Os anticorpos, proteínas que ajudam os humanos a combater o vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, duram pelo menos quatro meses e não desaparecem rapidamente, disseram cientistas na Islândia num estudo focado na imunidade ao novo coronavírus.

Os resultados do estudo, publicados no New England Journal of Medicine, mostram ser encorajadores no que respeita ao funcionamento de vacinas que têm como objetivo desencadear uma resposta imunológica que produza anticorpos de proteção contra o vírus.

Para chegar a esta conclusão, os investigadores analisaram amostras de 30.576 indivíduos, usando seis tipos diferentes de testes de anticorpos. As principais conclusões do artigo são que, de 1.797 pessoas testadas que recuperaram da Covid, 91,1% produziram níveis detetáveis de anticorpos. Além disso, esses níveis não diminuíram quatro meses após o diagnóstico. A resposta imunitária foi maior entre os idosos - que apresentam maior risco de desenvolver uma forma mais perigosa da doença - e entre aqueles que apresentaram os piores sintomas.

O novo estudo "dá esperança de que a imunidade do hospedeiro a este vírus imprevisível e altamente contagioso pode não ser passageira e pode ser semelhante à provocada pela maioria das outras infeções virais", escreveram dois médicos da Universidade de Harvard e do Instituto Nacional de Saúde dos EUA num comentário publicado ao lado do estudo.

O que é que as descobertas significam para a temática da reinfeção (e não só)?

As descobertas vêm confirmar que as reinfeções, pelo menos logo após a primeira doença, podem ser raras, ainda que no mês passado um homem de 33 anos, com nacionalidade chinesa, tenha voltado a testar positivo depois de ter tido alta em abril por ter sido considerado curado da Covid-19.

Embora também seja, em teoria, uma boa notícia para a imunidade de grupo, isso não significa que estejamos perto de a alcançar. Pensa-se que cerca de 70% da população precisaria de anticorpos para impedir eficazmente a propagação do vírus. O estudo estima que menos de 1% da população islandesa entrou em contacto com o SARS-CoV-2. Um número muito baixo.

Leia Também: Estudo indicia infeção pelo ar em ambiente fechado e mal ventilado