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Cura para a demência pode estar na água fria, defende estudo

Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, revela que uma proteína produzida quando nadamos em água gelada ou quando o corpo é arrefecido pode proteger o cérebro de patologias degenerativas, nomeadamente a demência.

Cura para a demência pode estar na água fria, defende estudo
Notícias ao Minuto

08:10 - 23/10/20 por Notícias ao Minuto

Lifestyle Demência

A proteína RBM3, conhecida como a 'proteína do choque frio' foi detetada pela primeira vez no sangue de seres humanos, mais precisamente em nadadores profissionais de inverno, refere uma reportagem publicada pela BBC News.

Anteriormente, já era sabido que a proteína pode retardar o início da demência e até reparar alguns dos danos que a doença provoca em ratos, contudo persistiam dúvidas se esta substância era igualmente produzida pelo corpo humano. 

Giovanna Mallucci, que dirige o Centro de Pesquisa de Demência do Reino Unido na Universidade de Cambridge, afirma que a descoberta poderá ajudar os cientistas a formularem novos tratamentos e medicamentos capazes de combater aquela doença degenerativa do cérebro. 

Em 2012, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimava que 35,6 milhões sofriam de demência em todo o mundo, e que esse valor subirá até aos 65 milhões em 2030.

O mistério da 'proteína do choque frio'

Mallucci e uma equipa de investigadores detetaram inicialmente a 'proteína do choque do frio' em 2015. 

Na altura, arrefeceram camundongos saudáveis, e camundongos com doença de Alzheimer e doença do príon (neurodegenerativa), até que ficassem num estado hipotérmico. Ou seja, até que a temperatura dos seus pequenos corpos estivesse inferior 35°C, conta a BBC

Entretanto, durante o processo de re-aquecimento, os cientistas notaram que somente os ratos saudáveis conseguiam regenerar as suas sinapses; os camundongos doentes não.

Simultaneamente, detetaram que os níveis da proteína RBM3 dispararam em ratos saudáveis durante o arrefecimento, mas não nos outros.

A descoberta sugeria assim que a RBM3 podia ser a chave para a formação de novas conexões.

Os investigadores validaram essa hipótese num outro estudo, que demonstrou que as mortes de células cerebrais nos doentes poderiam ser evitadas elevando artificialmente os níveis de RBM3 em camundongos.

Nadadores de inverno

De acordo com a BBC, Mallucci acreditava que um fármaco para incitar a produção de RBM3 poderia ajudar a atrasar e até a reverter a evolução de algumas doenças neurodegenerativas nos seres humanos. 

Todavia, a RBM3, não havia sido descoberta no sangue humano.

Numa entrevista ao programa Today da BBC Radio 4, a professora explicou que gostaria de pesquisar a RBM3 em humanos. Mas, que as diretrizes éticas tornariam extremamente difícil obter permissão para deixar pessoas hipotérmicas.

'Problema' esse que encontrou uma solução viável no nadador Martin Pate, parte de um pequeno grupo que nada durante todo o inverno ao ar livre e sem aquecimento em Londres.

O atleta e os outros nadadores voluntariamente diminuíam a sua temperatura corporal com frequência e como tal eram perfeitos para o estudo. 

Mallucci aproveitou e, durante os invernos de 2016, 2017 e 2018, testou a proteína em nadadores de inverno.

Os investigadores recorreram a membros de um clube de tai chi que praticavam exercício ao lado da piscina, como grupo de controle.

Durante as múltiplas experiências, os investigadores apuraram que um número significativo de nadadores apresentava níveis elevados de RBM3. Todos eles haviam ficado regularmente hipotérmicos, com temperaturas de até 34ºC.

Comparativamente, nenhum indivíduo do grupo de tai chi mostrou um aumento nos índices de RBM3 ou experienciou temperaturas corporais demasiado baixas.

O grande desafio

Apesar da descoberta, os riscos associados ao arrefecimento extremo do corpo humano superam quaisquer benefícios potenciais, e por isso mesmo a imersão em água fria não é um tratamento potencial para a demência, salientam os cientistas.

Agora o desafio é encontrar um fármaco que estimule a produção da 'proteína do choque frio' nos humanos e verificar com toda a certeza que esta ajuda de facto a retardar o aparecimento da doença e a revertê-la. 

A BBC destaca que outros cientistas já detetaram níveis similarmente altos de RBM3 em bebés e pacientes cardíacos ou com derrames que ficaram hipotérmicos.

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