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Sete coisas que tem de saber sobre a endoscopia digestiva. Médico explica

"O cancro do cólon e reto tem em mais de 90% dos casos origem em pequenos tumores benignos, os pólipos, que frequentemente não causam sintomas. A sua excisão através da colonoscopia impede o seu crescimento e transformação em cancro sendo um método eficaz para prevenção do cancro colo retal", explica a médica Cristina Chagas, Coordenadora de Gastrenterologia no Hospital CUF Sintra, num artigo de opinião que partilhou com o Lifestyle ao Minuto.

Sete coisas que tem de saber sobre a endoscopia digestiva. Médico explica
Notícias ao Minuto

17:00 - 11/07/20 por Notícias ao Minuto

Lifestyle endoscopia

A Endoscopia Digestiva revolucionou a prática da Gastrenterologia e da Medicina em geral. Utiliza endoscópios que são tubos flexíveis com fibra óptica que permitem obter imagens com elevada definição de todo o tubo digestivo e também das vias biliares. Recorrendo a vários instrumentos que se introduzem através do endoscópio, podemos colher tecido ou fluidos biológicos, realizar tratamentos para controlar hemorragias, excisar tumores benignos ou malignos, colocar próteses ou extrair cálculos das vias biliares. A associação de módulos de ecografia à endoscopia digestiva, a designada ultrassonografia endoscópica, possibilita a realização de ecografia de elevada precisão no interior do tubo digestivo aumentando a precisão diagnóstica, possibilitando o estadiamento de neoplasias e, se indicado, a punção ou biópsia guiada das lesões para obtenção de material ou drenagem de coleções. É possível observar o intestino delgado e o intestino grosso também de um modo não invasivo, através da ingestão de uma cápsula que tem a capacidade de capturar imagens que são depois gravadas e visualizadas em computador. Nalguns casos, o intestino delgado pode ser diretamente observado e realizados tratamentos recorrendo a um endoscópio específico, mais longo, denominado enteroscópio. A Inteligência artificial pode ser aplicada à Endoscopia Digestiva aumentando a capacidade de detectar e caracterizar as lesões. Em suma, a Endoscopia Digestiva permite não só a abordagem diagnóstica e terapêutica de doenças do esófago, do estômago, duodeno, intestino delgado e grosso como também, o diagnóstico e tratamento de patologia do fígado, vias biliares e pâncreas e mesmo de tratar doenças que anteriormente necessitavam de abordagem cirúrgica, evitando o recurso à mesma.

Em que casos o médico solicita Endoscopia Digestiva?

A prática da endoscopia digestiva pela sua eficácia diagnóstica e segurança, generalizou-se e é uma ferramenta essencial na prática da medicina atual. A endoscopia digestiva deve ser solicitada quando é necessário esclarecer sintomatologia do foro digestivo nomeadamente dor ou dificuldade em engolir, vómitos, dor abdominal, alterações do trânsito intestinal como diarreia ou obstipação, hemorragias com aparecimento de vómitos com sangue ou sangue nas fezes. A endoscopia pode ainda ser solicitada para esclarecer o aparecimento de alterações laboratoriais como anemia por perda de ferro, ou de alterações em exames de imagem (ecografias, TAC, ressonância magnética), quando existe uma história de cancro digestivo hereditário ou para vigilância periódica após excisão de pólipos ou de uma cirurgia por cancro digestivo.

Leia Também: Médicos apontam importância de diagnóstico precoce do cancro digestivo

A Endoscopia Digestiva é um método eficaz na prevenção do Cancro Digestivo?

O cancro digestivo constitui uma das principais causas de morte em Portugal. No nosso país o cancro do estômago mantém uma expressão relevante sobretudo na região norte e o cancro do colón e reto é responsável pela morte diária de 9 a 10 pessoas. A taxa de cura destas neoplasias depende da fase (estadio) em que são detetadas. Numa fase inicial, estes tumores são na sua grande maioria curáveis, mas geralmente não causam quaisquer sintomas pelo que se torna fundamental a sua deteção numa fase precoce. O cancro do cólon e reto tem em mais de 90% dos casos origem em pequenos tumores benignos, os pólipos, que frequentemente não causam sintomas. A sua excisão através da colonoscopia impede o seu crescimento e transformação em cancro sendo um método eficaz para prevenção do cancro colo retal.

Como é efetuada a Endoscopia Digestiva?

Para realizar estes exames é previamente fornecida informação detalhada sobre o tipo de exame que vai ser realizado e sobre cuidados específicos, nomeadamente o tempo de jejum, a preparação do tubo digestivo que é necessário efectuar ou medicamentos que devem ser temporariamente suspensos. Na endoscopia digestiva alta (exame para examinar o esófago, o estômago e o duodeno) e na colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (exame para examinar e tratar as vias biliares e o pâncreas) o endoscópio é introduzido através da boca. O colonoscópio é introduzido através do ânus para visualizar todo o intestino grosso (colón e reto) e também a porção mais distal do intestino delgado. Na ultrassonografia endoscópica e na enteroscopia do intestino delgado os aparelhos podem ser introduzidos através da boca ou do ânus dependendo da indicação clínica. Geralmente e para maior conforto e segurança, a pessoa que está a ser submetida a estes exames está sedada. Para realização de cápsula endoscópica não é necessária sedação.

Quais as vantagens e benefícios da Endoscopia Digestiva?

A endoscopia digestiva permite o diagnóstico e o tratamento de múltiplas patologias como doença de refluxo gastresofágico, úlceras gástricas ou duodenais, tumores benignos e malignos do tubo digestivo e das vias biliares e pâncreas e remoção de cálculos das vias biliares. Tem um papel fundamental na prevenção e deteção do cancro digestivo em fases precoces e potencialmente curáveis, tendo a capacidade de remover as lesões sem recurso a cirurgia. Podem ser colocadas próteses através de endoscopia, em caso de tumores obstrutivos, para permitir a passagem de alimentos no esófago, por exemplo, ou a passagem das fezes através do intestino grosso. Em situações de urgência podem ser removidos corpos estranhos do tubo digestivo (espinhas, ossos, pilhas, entre outros) ou controladas hemorragias digestivas com recurso a injeção de fármacos ou colocação de elásticos ou clips metálicos nos vasos sanguíneos sangrantes. Torna-se possível tratar rapidamente o doente evitando a cirurgia.

Existem complicações da Endoscopia Digestiva?

Como para qualquer exame ou tratamento, a endoscopia digestiva apesar de ser um exame muito seguro não é isenta de risco. No entanto, a ocorrência de complicações é muito rara e ocorre sobretudo se for necessário remover pólipos gástricos ou intestinais muito volumosos ou durante tratamentos muito específicos das vias biliares ou do pâncreas. Na grande maioria das vezes estas complicações, como a ocorrência de hemorragia ou de perfuração intestinal, podem ser resolvidas durante a realização do exame com recurso a diversos tratamentos. Nalguns casos poderá ser necessário recorrer a cirurgia.

É seguro realizar Endoscopia Digestiva em tempos de pandemia Covid-19?

As Sociedades Médicas Científicas, a Ordem dos Médicos e a Direção Geral da Saúde emitiram recomendações precisas para a prática segura da Endoscopia Digestiva tanto para utentes como para profissionais de saúde.  As Unidades de Saúde já retomaram a atividade garantindo condições de segurança, pelo que a endoscopia digestiva não deve ser adiada por receio de desconfinamento e contágio, pois temem-se atrasos no diagnóstico de doenças graves, nomeadamente do cancro digestivo, impedindo o seu tratamento em fases precoces e potencialmente curáveis. Se existem sintomas ou se o seu médico solicitou exames endoscópicos deve realizá-los.

Leia Também: Seis sintomas indicadores de problemas digestivos graves (e de cancro)

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