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Cancro gástrico: A importância de diagnosticar e tratar precocemente

"É mais frequente nos homens e está relacionado com estilo de vida, uma vez que a incidência desta doença nas populações que migram dos países mais afetados para os menos afetados, diminui ao fim da segunda e terceira geração", explica Joaquim Costa, cirurgião geral da CUF Oncologia - Hospital CUF Cascais e Hospital CUF Santarém, num artigo de opinião partilhado com o Lifestyle ao Minuto.

Cancro gástrico: A importância de diagnosticar e tratar precocemente
Notícias ao Minuto

15:00 - 13/11/20 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Médico explica

O cancro gástrico  continua a ser uma das principais causas de  mortalidade a nível mundial. Representa o  sexto cancro  mais frequente na raça humana com uma incidência global de 11.1%, por 100 mil habitantes. Tem uma distribuição geográfica maioritariamente presente na Ásia e Europa Oriental (Japão e Coreia) e América do Sul (Venezuela e Chile), com menor incidência na América do Norte e alguns países Africanos.

É mais frequente nos homens e está relacionado com  estilo de vida, uma vez que a incidência desta doença nas populações que migram dos países mais afetados  para os  menos afetados, diminui ao fim da segunda e terceira geração.

Nas últimas décadas tem se constatado uma diminuição drástica no número de casos, que se pensa ficar a dever ao diagnóstico precoce, tratamento, e compreensão dos fatores que concorrem para o seu aparecimento. No entanto, o envelhecimento da população em países mais desenvolvidos assim como o aumento de casos em populações mais jovens (ainda difícil de explicar) fizeram estabilizar nos últimos anos o número total de casos.

Que tipo de cancro é este?

Classicamente e de uma maneira simplificada existem dois tipos  de cancro gástrico quando falamos  duma classificação histológica (células  gástricas de onde se originam) que são:

Tipo Intestinal - mais frequente em homens e numa população mais idosa e menos agressivo;

Tipo difuso ou infiltrativo - Igualmente frequente em homens e mulheres, mais jovens e, também,   mais agressivo e de pior prognóstico.

Quais os factores de risco para contrair a doença?

-Haver uma história familiar de cancro gástrico;

-A existência nas paredes do estômago da Bactéria Helicobacter Pylori;

-Dietas ricas em sal, fritos ,carnes processadas, fumados, enchidos, alimentos curados (ricos num composto químico chamado nitrosamina. Pensa se que a refrigeração dos alimentos que praticamente eliminou outros tipos de preservação destes, diminuiu drasticamente  a doença;

-Álcool;

-Tabaco;

-Obesidade;

-Sedentarismo;

-Status socioeconómico;

-Cirurgias gástricas anteriores por outras causas.

E quais os fatores de proteção?

-Dietas ricas em fruta , vegetais, antioxidantes, vitamina C;

-Hormonas femininas (causa de ser menos frequente na mulher);

-Exercício Físico.

Como podemos estar alerta?

É fundamental diagnosticar a doença precocemente e passar a informação que todos podemos contribuir para isso.

Para além de evitar, tipos de dieta e estilos de vida de risco é igualmente importante estarmos atentos a sinais da doença dos quais os principais são a dor e o emagrecimento inexplicável. Recorrer regularmente ao médico assistente e principalmente se notarmos algum destes sintomas. No contexto atual, pandemia Covid-19, temos vindo a verificar um progressivo atraso no diagnóstico precoce  de todos os cancros e este não é exceção. É necessário estar alerta para os sintomas   e não atrasar a execução dos exames necessários. Saiba que nas unidades de saúde têm sido tomadas  e reforçadas medidas de segurança  na execução dos exames  e no tratamento  desta doença  durante estes tempos difíceis para todos.

Notícias ao MinutoJoaquim Costa© DR

O exame que habitualmente faz o diagnóstico da doença é a endoscopia digestiva Alta com biópsia (procedimento que para além da evidência pela imagem recolhe tecido do estômago), e que posteriormente poderá ser complementado por análises e exames de imagem (TAC, ressonância magnética Nuclear).

É exatamente nesta  área que existe alguma dúvida e controvérsia... só devemos fazer a endoscopia quando temos queixas? Ou como já é habitual ou deveria ser, no exame do intestino grosso, (colonoscopia), a partir de uma certa idade? ou quando pertencemos a um dos já mencionados grupos de risco?

Em países como  o Japão ou Coreia do Sul, onde por a incidência desta doença ser muito elevada  aconselha-se  a execução de endoscopias digestivas altas de três em três anos  a partir dos cinquenta anos(Japão), ou de dois em dois anos dos 40 aos 75 anos (Coreia do Sul).

No nosso País não existe nenhuma recomendação nesse sentido. Neste momento a discussão centrada no aconselhamento da população  à imagem do que se faz para o intestino grosso em que  sugere uma colonoscopia aos  50 anos, fazer simultaneamente a endoscopia digestiva alta.

Nós médicos constatamos cada vez mais que são os próprios doentes a sugerir a associação destes dois exames uma vez que habitualmente são feitos sob sedação/anestesia e por isso mais facilmente toleráveis.

O que motiva o sucesso do tratamento?

Na  verdade o diagnóstico precoce é muito importante para o sucesso do tratamento e isso a maior parte das vezes só se consegue com programas de rastreio -  o que não é o caso no nosso país. Daí ser tão importante

A abordagem da doença, por equipas médicas multidisciplinares (oncologistas. radioterapistas, cirurgiões, gastroenterologistas) aumentou em muito o sucesso do tratamento. Tratamento este que também tem tido grandes progressos, o que tem permitido diminuir drasticamente a mortalidade, aumentado a sobrevida e melhorando o prognóstico da doença.

A possibilidade de tratar através de endoscopia (ressecção endoscópica)  a doença em fases muito precoces é uma realidade dos nossos dias. Também o recurso a tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia, antes ou depois da cirurgia, quando esta é indicada, tem melhorado muito a sobrevida e a qualidade de vida dos doentes a longo prazo. A própria cirurgia passou a ser feita em alguns centros, por acesso mini-invasivo laparoscópico (cirurgia dos furinhos) ou robótico, o que permite uma recuperação muito mais rápida  e retomar a atividade mais cedo. Outras abordagens terapêuticas da doença  como, anticorpos, vacinas, e outros  já deram e continuam a dar resultados muito promissores.

Tal como acontece na maioria dos tipos de cancro também o cancro gástrico continuará a ser alvo de maior investigação, tanto ao nível da sua prevenção como de tratamentos cada vez mais personalizados e menos invasivos.

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