Especialistas creem o vírus pode estar a atacar o diafragma - um músculo localizado entre o peito e o estômago, que ajuda a controlar a respiração.
Os soluços ocorrem quando o diafragma sofre involuntariamente espasmos ou contrações resultantes de comer certos alimentos, engolir ar, excitação, stress e outros fatores.
Contudo, também já foram associados a outras doenças infeciosas, incluindo a gripe e tuberculose.
De acordo com os especialistas, soluços que duram mais de 48 horas são considerados motivo de preocupação e a pessoa que estiver a sofrer da condição deverá ser assistida por um médico.
Nesse sentido, médicos no Egito descreveram o caso de um homem que chegou ao hospital a reclamar que estava a experienciar um 'surto' de soluços há uma semana consecutiva, além de dor de garganta.
O indivíduo disse que primeiro tinha tido febre, que havia melhorado parcialmente após a toma de medicamentos sem prescrição médica.
A fim de entender o que estava a provocar os soluços, os médicos pediram um ultra-som abdominal, de acordo com um artigo publicado na revista científica Respiratory Investigation.
No entanto, não detetaram nada fora do normal que sugerisse que os soluços do homem haviam sido causados por um problema de estômago, como muitas vezes são.
Entretanto, o homem foi transferido para as urgências do hospital enquanto os seus soluços, febre e dor de garganta pioravam.
Lá, foi realizada uma tomografia computadorizada do peito, que mostrou que o doente apresentava os sinais característicos da Covid-19, incluindo líquido acumulado nos pulmões cujo aparecimento é provocado por pneumonia viral.
Temendo que estivesse infectado, os médicos rapidamente moveram o homem para uma sala de isolamento e testaram-no para o SARS-CoV-2. O teste deu positivo.
Foi-lhe dado medicamentos para ajudar a tratar o novo coronavírus, mas porque os soluços constituíam um motivo de incómodo permanente, os médicos deram-lhe três fármacos adicionais para tentar ajudá-lo a respirar mais facilmente.
O paciente começou a melhorar lentamente após os médicos aumentaram a dose de Baclofen, um medicamento usado para tratar espasticidade muscular e soluços persistentes.
Dez dias após a admissão, o homem testou negativo para a Covid-19 e apresentava um quadro estável, tendo nesse momento sido enviado para casa.
Nader Bakheet e os seus colegas da Faculdade de Medicina da Universidade do Cairo, escreveram: "acreditamos que o nosso caso de um paciente do sexo masculino de 48 anos com soluços persistentes pode ser uma possível manifestação rara de Covid-19".
"A correlação exata entre a Covid-19 e os soluços é difícil de explicar", acrescentaram.
Os médicos disseram que os soluços poderiam ser um efeito direto da infeção. Mas, admitiram que também poderiam ser apenas uma coincidência.
Todavia, destacaram outro relatório médico nos Estados Unidos, que descrevia um homem que sofreu de soluços por vários dias após testar positivo para a Covid-19, apesar de não ter outros sintomas. Este caso foi descrito na publicação científica American Journal of Emergency Medicine.
