Dicas de parentalidade bizarras do século XIX

A maneira como educamos os nossos filhos mudou consideravelmente ao longo dos anos. Alguns princípios ainda se aplicam, mas muitos já provaram não serem tão eficazes. Embora os pais no século XIX também tivessem acesso a livros sobre parentalidade e pedagogia, e alguns tivessem realmente boas dicas, muitos desses livros eram simplesmente bizarros. Na verdade, quando foi a última vez que "arejou" o seu bebé numa gaiola do lado de fora da sua janela, ou lhe deu um pouco de ópio!?

Clique na galeria a seguir e fique a conhecer mais dicas amalucadas para os pais do século XIX.

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Gaiolas

Colocar bebés em gaiolas fora das janelas era uma prática comum no século XIX, para que eles pudessem apanhar ar fresco. A prática era conhecida como "arejamento".

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Arejamento

O conceito foi introduzido na década de 1890 pelo Dr. Luther Emmett Holt no seu livro The Care and Feeding of Children (O cuidado e a alimentação das crianças). A intenção era que elas crescessem mais fortes e saudáveis.

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Bater era normal

Sem dúvida, o facto de ter sido aprovado pela Bíblia ajudou bastante. Provérbios 23:13 diz: “Não hesites em disciplinar a criança; ainda que precises corrigi-la com a vara, ela não morrerá."

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Recomendações

O livro de 1884 A Few Suggestions to Mothers on the Management of Their Children (Algumas Sugestões para Mães sobre o Cuidado dos seus Filhos) sugere "uma boa flagelação com um chinelo de couro fino e macio".

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Recomendações

A autora de The Mothers Book (O Livro das Mães), Lydia Maria Child, sugeria num dos seus livros amarrar a criança a uma poltrona, “ou algo simples dessa natureza", como forma de castigo.

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Brinquedos

Child também recomendava dar botões para as crianças brincarem. Brilhantes de preferência, desde que não fossem feitos de latão. Risco de asfixia? O que é isso?

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Não deixar as crianças ler demasiada ficção

Ler ficção era um prazer culpado que as crianças só deveriam poder apreciar com moderação. Child explicava: “Ler demasiadas obras de ficção tende a destruir o gosto por qualquer coisa mais sólida e menos excitante […] Para evitar um gosto exclusivo e prejudicial pela ficção, é bom encorajar nelas o amor pela História , Viagens, Biografias, etc.”

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Ser precoce leva a morte prematura

Na verdade, podia ser mortal, acreditava-se. No livro Fireside Education (Educação à Lareira), de 1846, Samuel Griswold Goodrich dava o exemplo de uma mãe que estimulava muito o filho. Aos oito anos ele era um prodígio, mas morreu quando tinha apenas 10. “A fruta prematura nunca amadurece bem”, ressalvava o autor.

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Criatividade a mais não é bom

Na verdade, demasiada imaginação não era considerada uma coisa boa. Aparentemente, levava a uma visão distorcida da realidade.

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Nada de lanches entre refeições

O Cassells Household Guide (Guia do Lar da Cassells) aconselhava: “Em relação ao horário da alimentação, deve precaver-se contra irregularidades, não dando restos de comida às crianças entre as refeições; nem devem ser expostas à visão de comida tentadora em momentos inadequados."

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Lanche perfeito

Se realmente queria dar um lanche ao seu filho, então Advice to a Mother on the Management of her Children (Conselhos para uma Mãe Sobre o Cuidado dos seus Filhos), do médico Pye Henry Chavasse, tinha a resposta: um pedaço de pão seco.

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Lanche perfeito

Segundo o autor, a lógica era “ele nunca vai comer demais do que lhe faça bem, e ainda assim comerá o suficiente para saciar a sua fome, o que é muito importante”. Além disso, “se uma criança nunca tiver permissão para comer bolos e doces, ela considerará um pedaço de pão seco um luxo e comê-lo-á com o maior prazer”.

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Paregórico

Criança doente? Algumas gotas de elixir paregórico resolveriam o problema no século XIX. As crianças definitivamente sentir-se-iam mais calmas com todo o álcool e ópio que continha!

(Foto: Wikimedia/CC BY-SA 3.0)

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Láudano

O láudano também era muito popular. Essa tintura de ópio era muito usada para qualquer problema que uma criança pudesse ter. Existe até esta ilustração famosa chamada The Poor Child's Nurse (A Enfermeira da Criança Pobre) de uma edição de 1849 da revista britânica Punch.

(Foto: Wikimedia/CC BY 4.0)

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Mas o ópio não curava tudo

Para ténias, por exemplo, dava-se antes terebentina aos filhos.

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Mas o ópio não curava tudo

Para disenteria, dava-se aos filhos um pouco de mercúrio.

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Lições aterradoras

Der Struwwelpeter (O Rapaz Desgrenhado), um livro infantil alemão de Heinrich Hoffmann publicado em 1845, tinha algumas lições realmente terríveis para ensinar às crianças.

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Lições aterradoras

Uma das histórias é sobre um menino a quem lhe cortam o polegar por chuchar nele.

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Lições aterradoras

Outra é sobre uma criança que se aventura ao ar livre com mau tempo e é levada pelo vento para nunca mais ser vista. “Ninguém ouviu os seus gritos e choro”, diz o livro.

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Problemas com o nascimento dos dentes?

Os dentistas cortavam as gengivas das crianças em vez de permitirem que os dentes rompessem naturalmente.

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E cortavam fundo

Uma revista médica americana de 1857 indicava que “uma incisão superficial será inútil; as gengivas devem ser cortadas até que a lanceta toque no dente".

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Obediência

Esta foi listada como a qualidade mais importante a incutir nas crianças. Essa era a maneira de evitar que as crianças se tornassem adultos gananciosos e egoístas.

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Obediência

A metodologia era fácil. Tudo o que os pais tinham de fazer era nunca darem aos filhos o que eles queriam. Nunca.

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Obediência

O Guia do Lar da Cassells declarava: "Acredita-se commumente que nenhum mal pode advir de deixar uma criança seguir o seu próprio caminho, desde que ainda seja pequena. Mas isso é uma séria ilusão. Assim que uma criança tem idade de expressar as suas necessidades, por qualquer meio, tem idade suficiente para que lhe sejam apresentados hábitos de obediência. A obediência é a primeira lição a ser ensinada e as crianças bem educadas estão muito conscientes do seu significado".

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Embora os pais não precisassem de ser demasiado severos ao aplicá-la

“Nenhumas palavras ásperas, ou gestos de impaciência, precisam de ser usados para fazer cumprir a regra que consiste simplesmente em não fazer o que a criança exige, se não for o momento certo ou o lugar adequado para a gratificação desejada”, diz o guia.

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O chá verde era visto com maus olhos

Embora um pouco de ópio e mercúrio fossem administrados livremente às crianças, beber chá verde não era recomendado.

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O chá verde era visto com maus olhos

Vários distúrbios eram associados ao chá verde, incluindo histeria e dores de estômago. De acordo com o médico Pye Henry Chavasse, o chá verde deixava as pessoas nervosas.

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O chá não era a única coisa verde a ser evitada

Um pigmento verde criado na época com arsénico estava a ser usado numa série de coisas, desde roupas até decoração e brinquedos. Felizmente, alguns especialistas da época perceberam isso e recomendaram que as crianças evitassem a roupa verde.

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A miopia é evitável

Pelo menos era isso que George Napheys sugeria no seu livro The Physical Life of Woman: Advice to the Maiden, Wife and Mother (A Vida Física da Mulher: Conselhos para a Donzela, Esposa e Mãe). Ele culpava os quartos com pouca luz, janelas mal ajustadas e até mesmo o tipo de letra usado nos livros.

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A melhor estação para fazer um bebé

Napheys também sugeriu que “as crianças concebidas na primavera têm maior vitalidade, são menos propensas a morrer durante a infância do que aquelas concebidas em qualquer outra época do ano”.

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Deixar as crianças dormir de manhã

“Deixe-os dormir enquanto podem”, escreveu Thomas E. Hill no seu livro Manual of Social and Business Forms (Manual de Etiqueta Social e Empresarial), de 1878.

Veja também: Factos engraçados ou absurdos da era vitoriana

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Referências

'The Care and Feeding of Children'

'Cassells Household Guide'

'Advice to a Mother on the Management of her Children' 

'The mother’s book'

The American Academy of Pediatrics

The Bible

'A Few Suggestions to Mothers on the Management of Their Children'

‘Fireside Education'

‘Der Struwwelpeter’

‘The Physical Life of Woman: Advice to the Maiden, Wife and Mother’

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