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O mistério prevalece. Porque coronavírus continua a matar mais os homens?

É do conhecimento geral que a Covid-19 tende a afetar mais os idosos e quem sofre à priori de doenças crónicas. Contudo, há uma pergunta que está a intrigar os cientistas de todo o mundo desde o começo da pandemia: por que motivo os homens estão a morrer significativamente mais do que as mulheres?

O mistério prevalece. Porque coronavírus continua a matar mais os homens?
Notícias ao Minuto

13:10 - 09/04/20 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle Covid-19 prefere os homens

Inicialmente a tendência 'sexista' do novo coronavírus foi observada na China, país onde o surto começou. No entanto, depois começou também a ser notória em países como a França, Alemanha, Irão, Itália, Coreia do Sul e Espanha, conforme avança uma reportagem realizada pela BBC.

Apesar de vários estudos já terem sido realizados desde o começo da pandemia para desvendar este mistério, a verdade é que a comunidade científica ainda não está certa porque tal acontece. 

Contudo, e segundo a BBC, a maioria dos investigadores crê que tal pode dever-se não apenas a um único fator mas há combinação de vários elementos que tornam as mulheres mais imunes à Covid-19 e que incluem biologia, estilo de vida e comportamento. 

A problemática do estilo de vida

Na China estudos preliminares revelaram visivelmente que os homens não só corriam um maior risco de serem infetados assim como de morrer vítimas do novo coronavírus

Um estudo que envolveu 99 pacientes em um hospital na cidade de Wuhan, local onde a pandemia teve origem, apurou que dois terços dos doentes eram homens e mais de metade desses indivíduos hospitalizados tinham patologias crónicas como cardiopatias ou diabetes.

Dados mais recentes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças chinês, baseados em dezenas de milhares de casos, revelaram que 64% dos mortos por Covid-19 são homens.

A causa mais provável teria a ver, então, com o estilo de vida. Ao redor do mundo, homens tendem a beber e a fumar mais do que as mulheres e, portanto, ficam mais suscetíveis a desenvolver doenças pulmonares e cardiopatias, o que os fragiliza caso fiquem infetados com o Sars-coV-2. 

E a verdade é que os números fundamentavam essa inferência: 48% dos homens chineses com mais de 15 anos fuma, comparativamente a só 2% das mulheres, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um estudo com 1.099 pacientes na China com Covid-19, publicado na revista científica New England Journal of Medicine, revelou que 26% daqueles que necessitavam de cuidados intensivos ou acabavam por morrer eram fumadores. 

Adicionalmente, destaca-se o fator comportamental. Pesquisas sugerem que os homens lavam menos as mãos do que as mulheres, tendem a usar menos sabão, assim como não vão tantas vezes ao médico e ignoram os alertas das autoridades de saúde.

Na Coreia do Sul, por exemplo, embora mulheres sejam 61% dos casos confirmados, 54% dos mortos são homens.

Já em Itália, sete em cada dez óbitos por Covid-19 são de pacientes do sexo masculino, embora 28% dos homens e 19% das mulheres fumem.

E em Espanha, o número de homens mortos é o dobro do das mulheres.

Diferenças biológicas

Por outro lado, estudos já mostraram que as mulheres geralmente têm sistemas imunológicos mais fortes do que os homens e, portanto, driblam infeções com mais facilidade.

"Sabemos cada vez mais que há diferenças de género substanciais na resposta imune para uma gama de infecções e, no geral, as mulheres reagem mais forte e agressivamente", diz à BBC Philip Goulder, professor de Imunologia na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

De acordo com estudo recente publicado na revista científica Human Genomics, o cromossoma X contém um grande número de genes relacionados à imunidade e, como as mulheres têm dois (os homens só tem um), o seu organismo está melhor preparado para combater doenças. 

Pesquisas também descobriram que o estrogénio, hormona sexual muito mais prevalecente nas mulheres, protegeu fêmeas de camundongos infetadas pelo vírus da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), causada por outro tipo de coronavírus e responsável por um surto em 2003.

Todavia, apesar das evidências cada vez maiores, os cientistas concordam que são necessários mais dados para discernir o motivo pelo qual morrem mais homens do que mulheres com Covid-19. 

Recentemente, o Global Health 50/50, um instituto de pesquisa ligado à Universidade College London, no Reino Unido, analisou os dados públicos disponíveis de 20 países com o maior número de casos confirmados de coronavírus até ao dia 20 de março. Desses 20 países, apenas seis tinham dados por género tanto para casos confirmados quanto para mortes - China, França, Alemanha, Itália, Irão e Coreia do Sul. Outros sete somente para o número de casos confirmados.

"Quando observamos os dados desses países, a taxa de mortalidade dos homens por Covid-19 pode superar a das mulheres em um patamar que varia de 10% a 90%", relata Sarah Hawkes, professora de saúde pública global na Universidade College London (UCL), no Reino Unido, à CNN.

Especialistas acreditam que, se mais países tivessem informações mais detalhadas por género, os governos poderiam basear-se nesses dados para formular políticas públicas de combate ao novo coronavírus.

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