Tempos de cólera. Saiba mais sobre a doença que ameaça Moçambique
Após o ciclone Idai que assolou o país africano, já foram detetados vários casos de cólera entre a população.
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O governo moçambicano confirmou esta quarta-feira, dia 26, um surto de cólera na Beira, uma das regiões mais afetadas pela passagem do ciclone Idai, adianta a Reuters. As autoridades de saúde revelaram que estão confirmados cinco casos de cólera.
A cólera é uma forma de diarreia infeciosa aguda que, se não for tratada, pode causar a morte em poucas horas.
Trata-se de uma infeção do intestino delgado causada por uma bactéria (Vibrio cholerae).
Esta bactéria é capaz de produzir uma toxina que estimula o intestino delgado a segregar grandes quantidades de um líquido rico em sais e minerais, causando diarreias muito graves, conforme os dados divulgados no site da rede de hospitais CUF.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que, em cada ano, ocorram 3 a 5 milhões de casos de cólera, causando entre 100 mil a 120 mil mortes.
A cólera transmite-se através da ingestão de água, mariscos ou outros alimentos contaminados pelos excrementos de pessoas infetadas. Esta doença surge, habitualmente, em determinadas zonas da Ásia, Médio Oriente, África e América Latina, ocorrendo os surtos nos meses de calor. A incidência é mais elevada entre as crianças.
Quais as causas da cólera?
Trata-se de uma infeção do intestino delgado causada pela bactéria Vibrio cholerae ou por outras espécies da mesma bactéria. Como as bactérias são sensíveis ao ácido clorídrico do estômago, as pessoas com deficiência deste ácido são mais suscetíveis à doença.
Aqueles que vivem em zonas onde a cólera é frequente tendem a desenvolver gradualmente uma proteção (imunidade) natural contra a infeção.
Como se manifesta a cólera?
Segundo a CUF, em cerca de 75% a 80% dos casos não ocorrem quaisquer sintomas, embora a bactéria esteja presente nas fezes durante 7 a 14 dias após a infeção. Por esse facto, estas pessoas infetadas e sem sintomas podem ser uma fonte de contágio para outros.
Nos restantes casos, ocorre uma diarreia aquosa aguda e muito intensa que pode causar um quadro grave de desidratação. Esta, sem tratamento, pode ser fatal. Os sintomas de cólera iniciam-se, em média, um a três dias após a infeção.
A diarreia é habitualmente súbita, indolor e aquosa e pode acompanhar-se de vómitos.
Nos casos mais graves, as perdas de líquidos podem ser de um litro por hora, embora como regra a quantidade perdida seja muito menor.
Em casos mais acentuados, a grande diminuição de água e sal provoca uma desidratação acentuada, com sede intensa, cãibras musculares, debilidade e uma produção mínima de urina.
A perda de líquidos nos tecidos causa um quadro com olhos muito encovados e com a pele das extremidades muito enrugada.
Se este quadro não for tratado, os graves desequilíbrios no volume sanguíneo e a maior concentração de sais podem conduzir a insuficiência renal, choque e coma.
Como se trata a cólera?
Cerca de 80% dos casos de cólera podem ser tratados de modo eficaz recorrendo apenas à reidratação oral. Nos doentes gravemente desidratados que não podem beber, recorre-se à administração de líquidos por via endovenosa.
O tratamento precoce com tetraciclina ou outro antibiótico elimina as bactérias e costuma interromper a diarreia em 48 horas.
Se estas medidas forem rapidamente instituídas, a mortalidade é inferior a 1%. Caso contrário, esta pode ultrapassar os 50%.
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