04/21 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Artigo de opinião

A Artrite Reumatoide (AR) é uma das mais de 200 doenças reumáticas e músculo-esqueléticas todas elas diferentes, mas todas elas com um tremendo impacto na vida de mais de 50% dos portugueses. De facto mais de metade da população adulta portuguesa sofre de pelo menos uma doença reumática. De comum a todas elas a incapacidade que provocam ou podem provocar e a presença de dores e alterações músculo-esqueléticas com limitação na capacidade de mobilização ou de utilização das articulações e músculos.

A AR atinge em Portugal quatro vezes mais a mulher que o homem e como tal devemos estar atentos às queixas articulares nomeadamente se não tiverem uma causa identificável ou se perdurarem por semanas ou meses. De característico a AR atinge múltiplas articulações nomeadamente as pequenas articulações das mãos e pés mas pode envolver muitas outras articulações. Como doença reumática sistémica pode envolver para além do sistema músculo-esquelético outros órgãos como o pulmão o coração os olhos etc.

Na AR as dores são de características inflamatórias o que quer dizer que são mais de manhã ou ao final da noite, melhorando ao longo do dia, associando-se a uma sensação de rigidez ou de “ferrugem” das articulações que estão perras ou de difícil mobilização pela manhã prolongando-se essa rigidez por mais de 30 minutos. Muitas das vez essa rigidez prolonga-se por horas levando muitos doentes a levantar-se algum tempo antes para poderem funcionar melhor quando chegam ao trabalho.

Tal como muitas das doenças reumáticas a artrite reumatoide tem a capacidade de uma forma abrupta interferir com todas as áreas da vida, limitado a capacidade de trabalho da relação com os outros e com a família. A limitação em diversas articulações e inflamação e a variabilidade quer das articulações quer da intensidade da dor quer diminuição da força e da função das articulações implica quer com as pequenas tarefas quer com a capacidade de andar ou mexer-se.

Mas esta é uma doença da Reumatologia dos Reumatologistas e da esperança pois nos últimos anos a capacidade que existe em devolver aos doentes a sua capacidade de vida tem sido a maior transformação que podemos fazer. Um diagnóstico precoce um acompanhamento pelo especialista em Reumatologia e um plano conjunto e as medicações adaptadas podem devolver a um doente se não a totalidade pelo menos a quase totalidade da sua vida. E é de vida que falamos, da capacidade de tomar conta de si e os seus filhos, de poder ir trabalhar e estar disponível para tal, o de poder dormir e descansar o de andar sem dores ou de poder voltar a fazer o que todos nós queremos fazer.

O diagnóstico precoce passa pelo doente entender que uma dor que envolva uma ou mais articulações que não tenha uma causa aparente e que se prolongue de dias para semanas deve ser investigada. Mais ainda se tiver articulações inchadas (com edema calor e vermelhidão) se atingir diversas articulações devem sempre fazer procurar ajuda ou do médico de família ou dum Reumatologista

Depois deverá ser na ligação entre o Reumatologista e na força dessa relação que uma estratégia para se atingir o diagnóstico inicialmente e posteriormente num plano terapêutico que incluirá o exercício a dieta o parar de fumar mas também diversas armas terapêuticas que hoje temos para disponibilizar aos doentes. Ao contrário de há 10 ou 15 anos hoje temos muitas opções para atingir objectivos ambiciosos de obter a remissão ou a baixa actividade da doença. Medicamentos biológicos ou biotecnológicos ou os mais recentes inibidores do JAK podem caso se falhe medicamentos mais simples fazer uma extraordinária diferença na vida mesmo de casos mais graves de artrite Reumatoide. Tal significa termos um quadro clínico que apesar de crónico, e portanto para toda a vida, possa devolver a vida o mais plena possível ao doente com o menor impacto possível da doença.

Para tal temos de lutar por uma boa ligação entre o doente, o médico de família de a Reumatologia. Essa articulação é fundamental nos resultados obtidos e na forma de evolução dos doentes ao longo da sua vida com a doença. Não podemos ter “gato por lebre” e os doentes devem exigir o acesso ao reumatologista para as doenças reumáticas graves e incapacitantes e não serem enviados para consultas hospitalares de não especialistas em Reumatologia que fazendo por certo o melhor possível não são verdadeiro especialistas em Reumatologia e portanto sem a formação específica para poderem seguir doentes graves com patologia reumática. O SNS tem tratado os doentes reumáticos e a Reumatologia como não sendo essenciais e apesar de haver capacidade e especialistas para tal mais de metade dos hospitais do SNS não têm, quase todos por opção própria, a especialidade de Reumatologia. Isso deve-se por falta de planeamento, por falta de visão estratégica, mas igualmente por socialmente as doenças reumáticas serem consideradas doenças de velhos, que claramente não são, e que a dor e a limitação é aceitável.

Nada mais falso que isso as doenças reumáticas têm um impacto social importante com mais de 1000 milhões de euros anuais em baixas e reformas antecipadas, mas para o doente nunca nos devemos resignar a ser infelizes e com dores sem saber realmente se existe causa, mas igualmente solução para as nossas dores e incapacidades. O futuro de cada um dos doentes com artrite reumatoide depende de diversas variáveis mas fundamentalmente no diagnóstico precoce e num acompanhamento pela Reumatologia. Hoje em dia só mesmo casos muito difíceis de artrite reumatoide, que felizmente são cada vez mais raros, é que não poderão ter uma vida, embora com limitação e com a doença, cada vez mais próxima do normal.

Leia Também: O impacto da Covid-19 na mortalidade da Doença Vascular Cerebral

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