Raros e pouco conhecidos, vamos falar sobre linfomas
O Dia Mundial do Linfoma é assinalado amanhã, dia 15 de setembro.
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Lifestyle Artigo de opinião
Na véspera do Dia Mundial do Linfoma, que é assinalado esta terça-feira, dia 15 de setembro, falamos sobre esta doença maligna, rara e pouco conhecida. O texto que se segue é da autoria do professor Herlander Marques, do Serviço de Oncologia do Hospital de Braga.
O que é o linfoma?
Os linfomas são doenças malignas, resultantes da proliferação desordenada das células do sistema imunológico, os linfócitos B e T.
Em conjunto, constituem um grupo heterogéneo com mais de 30 entidades clinico-patológicas distintas. Para simplificar, agrupam-se nos Linfomas de Hodgkin (nome do médico que primeiro os descreveu), nos Linfomas não-Hodgkin de alto grau e nos Linfomas não-Hodgkin de baixo grau.
O linfoma é um cancro frequente?
É raro, mas, ainda assim, constitui o 6º cancro mais frequente. A incidência, isto é, o número de novos casos por ano é, atualmente, cerca de 20/100.000 no mundo ocidental. A incidência do Linfoma não-Hodgkin duplicou no último quarto do século 20 devido, sobretudo, ao envelhecimento da população e ao aumento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA). Apesar do aumento da incidência, a mortalidade manteve-se estável ou até diminuiu, devido à nossa capacidade de tratar e curar esta doença. Nos países nórdicos, onde dispomos de dados fidedignos, a taxa de sobrevivência 5 anos após o diagnóstico dos doentes com Linfoma não-Hodgkin passou de 30%, em 1970, para cerca de 60%, em 2000.
No caso do Linfoma de Hodgkin, a sua incidência tem estado estável, enquanto a taxa de sobrevivência cresceu incrivelmente nos anos 60, com o desenvolvimento da quimioterapia anticancerígena e da radioterapia. Esta passou de 25% aos 5 anos, na década de 60, para 75%, na década de 90. O tratamento da doença de Hodgkin nos jovens constitui um dos maiores sucessos da oncologia e da história da medicina.
Onde se localiza a doença e quais são os sinais de alarme?
Os linfócitos normais circulam, habitualmente, pelos sistemas linfático e sanguíneo de forma que, o crescimento maligno destas células provoca o aumento dos órgãos linfoides (gânglios linfáticos, do baço) e pode causar uma infiltração da fábrica do sangue, a medula óssea e, dessa forma, provocar o aparecimento de alterações sanguíneas.
Não há sinais ou sintomas de alarme específicos da doença. Os doentes notam, frequentemente, o aparecimento de tumefações ou nódulos nas regiões cervical, axilas ou virilhas, que correspondem aos gânglios aumentados. Estes sinais podem ser precedidos de sintomas gerais como fraqueza, perda de apetite, emagrecimento e febre, que são inespecíficos e não permitem, em geral, o diagnóstico precoce.
Como se faz o diagnóstico da doença?
Para se conseguir o diagnóstico correto é indispensável a biópsia, que consiste na obtenção de um gânglio ou de um fragmento de tecido tumoral, por cirurgia ou punção com agulha grossa. A punção aspirativa com agulha fina não é suficiente.
Após a obtenção do diagnóstico, é importante determinar a extensão da doença. O exame físico do doente, a ecografia, a tomografia computadorizada (TAC), a tomografia de emissão de positrões (PET) e a recolha de amostra da medula óssea realizam-se para a deteção de gânglios anormais ou invasão de órgãos não linfoides. A avaliação de marcadores tumorais ou de alterações orgânicas obtém-se pela análise ao sangue e urina.
O linfomas têm tratamento?
A maioria dos linfomas tem tratamento altamente eficaz e, frequentemente, com obtenção de cura.
O tratamento quer do Linfoma de Hodgkin quer do Linfoma não-Hodgkin assentou, durante cerca de 40 anos, na poliquimioterapia citotóxica (anticancerígena), por vezes associada à Radioterapia (RT). Desta forma, conseguiam-se taxas de cura muito elevadas para o Linfoma de Hodgkin (90% nos jovens) e cerca de 50% para os Linfomas não-Hodgkin de alto grau. Os Linfomas não-Hodgkin de baixo grau não eram, e continuam a não ser, curáveis, mas evoluem lentamente, apresentando esperança de vida superior a 10 anos.
Nas últimas décadas, surgiram várias terapias novas que permitiram melhorar ainda mais aqueles resultados: para os doentes com doença de mau prognóstico, resistente e recidivante, desenvolveu-se a quimioterapia de alta dose com suporte de células-mãe hematopoiéticas do próprio (autotransplante), ou de um dador compatível (transplante alogénico).
Surgiram, também, tratamentos imunológicos com anticorpos monoclonais que, associados à quimioterapia, têm permitido aumentar a sobrevivência e as taxas de cura. Estes tratamentos funcionam como mísseis que reconhecem um alvo na célula maligna e se dirigem a ele.
Os doentes oncológicos podem beneficiar de apoios sociais?
O suporte familiar tem um papel fundamental no apoio ao sofrimento psicológico e físico que a doença e os tratamentos provocam ao doente. Existe legislação que protege os doentes oncológicos e seus familiares, que pode ser consultada nos sites das associações de doentes ou junto dos Serviços Sociais dos hospitais.
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